Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
A agricultura brasileira está passando por uma transformação significativa, impulsionada pela adoção de práticas regenerativas e pelo uso crescente de bioinsumos. Essas iniciativas buscam equilibrar a produtividade agropecuária com a sustentabilidade, promovendo a regeneração dos solos e a redução das emissões de gases de efeito estufa. Esse movimento tem ganhado força com apoio de programas governamentais e pesquisas científicas que comprovam os benefícios dessas práticas.
Um dos principais marcos nessa transformação é o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), que tem como objetivo recuperar até 40 milhões de hectares de pastagens no Brasil, sem a necessidade de desmatamento. Essas práticas como plantio direto, rotação de culturas e o uso de bioinsumos são essenciais para o sucesso dessa iniciativa.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o Brasil possui cerca de 180 milhões de hectares de pastagens, dos quais aproximadamente 50% estão degradados ou em processo de degradação. Isso demonstra a urgência de programas como o PNCPD, que, ao recuperar essas áreas, podem aumentar significativamente a produtividade agropecuária sem expandir a fronteira agrícola.
Entre as soluções apresentadas, os bioinsumos, como inoculantes e biofertilizantes, têm papel central na regeneração dos solos e na redução do uso de insumos químicos sintéticos. De acordo com dados da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), o mercado de bioinsumos no Brasil cresceu 37% em 2022, movimentando cerca de R$ 2,8 bilhões. Essa tendência demonstra o avanço do uso de biológicos, que ajudam a melhorar a saúde do solo e a diminuir as emissões de gases de efeito estufa.
Pesquisas conduzidas pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) em parceria com a Embrapa Solos indicam que a adoção de sistemas de manejo sustentável pode aumentar em até 20% a capacidade de retenção de carbono no solo. Essa prática não só melhora a fertilidade da terra, como também contribui para a mitigação das mudanças climáticas, uma vez que o solo regenerado se torna um importante reservatório de carbono.
📲 Participe dos canais VTV News no WhatsAppAlém disso, o PNCPD tem uma meta ambiciosa: converter 28 milhões de hectares em sistemas agrícolas de alta produtividade e outros 12 milhões para regeneração florestal. Esses sistemas regenerativos, aliados a inovações tecnológicas e científicas, como o uso de bioinsumos e o monitoramento remoto por satélites, já apresentam resultados promissores em várias regiões do país. Por exemplo, pesquisas da Universidade Federal de Lavras (UFLA) mostram que fazendas que adotaram práticas regenerativas aumentaram em 30% a produtividade, ao mesmo tempo em que reduziram em 40% o uso de fertilizantes sintéticos.
O Brasil, com suas vastas áreas agricultáveis e biodiversidade única, tem um enorme potencial para liderar o movimento de agricultura regenerativa. A crescente demanda internacional por produtos sustentáveis, especialmente da União Europeia, coloca o país em uma posição estratégica no cenário global. Nesse contexto, os bioinsumos tornam-se uma ferramenta indispensável para atender a essas exigências e garantir que a produção agropecuária brasileira continue sendo competitiva no mercado global.
Contudo, os desafios não são poucos. A adoção em larga escala de práticas regenerativas requer um esforço coordenado entre agricultores, pesquisadores e o governo. O acesso ao crédito para a compra de bioinsumos, por exemplo, ainda é uma barreira que precisa ser superada. Além disso, é necessário um maior investimento em capacitação técnica, para que os produtores possam implementar essas práticas de forma eficaz.
Em resumo, o futuro da agricultura no Brasil passa pela adoção de práticas regenerativas que aliam produtividade e sustentabilidade. O país, com suas vastas terras e posição estratégica no mercado global, tem a oportunidade de se tornar um protagonista mundial na produção agropecuária sustentável, utilizando a ciência e os bioinsumos para garantir um uso mais eficiente e responsável de seus recursos naturais.