O processo que investiga o assassinato de Igor Peretto, morto com 40 facadas em Praia Grande, no litoral de São Paulo, trouxe à tona um processo em que a vítima e Mario Vitorino, amigo e réu confesso do crime, são investigados pelos crimes de lavagem de dinheiro, fraudes eletrônicas e organização criminosa.
Eles eram sócios de uma empresa de motos junto com o irmão de Igor, Maurício Peretto Júnior, que também é investigado no inquérito instaurado pela Polícia Civil. No entanto, o processo tramita em segredo de justiça e só pode ser acessado por advogados com procuração.
O Portal VTV News apurou que a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências dos irmãos Peretto (Igor e Maurício) e de Mario Vitorino, onde Igor foi assassinado em Praia Grande, além das empresas Theo Veículos, na mesma cidade, e Rei das Motos, em São Vicente.
Inclusive, a juiza do caso que corre na 4ª Vara Criminal de Santos aceitou o andamento das investigações em outubro deste ano.
O Ministério Público (MP) aponta que existe um conjunto robusto de elementos que indicam a participação dos investigados em uma possível organização criminosa. Bem como a relação entre as empresas dos irmãos Peretto, o aumento substancial do capital social de Theo Veículos e o padrão de vida incompatível com os rendimentos declarados.
As informações sobre eles serem investigados por lavagem de dinheiro estão no processo sobre a morte de Igor. O advogado de Mario Vitorino, Mário André Badures, enviou uma nota e disse que seu cliente não prestou depoimento sobre os fatos sobre o inquérito policial que apura eventual crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
“O que cabe mencionar é que ele (Mário Vitorino) não faz parte da empresa investigada e só teve seu nome ventilado nessa investigação após ter se tornado sócio de Igor Peretto”, disse Badures.
O advogado, inclusive, entrou com uma ação civil citando ameaças por parte de Maurício. No documento, o advogado cita o comportamento agressivo de Maurício e que ele é alvo de uma investigação. Veja abaixo os trechos:
Badures ainda comenta que o irmão de Igor Peretto possui vasta condição financeira.
Inclusive, o advogado anexou ao processo uma ameaça que teria recebido de outra pessoa com os seguintes dizeres: “Dr. contrate um segurança rsrs”.
Outra questão levantada é a imagem do filho do advogado, de cinco anos, exposto num grupo de WhatsApp vinculado a atuação profissional como “defensor de assassino”.
Nota de defesa dos irmãos Peretto
O advogado de defesa da família Peretto, Felipe Pires de Campos, informou que sequer as partes foram ouvidas, não havendo até o presente momento qualquer elemento indicativo de cometimento de crime.
“Não há sequer denúncia do MP sobre tal fato, muito menos definição de competência do Juízo da 4ª Vara Criminal de Santos. Pelo contrário, tanto as pessoas físicas, como as jurídicas, cumprem fielmente tudo o que a legislação exige, seja no âmbito municipal, estadual ou federal, recolhendo inclusive os tributos inerentes”, afirma Campos.
O defensor comentou que uma série de documentos e informações já foram anexadas ao referido procedimento, indicando a licitude das atividades do falecido Igor e do seu irmão.
“Nos surpreende agora é a utilização de tal fato para criar uma cortina de fumaça para tentar minimizar a trágica morte da vítima Igor”, disse o advogado.
Relembre o caso Igor Peretto
O comerciante Igor Peretto foi encontrado morto no dia 31 de agosto, no apartamento da irmã na Avenida Paris, em Praia Grande, vítima de 40 facadas. As investigações apontam para um triângulo amoroso como motivação para o crime.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, o crime foi resultado de um plano elaborado por seu cunhado, Mario Vitorino da Silva Neto, sua irmã, Marcelly Marlene Delfino Peretto, e sua esposa, Rafaela Costa da Silva. A polícia civil revelou que o trio mantinha um relacionamento amoroso a três, o que teria motivado o assassinato de Igor.
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O que diz a Polícia Civil e o MP?
A apuração da Polícia Civil contraria a versão que Marcelly apresenta em diversos pontos. Na descrição do inquérito, o Ministério Público aponta que ela, Mario e Rafaela estavam em um triângulo amoroso que resultou no assassinato brutal do comerciante Igor Peretto.
Segundo a Polícia Civil, Rafaela apagou muitos dados do seu aparelho celular antes de se apresentar.
De acordo com o Ministério Público (MP), o crime foi resultado de um plano elaborado por seu cunhado, Mario Vitorino da Silva Neto, sua irmã, Marcelly Marlene Delfino Peretto e sua esposa, Rafaela Costa da Silva.
Na noite do crime, os quatro envolvidos estiveram juntos em uma festa. Após a celebração, as duas mulheres foram ao apartamento de Marcelly, onde trocaram carícias. Em seguida, Igor e Mario também foram para o local, atraídos por mensagens de Rafaela.
Rafaela deixou o apartamento pouco antes da chegada dos dois homens. No interior do imóvel, uma discussão acalorada se iniciou, e Mario, com a ajuda de Marcelly, que presenciou toda a cena, desferiu diversos golpes de faca em Igor Peretto.
Em nenhum momento o relatório policial cita que Marcelly teria sido ameaçada, coagida ou que tenha confrontado os demais envolvidos.
Marcelly, embora negue qualquer participação no homicídio de seu irmão, saiu da cena do crime com as roupas manchadas de sangue e com as unhas quebradas.
Segundo o delegado responsável pelo caso, em tese não é compatível com a descrição de que teria ficado no quarto e não se envolvido, e que apenas teria visto o desfecho da situação.
Ele também aponta que as supostas contradições no depoimento põem em dúvida até que ponto estaria envolvida na ação que culminou no assassinato de Igor, e na omissão, não sendo descartada a possibilidade de que ela tenha golpeado o irmã