Os três policiais envolvidos em uma abordagem violenta, na qual uma dona de casa foi agredida com um soco no rosto em Campinas, foram identificados e afastados das ruas nesta segunda-feira (9).
De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública), todo e qualquer excesso cometido por policiais será penalizado em conformidade com a lei.
A vítima, de 48 anos, foi agredida pelos PMs no dia 21 de outubro, no bairro Jardim Santa Amália. Imagens de um circuito de segurança registraram o momento em que os três policiais abordaram a mulher e, em seguida, um deles desferiu um soco em seu rosto, fazendo-a cair no chão.
A mulher contou que o policial militar segurava algemas no momento do soco (veja o vídeo abaixo).
As imagens da câmera de segurança mostram que o homem levou a mão ao cinto e pegou um objeto antes de agredir a moradora.
De acordo com a polícia, a abordagem ocorreu após vizinhos da mulher acionarem a PM devido a uma discussão entre mãe e filha. Ainda segundo o boletim de ocorrência, a vítima, antes de ser agredida, teria xingado e tentado socar um dos agentes.
Relato da mulher que levou soco de PM
Em entrevista à equipe de reportagem do Portal VTV News, a vítima relatou que os vizinhos dela foram quem acionaram a polícia após ouvirem uma discussão dentro de casa.
Quando os agentes chegaram a mulher explicou que era uma briga familiar e não havia a necessidade de tantos policiais na porta da casa dela.
Mulher desmaiou ao levar soco de PM
“Um dos policiais chegou do meu lado e falou pra eu ficar quieta senão seria pior pra mim. Eu fiquei com medo dele e eles me deram voz de prisão. Eu questionei o motivo, mas os policiais não quiseram me falar e disseram que iriam quebrar a minha cara. Eu senti muito medo e comecei a falar mais alto para todos ouvirem, mas nesse momento ele me bateu”, contou a mulher que preferiu não ser identificada.
A dona de casa que ficou com um ferimento no olho, relatou ainda que após levar o soco, o PM a derrubou no chão e ela já não conseguia enxergar direito.
“Eu apaguei por alguns momentos”, disse a vítima.
“Ele disse que sabia onde eu morava”, diz a mulher sobre PM que a agrediu
A mulher que irá registrar um boletim de ocorrência referente ao acontecimento explicou que o registro policial da ocorrência é mentiroso e que em nenhum momento ela teria agredido ou ofendido os agentes.
Após a agressão ela foi algemada, colocada dentro da viatuara e levada para um Pronto-socorro São José, onde passou por exames e de lá foi levada para a delegacia.
Na delegacia, a vítima contou que ainda foi ameaçada pelo agente que disse que ela poderia ir à Corregedoria, Delegacia ou em qualquer lugar, que não teria problema, porque ele já sabia onde ela morava.
“Eu fico apavorada, se ouço algum barulho no quintal acho que é ele, eu não durmo”, relata mulher que levou soco de PM
Em entrevista ao VTV News, a vítima diz que não conseguiu mais dormir após o episódio de violência que sofreu.
Ela contou que está tomando medicamento controlado e que havia saído de casa até resolver denunciar a agressão.
“Eu não sou a mesma pessoa depois deste dia. Eu tenho que tomar remédios para dormir e estou em tratamento psiquiatrico”, contou em lágrimas.
Advogada de mulher que levou soco de PM busca por justiça
A advogada que representa a vítima, Thais Cremasco, cofundadora do coletivo mulheres pela justiça, explicou quais as medidas que serão tomadas e o motivo da vítima ter demorado tanto tempo para procurar ajuda.
“Nós sabemos que mulheres que sofrem qualquer tipo de violência, elas ficam muitas vezes paralisadas e com medo. Então é muito comum que elas não consigam denunciar logo depois que acontece. As mulheres precisam de um tempo para entender e tomar coragem de denunciar”, pontua Thais Cremasco.
A advogada reafirmou que será feito um boletim de ocorrência com a versão da dona de casa e com o que está evidente no circuito de segurança que mostram a agressão.
Posteriormente, ainda nesta terça-feira (10), será apresentada uma denúncia na Corregedoria da PM na capital São Paulo contra a conduta dos policiais.
Após a denúncia, será aberto um processo criminal para a apuração dos crimes e uma ação de indenização por danos morais.
“Daremos início a essa denúncia para que a Corregedoria cuide de punir as pessoas que ultrapassaram as condutas do que se é esperado de um Policial Militar”, declarou a advogada.