Campinas está há cinco meses seguidos com condições climáticas ideais para proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue. De 1º de janeiro até esta segunda-feira, 4 de março, a Secretaria de Saúde registrou 12.487 casos e uma morte pela doença.
Dados do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) mostram que desde 2 de outubro de 2023 os termômetros na cidade oscilaram com temperatura mínima igual ou superior a 19º C, limiar considerado favorável para o mosquito. Os dados são do sistema InfoDengue.
“Nesta época, com condições climáticas favoráveis para o Aedes, é muito importante que a população realize os cuidados com os criadouros e receba os agentes da saúde em suas casas. O esforço precisa continuar sendo de todos nesta luta contra o mosquito”, afirmou a diretora do Devisa, Andrea Von Zuben.
A temperatura ideal para desenvolvimento da larva do mosquito fica entre 25ºC e 30ºC. Além disso, o verão, que vai até 20 de março, é marcado por períodos chuvosos, o que favorece acúmulo de água para formação de criadouros em espaços sem cuidados adequados.
Nesta faixa de temperatura, a atividade da fêmea do Aedes aumenta e, portanto, mais pessoas estão sujeitas a serem picadas pelo mosquito eventualmente com o vírus. Nestas condições climáticas, o período das fases de desenvolvimento das larvas diminui, o que contribui mais para o risco da doença: a 18º C a fase de ovo até mosquito pode demorar aproximadamente 36 dias, e a 30ºC este tempo diminui para oito dias, em média.
Historicamente, 80% dos casos costumam ser registrados no período de março a maio, antes da temperatura diminuir em junho. Por isso, a população precisa redobrar cuidados e evitar acúmulo de água principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas. É importante, ainda, vedar a caixa d’água e manter fechados os vasos sanitários inutilizados.
Cuidados em assistência
Outro ponto mencionado por Andrea foi a necessidade da população observar a melhor forma de buscar assistência neste período de epidemia de dengue.
A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico sobre a causa do sintoma. Portanto, a Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação.
Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.
O que já foi feito e próximos mutirões
A Secretaria de Saúde de Campinas informa que desde dezembro de 2023 já colocou em prática uma série de medidas consideradas adicionais, sobre o plano regular de prevenção e combate à dengue, que inclusive começaram a ser copiadas por outros municípios brasileiros diante do contexto do aumento de casos da doença.
Neste ano, agentes de Saúde já visitaram 24,5 mil imóveis em cinco mutirões e ações de visitas às residências que antecederam estes trabalhos específicos para orientar a população e eliminar criadouros do mosquito transmissor da doença.
O plano inclui uma Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e um novo site para divulgar informações. Os mutirões começaram em 6 de janeiro, nas regiões com mais casos suspeitos e confirmados, e a programação com esta frequência está mantida pelo menos até o início de abril.
Estatísticas do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) mostram que 80% dos criadouros estão nas residências.
Comitê de prevenção
Desde 2015 a Prefeitura conta com um comitê de prevenção e controle de arboviroses, que em 2023 passou a se chamar Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses e Zoonoses. Ele reúne 14 secretarias: Governo; Saúde; Educação; Serviços Públicos; Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Gestão e Desenvolvimento de Pessoas; Administração; Comunicação; Trabalho e Renda; Esportes e Lazer; Cultura e Turismo; Habitação; Relações Institucionais, e Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos. Também participam Defesa Civil, Serviço 156, Rede Mário Gatti, Setec e Sanasa.
No comitê é discutida a situação epidemiológica da cidade e, com isso, são desencadeadas as ações intersetoriais e apoio para as ações da Secretaria de Saúde. Mais informações estão no site: https://dengue.campinas.sp.gov.br.