O menino, de 5 anos, que foi tomado à força pela mãe enquanto era levado pela avó paterna à escola em Santos, foi filmado a caminho de outra unidade escolar, de cidade e endereço não informado.
O menino foi levado no dia 23 de abril e, no dia seguinte, a Justiça expediu um mandado de busca e apreensão do menor. Na última terça-feira (28/05), a tipificação do crime foi alterada para sequestro e cárcere. A mudança na tipificação resultou no mandado de três prisões temporárias: da mãe, que segue foragida, e de duas tias paternas, que a ajudaram na ação e já foram detidas.
Em um dos vídeos, o menino diz que não quer ficar com o pai porque ele é chato. Na sequência, ele afirmou que gosta da avó paterna, mas que prefere ficar com a mãe.
Outra imagem mostra a mulher levando o menino uniformizado, com lancheira e mochila à escola. Nela, é possível ver ele parando em uma casa, pegando uma flor no jardim e entregando à mãe.
O pedido de alteração da tipificação foi apresentado pela Polícia Civil à Justiça com base nos desdobramentos da investigação. Antes, o caso era tratado como ‘subtração de incapaz’.
A advogada criminalista Mariana Oliveira, que representa a mãe entrou com uma expedição de contramandado de prisão temporária para anular a decisão da Justiça. Dessa forma, a mulher poderia se apresentar à polícia, sem ser presa, para prestar esclarecimentos sobre o caso.
Natália Bezan, advogada da família que representa a mãe, solicitou uma tutela de urgência para a modificação da guarda provisória hoje do pai e da avó paterna à mãe.
Para a advogada Mariana Oliveira, a mãe do menino não cometeu crime de sequestro, pois não está pedindo nada em troca à família paterna da criança. Além disso, não cometeu crime de cárcere privado, pois o filho está frequentando escola regularmente.
A preocupação da advogada é com o bem-estar do menino, pois, caso a mãe seja presa, ele [filho] acabará indo para um abrigo se não estiver em Santos. “É o pior cenário para a criança ver a mãe, com quem ele quer ficar junto, sendo presa e ir para um abrigo”.
Para Natália Bezan, a mãe teve a atitude de pegar o filho daquela forma ‘abrupta’ porque estava sendo proibida de vê-lo, devido a um desentendimento entre ela e o pai do menino, com quem não queria mais se relacionar.
Segundo a advogada, o pai, aproveitando-se de um acordo feito entre ele, a avó paterna e a mulher, entrou com um pedido de guarda provisória. Como o homem estava em posse da criança para que a cliente pudesse trabalhar à noite, ele foi beneficiado. Assim, Natália pediu para que a guarda fique com a mãe.
O pai do menino, Eduardo Cassiano, de 50 anos, tem outras filhas e as irmãs acreditam que ele não seria um bom pai para essas meninas.
Os homens que auxiliaram a fuga da mulher foram identificados como Erivan Francisco da Silva, de 41 anos, e Maxwell Vegner Martins Nunes, de 38. A delegada Natalia Santos Batista Marcelino, que presidiu o inquérito policial, avaliou que ambos tinham conhecimento de que ela subtrairia o filho “de maneira escusa [evasiva] e violenta”.
De acordo com as investigações, Maxwell foi o motorista contratado para levar a mulher até o filho e, logo depois, à cidade de destino escolhida por ela. Erivan, por sua vez, aparece no vídeo de camiseta azul. Segundo o pai da criança, Eduardo Cassiano, esse seria um ex-cunhado da mãe do menino.
O pai do menino, Eduardo Cassiano, de 50 anos, contou que ele e a avó da criança viveram um mês de angústia sem notícias do filho. O homem, inclusive, precisou ser afastado do trabalho como assistente de transporte rodoviário.
Eduardo disse acreditar que o menino não está indo para escola e praticando esportes, como costumava fazer quando estava em casa. “Eu juro que eu não sei o que ela pretende com isso. Vai viver foragida com uma criança de cinco anos? Tirou totalmente a criança da rotina”.
Ele afirmou ainda que não teve mais contato com a mulher desde o desaparecimento, mas acredita que ela não conseguiu sair do Estado de São Paulo por conta do mandado de busca e apreensão do menor, que foi expedido pela Justiça em 24 de abril.
O pai e a avó paterna estão com o menino há três anos. Eles obtiveram a guarda compartilhada provisória em 25 de janeiro após Eduardo entrar com a ação de regulamentação, com pedido de tutela antecipada, porque a mãe da criança havia ameaçado levar o filho para Aracaju (SE).
A mãe só tem autorização da Justiça para vê-lo com supervisão. Ela, inclusive, alega que resolveu tomar o filho à força após ser proibida de visitá-lo pelo pai e avó paterna do menino. Entretanto, Eduardo informou que a mulher podia ver o filho quando quisesse.
A mãe contou que pretendia devolver o menino ainda no dia 23 de abril, mas mudou de ideia e garantiu que vai ficar com a criança. A decisão foi tomada após o homem fazer ameaças à família, chamar a Polícia Civil e a Justiça. Ela se recusa a dizer onde está com o filho, mas afirmou que o menino está bem.
Isabela Meletti (Sob supervisão)