Muitos insistem em nos dizer, inclusive aquela voz que assopra ao pé do ouvido: “Ah, mas só isso? Não é o suficiente. Você não é uma boa mãe? Vai, aguenta mais um pouquinho!”.
Sim, eu sei que muitas vezes dá até um conforto no coração acreditar que é possível aguentar tudo pelos filhos, mas a verdade é que essa ideia é perigosa.
Ela nos faz acreditar que precisamos fazer sempre mais e melhor para sermos boas mães. Ela nos faz achar que temos que “dar conta” sozinhas – e que o que fazemos não é dar conta. Nos faz acreditar que somos as únicas responsáveis pelos nossos filhos, e nos faz afastar e invisibilizar parceiros que deveriam ser tão importantes quanto nós. Ela reforça a crença de que criar rede é terceirizar cuidado. E passamos a acreditar que somos realmente multitarefas (hello, carga mental!).
E mais: nos faz confundir amor com sacrifício.
Então, é mais do que urgente desconstruirmos essa história, porque os ombros de nenhuma mãe suportam o mundo. Nossos ombros estão cansados, nossos corpos estão doloridos, e nossa saúde mental está em colapso.
Veja, um distúrbio já conhecido, a Síndrome de Burnout, ligado à exaustão que resulta das condições e da sobrecarga de trabalho, já está sendo observado nas famílias!
Esse modelo exigente de parentalidade, que recai especialmente nas mulheres, está nos levando a um colapso real, o burnout parental.
Quando tarefas e expectativas excedem prolongadamente nossos recursos pessoais, não ficamos simplesmente cansadas. Nós entramos em burnout. Nos sentimos emocionalmente distantes dos nossos filhos, ficamos constantemente exaustas e com humor deprimido em relação a tudo o que envolve maternar.
A crença de que podemos suportar tudo nos prende num ciclo de insuficiência, frustração e auto exigência, que pode nos quebrar física e emocionalmente. Se tendemos ao perfeccionismo e buscamos atender exageradamente às expectativas sociais, então… ficamos ainda mais vulneráveis ao burnout.
Vamos estabelecer limites claros e levar nossas necessidades à sério? Vamos aos nossos filhos que o amor pode ser leve!
Os ombros maternos não suportam o mundo.