Em audiência pública realizada pela Comissão de Serviços de Infraestrutura no Senado, especialistas discutiram as novas regras globais para a descarbonização do transporte marítimo e os impactos que essas mudanças podem trazer ao Brasil.
O evento, que contou com a participação de importantes nomes do setor, destacou a necessidade de o país se alinhar às diretrizes da Organização Marítima Internacional (IMO), que busca reduzir as emissões de carbono em escala global.
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O transporte marítimo é vital para o comércio exterior brasileiro, sendo responsável por 95% das exportações e importações do país.
As novas regras estabelecidas pela IMO, que devem entrar em vigor em 2025, exigem a adoção de combustíveis mais limpos, como o hidrogênio verde, além de melhorias na eficiência energética das embarcações.
Brasil em foco: adaptação e desafios
Mauro Sammarco, Presidente do Conselho Administrativo do Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI), destacou que o Brasil enfrenta grandes desafios para cumprir essas metas.
Entre eles, o desenvolvimento de novas matrizes energéticas e a criação de infraestrutura nos portos para receber e operar navios movidos a combustíveis alternativos.
Além disso, será necessário o treinamento especializado das tripulações, uma vez que a transição para tecnologias mais limpas demanda conhecimento técnico avançado.
“Precisamos de políticas públicas e investimentos que incentivem a adoção dessas novas tecnologias, caso contrário, ficaremos para trás no comércio global. A transição não é simples, mas é essencial para o futuro do transporte marítimo e para a competitividade do Brasil no cenário internacional,” afirmou Sammarco.
Para o Senador Esperidião Amin, presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura, o alinhamento do Brasil às regras globais é essencial não apenas para manter a competitividade no comércio marítimo, mas também para garantir que o país esteja na linha de frente da transição energética.
“Se o Brasil não se adaptar a essas novas exigências, corremos o risco de sofrer restrições comerciais, o que teria impactos severos na exportação de commodities e, consequentemente, na economia nacional,” afirmou Amin.
Oportunidades no horizonte: hidrogênio verde e inovação
A audiência também abordou o potencial do Brasil como fornecedor global de hidrogênio verde. Segundo Jesualdo Silva, Diretor-Presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), o país tem uma oportunidade única de se destacar no mercado internacional de combustíveis limpos, posicionando-se como um líder na transição energética.
“A transição para navios ‘verdes’ é uma realidade que o Brasil não pode ignorar. Com o apoio de políticas públicas adequadas, poderemos não apenas atender às exigências internacionais, mas também aproveitar essa mudança para impulsionar nossa economia,” afirmou Jesualdo.
A expectativa é que, até 2025, o Brasil defina como irá cumprir as metas de descarbonização e, ao mesmo tempo, aproveite as oportunidades de crescimento econômico por meio da inovação tecnológica no setor de transporte marítimo.