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O mundo existe para você, bebê

A infância é uma das partes mais importantes da vida

De que servem os braços se não para abraçá-lo com a toalha quente depois do banho, e lhe acolher após um susto ou uma queda? De que servem os braços se não para niná-lo, acalentá-lo nos momentos difíceis e carregá-lo para sempre – até quando não couber mais em meu colo?

De que servem as cantigas, se não para cantá-las mil vezes, em cem versões diferentes enquanto o faço dormir? De que servem, se não para afastar sonhos ruins e inventar versões malucas para fazê-lo rir? De que servem as cantigas, se não foram feitas para você?

De que servem as pernas, se não para caminhar quilômetros e garantir sonecas, para agachar e explicar pela centésima vez que aquilo é perigoso? De que servem as pernas, se não para correr atrás de bebê fujão? De que servem, se não puder sentar e olhar o mundo com você ali do chão?

De que servem as palavras, se não puder lhe contar histórias antigas dos que vieram antes de nós? Se não puder contar as novas que criaremos juntos? De que servem, se não para ajudá-lo a traduzir sentimentos, para fazer vozes melosas e chamá-lo por apelidos bobos e fofinhos? De que servem, se não para me desculpar quando eu falhar?

De que servem os ouvidos, se não para escutar seu choro, sua gargalhada, seus resmungos de madrugada e o barulhinho que faz para engolir? De que servem os ouvidos, se não puder escutá-lo balbuciar, inventar uma língua própria e aprender a nossa? De que servem se não para escutá-lo me chamar de “mamain”?

De que servem os manuais se não para consultá-los e esquecê-los? De que servem, se não pudermos escrevê-los juntos, brincar, rabiscá-los e lê-los de trás para frente e de ponta cabeça? De que servem os manuais se não pudermos brincar com eles, sujar as páginas com as mãos meladas, e se não pudermos rasgá-los?

De que servem as preces e orações, se não para pedir que você seja guiado, protegido e guardado? De que servem se não para pedir um anjo, dois, três, nas noites de febre? Se não para sarar dodói, tirar quebranto e afastar qualquer maldade em seu caminho?

De que servem as mãos se não puder acarinhá-lo? Se não para passar os dedos entre os cabelos emaranhados e para apertá-lo com amor? De que servem, se não para apontar o céu, os bichinhos e ensiná-lo a dar tchauzinho? De que servem as mãos, se não para limpar boca suja de feijão, remela de manhã e assoar catota? De que servem, se não para aplaudir cada passo e aprendizado seu?

Amor, desde que você chegou, cada canto, gesto e pensamento só têm razão por você. Eu sei que um dia, talvez quase sem perceber, a vida será minha de novo, e poderei encontrar outros sentidos. Mas hoje, agora, de que serve o mundo inteiro, se não tiver o meu bebê?

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Autor

  • Camila Ramos

    Camila Ramos é psicóloga especialista em Saúde Mental, Parentalidade e Perinatalidade. É autora do livro ‘Desmanual Materno - palavras de uma psicóloga para maternidades possíveis’, e criadora do projeto 'Um colo para mãe', no qual atende mães e crianças e produz conteúdo no Instagram @um.colo.para.mae

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