Emocionante, inesperado e “muito, muito louco”. Foi assim que Paulo Felipe Nunes, de 27 anos, descreveu a mobilização da equipe da Estação de Guarda-Vidas (EBGV) de Peruíbe, após a esposa, Camila da Silva Passos, de 26 anos, entrar em trabalho de parto dentro de um carro de aplicativo, no domingo (17).
Conforme a apuração da VTV News, o homem, que estava trabalhando, decidiu levar a esposa ao hospital após ela relatar contrações durante o intervalo de almoço no quiosque onde trabalha. No entanto, o bebê parecia ter pressa. “Assim que o carro chegou, a bolsa dela estourou. Coloquei ela deitada no banco traseiro, e, no caminho, ela disse que o bebê estava nascendo”, conta Paulo.
Sem experiência e guiado apenas pela intuição e fé, como considera, Paulo ajudou no parto. “Vi a cabeça do bebê saindo, segurei com uma mão e pedi que ela fizesse força. Percebi que o cordão umbilical estava enrolado no pescoço dele e consegui desenrolar antes que ele nascesse por completo”, relembra.
Dois minutos depois, o casal chegou à estação do grupamento marítimo, no Centro. Lá, o 1º Sargento PM, Edson, e os cabos PM Fellipe e Garbuio, além do soldado PM Guilhem, mesmo próximos ao fim do expediente, assumiram o controle. A equipe realizou os procedimentos necessários, posicionando o bebê ao mesmo nível da mãe para garantir a circulação do cordão umbilical e prestando os primeiros cuidados.
“Tudo muito rápido”
De acordo com o militar Edson, ao chegarem ao local, o bebê estava deitado sobre o abdômen da mãe, ligado pelo cordão umbilical e apresentava sinais de falta de ar, com uma coloração arroxeada. “Era visível a dificuldade respiratória, algo comum em recém-nascidos devido à obstrução nasal ao nascer”, explicou. Sem hesitar, a equipe acionou o protocolo de emergência, utilizando o ‘kit parto’ disponível na unidade.
Com agilidade e precisão, ainda no carro, os guarda-vidas realizaram a sucção das vias respiratórias do bebê usando uma bomba em formato de pêra para desobstrução nasal. O procedimento levou cerca de cinco minutos, e o entrosamento da equipe foi essencial para o sucesso da operação. “Embora eu nunca tivesse feito isso fora de um ambiente hospitalar, já tinha experiência com partos, e a equipe também estava preparada”, relatou Edson, destacando a tranquilidade e a confiança do grupo.
O sargento também ressaltou a relevância do trabalho dos guarda-vidas em emergências que vão além do resgate aquático. “Muitas pessoas não sabem, mas também atuamos em situações clínicas. Foi um momento lindo e gratificante”.
Atendimento médico
Amparados pela equipe dos guarda-vidas, pai, mãe e filho foram então levados na viatura até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itanhaém, onde ficaram aos cuidados dos médicos. Depois, seguiram para o Hospital Regional de Peruíbe, onde continuam se recuperando bem.
Ainda emocionado, Paulo destacou a importância do apoio recebido e sua gratidão.
“Foi Deus que colocou a mão ali e me orientou, porque eu não tenho experiência nenhuma. No GBMar, foram todos muito receptivos e acalmaram a mim e à minha esposa. Na UPA, também nos trataram com muito carinho. Hoje, nosso bebê está saudável, crescendo bem, e sou muito grato a todos que nos ajudaram.”
O hospital foi procurado pela VTV News para confirmar o estado de saúde do recém-nascido, mas não respondeu até o momento da publicação desta matéria.