Acidentes no ambiente de trabalho são mais frequentes do que imaginamos, principalmente na construção civil, onde o risco de quedas é constante, como o caso registrado nesta terça-feira (26), quando um homem, de 43 anos, morreu após sofrer um acidente de trabalho em uma obra no bairro Caiçara, em Praia Grande.
Somente em 2023, cerca de 3 mil acidentes fatais foram registrados, de acordo com o sistema eSocial do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Apesar de existirem normas reguladoras, como a NRTP5, que orienta práticas seguras para atividades em altura, muitos incidentes ainda ocorrem por negligência ou falhas no cumprimento dos protocolos.
Para a VTV, emissora afiliada do SBT em Campinas e na Baixada Santista, o engenheiro especialista em segurança do trabalho, Leonardo Fernandes, explicou os principais pontos que envolvem a prevenção de acidentes e o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Uso adequado de EPIs
Uma queda do sexto andar tem alto potencial de ser fatal, mas Leonardo destaca que, mesmo em alturas de dois metros, o risco de óbito é real. Ele explica que o uso adequado de ancoragem e EPIs, como o cinto de segurança, poderia evitar tragédias.
“Se o trabalhador tivesse conectado o cinto à plataforma, ele ficaria pendurado e daria tempo para ser resgatado. Porém, pelos relatos preliminares, a ancoragem não foi feita corretamente, o que resultou no acidente”, aponta.
A ancoragem é essencial em atividades realizadas em altura. Trata-se de um sistema de ‘balanceamento’ que impede quedas livres, garantindo que o trabalhador permaneça seguro, mesmo em caso de rompimento de estruturas.
Os cuidados devem ser tomados
Antes de iniciar qualquer atividade, é obrigatório realizar o Diálogo Diário de Segurança (DDS), momento em que os responsáveis revisam os EPIs necessários, orientam sobre os riscos e verificam a correta conexão dos equipamentos.
“Esse passo é essencial, mas muitas vezes negligenciado, especialmente em obras menores”, alerta Leonardo.
Outro ponto levantado pelo engenheiro é a perda da percepção de risco, algo comum entre trabalhadores experientes. “Com o tempo, as pessoas expostas a riscos como trabalho em altura começam a negligenciar as normas, achando que estão imunes. Isso é perigoso, pois os incidentes podem acontecer a qualquer momento”, afirma.
Ele reforça que, independentemente do tamanho da obra ou do tipo de reparo, é imprescindível utilizar EPIs adequados, desde simples óculos de proteção até cintos de segurança especializados.
‘Não dá para ignorar os riscos’
Os equipamentos variam de acordo com o tipo de atividade e a altura em que serão utilizados. Por exemplo, EPIs para trabalhos em alturas elevadas devem ser projetados para suportar cargas superiores ao peso do trabalhador, considerando uma margem de segurança.
“Quanto maior a altura, maior a energia potencial em caso de queda. Por isso, o equipamento precisa ser certificado e revisado regularmente”, explica Leonardo.
Além de cintos e ancoragens, outros EPIs essenciais incluem capacetes, botas com solado antiderrapante, luvas e óculos de proteção. Eles não apenas previnem quedas, mas também evitam acidentes com objetos em movimento, choques elétricos e exposição a partículas perigosas.
Empresas maiores costumam investir mais em equipamentos e treinamentos, mas Leonardo reforça que mesmo pequenos reparos domésticos, como o de eletricistas que lidam com alta tensão, também exigem cuidado. “Não dá para ignorar os riscos. Qualquer atividade que envolva perigo requer uma avaliação criteriosa e o uso de EPIs adequados”, conclui.