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Saguis resgatados recebem cuidado no Orquidário de Santos

Os pequenos, ao que tudo indica, são macho e fêmea, ambos da espécie Sagui do Tufo Branco

Fotos: Carlos Nogueira/Prefeitura de Santos

No hospital veterinário do Orquidário Municipal de Santos é possível conhecer casos de superação de animais que, se pudessem falar, contariam suas histórias com gratidão.

É o caso de uma dupla de saguis de apenas um mês de vida. Após o furto de um papagaio e três saguis do parque, todos encontrados e reintegrados ao local, também foram resgatados outros dois saguis e os dois filhotes. Eles se recuperaram sob os cuidados e proteção dos profissionais do Orquidário.

Foi no dia 15 de outubro, quando os filhotes foram encaminhados ao Orquidário amedrontados e sem a presença da mãe, que não foi localizada. Os pequenos, ao que tudo indica, são macho e fêmea, e da espécie Sagui do Tufo Branco, devido aos pelos claros em suas orelhinhas. Eles não eram habitantes do parque, mas os veterinários do equipamento não hesitaram em acolhê-los para receberem o tratamento adequado.

Quem se lembra de todos os detalhes com dor e, ao mesmo tempo, alívio pelo estado atual dos bichinhos, é a chefe da unidade veterinária do Orquidário, Paula Rocha. “Eles estavam com os outros saguis que foram roubados aqui do nosso plantel dentro de uma gaiola bem pequenininha. Lembro que os menores estavam embolados e sendo até pisoteados pelo tamanho do espaço e corpinho deles”, conta a profissional.

“Quando penso nesse momento, me sobe uma frustração como profissional, porque recebemos frequentemente animais machucados e maltratados, que foram colocados à venda. É um problema que gera uma preocupação muito grande”, diz.

A separação dos filhos da sua mãe é cruel, já que a espécie passa a maior parte do seu tempo em grupos familiares e depende da genitora para sobreviver. “Quando isso ocorre, além de não terem mais o direito de viver livremente, os saguis não conseguem aprender como caçar frutos e ser independentes. Agora, eles precisam ficar em cativeiro e não terão essa chance como os outros primatas, caso contrário, morreriam”.

E o cuidado é minucioso com os novos habitantes do parque: a cada hora, os saguis são alimentados com leite indicado para filhotes e suplementado com vitaminas. O cardápio se expande com frutas mais macias de mastigar para que, no futuro, os animais recebam uma alimentação com rações destinadas a primatas. A duplinha ainda tem tratamento VIP com uma gaiola de tamanho suficiente para brincar, caixinhas aconchegantes para a hora da soneca e uma rede confortável para relaxar. Em determinados momentos do dia, os saguis são soltos sob supervisão para se exercitar e explorar as dependências do hospital. 

Pesando apenas 100 gramas cada um, o casal de peludinhos também se aproveita do amor das equipes de veterinários e biólogos para conquistar afagos e abraços bem delicados. De acordo com Paula, eles a veem como uma mãe. Mas assim como todo filho, cada um tem a sua própria personalidade. “Estamos esperando eles crescerem mais um pouquinho para ter certeza, mas a suposta fêmea é quieta e superboazinha. Já quem acreditamos ser um macho é arteiro, curioso e ama vocalizar. O engraçado é que um segue o outro para qualquer lugar”, revelou a veterinária. 

E se há dúvidas da existência do carinho entre a profissional e os animais, basta observar apenas alguns minutos: os saguis adotaram o ombro e os braços de Paula como lugar favorito para descansar. Até não podemos entender o que eles dizem, mas o olhar tranquilo e a confiança que eles dão para a veterinária já expressam todo o carinho e gratidão que sentem. 

Já o futuro mais distante dos animais no Orquidário é incerto. “Tudo vai depender da recuperação deles. Sabemos que não podemos mais soltá-los na natureza por conta da retirada forçada do cuidado parental, mas queremos que eles tenham o máximo de conforto possível. Para isso, vamos avaliar se teremos espaço para acomodá-los ou se será necessário encaminhar para outro lugar já conhecido por nós, que ofereça o mesmo cuidado e carinho, para atendê-los depois de reabilitados”. 

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Até esse momento chegar, que deve levar anos, os saguis seguirão recebendo a assistência dos profissionais. Daqui a três ou quatro meses, quando estiverem mais desenvolvidos, eles estarão soltos para interagir com outros da mesma espécie no parque. Vale ressaltar que os animais abrigados recebem anilhas e microchips para a devida identificação.

O trabalho integrado dos guardas civis municipais de Santos, que atuam no Centro de Controle Operacional (CCO) e em patrulhamento preventivo nas ruas de Santos, levou à apreensão de dois menores suspeitos de furtar animais do Orquidário Municipal na madrugada de 13 de outubro. Na ação, foram subtraídos um papagaio-de-cara-roxa, um sagui-de-tufo-branco e dois saguis-da-serra-escuro.

Foto: Divulgação

Em 15 de outubro, o papagaio, que apresentava uma ferida em um dos olhos, foi recuperado e devolvido ao parque, seguido pela localização dos três saguis furtados e mais quatro saguis em posse dos infratores. Todos os animais foram levados ao Orquidário para avaliação veterinária.

Foto: Divulgação

Este foi o primeiro furto do tipo registrado no Orquidário, que agora conta com segurança reforçada. A população pode denunciar o paradeiro de animais furtados e crimes ambientais pelo telefone 153 (GCM).

Enquanto os dois filhotes estão em processo de recuperação e crescimento, o papagaio, também furtado na época, retornou ao recinto e está reabilitado, curado do ferimento no olho e longe de todo o estresse que passou. Os três saguis, que também sofreram na posse dos infratores, se recuperam do trauma e estão saudáveis. Já as outras duas saguis adultas que não habitavam o parque anteriormente, apesar de assustadas, estão se acostumando com a presença dos profissionais e aguardam para realizar castração e, assim, poderem interagir com os outros da espécie.

Foto: Raimundo Rosa/PMS

RELEMBRE O CASO

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O Orquidário de Santos recebe animais resgatados por órgãos competentes como a Guarda Civil Municipal (GCM), Polícia Ambiental e o Corpo de Bombeiros, que levam espécies silvestres nativas da região que estejam feridas e debilitadas para assistência. Dessa forma, os bichinhos são cuidados para que sejam reabilitados e, dependendo do caso, soltos. Atualmente, são 30 animais sendo atendidos pela equipe veterinária, sendo cinco saguis. 

O Parque fica localizado na Praça Washington, José Menino. Ele funciona de terça a domingo, das 9h às 18h. O valor do bilhete de entrada é de R$10 a inteira e de R$5 a meia para estudantes e professores, com a apresentação de documento. Crianças entre 8 e 12 anos também têm direito à meia-entrada. Maiores de 65 anos têm entrada gratuita.

Texto: Caterina Montone/Prefeitura de Santos

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