A Prefeitura de Guarujá notificou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para investigar possíveis vazamentos de esgoto na Praia da Enseada. A suspeita é que o despejo irregular esteja contaminando o mar, contribuindo para o aumento dos casos de virose na Baixada Santista desde dezembro.
A administração municipal coletou amostras da água, enviadas ao Instituto Adolfo Lutz, para determinar a relação entre a contaminação e os casos de gastroenterocolite aguda. A Sabesp, por sua vez, afirma monitorar o sistema e sugere que as chuvas fortes possam ter sobrecarregado a rede de esgoto devido à entrada irregular de água pluvial.
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O surto de virose tem causado superlotação em hospitais e sobrecarregado unidades de saúde em diversas cidades da região. Farmácias consultadas pela reportagem relatam dificuldade em atender à demanda por medicamentos usados no controle dos sintomas, como analgésicos e antitérmicos.
Os principais sintomas incluem diarreia, vômitos, cólicas e febre, com duração de até uma semana. Autoridades de saúde alertam para os riscos de desidratação, especialmente em crianças e idosos, e reforçam a necessidade de cuidados com a higiene e o consumo de água potável.
Viroses na Baixada Santista
Cidades como Guarujá e Santos lideram o número de atendimentos relacionados às viroses. Veja abaixo a lista com os dados de casos por município:
- Bertioga: 300 casos no Hospital Municipal.
- Cubatão: 184 atendimentos em janeiro (dados de dezembro não divulgados).
- Guarujá: 2.064 atendimentos em dezembro (1.457 em novembro).
- Itanhaém: 790 casos registrados.
- Mongaguá: Aumento de 10% no Pronto-Socorro Central e 15% no hospital.
- Peruíbe: Sem aumento significativo, segundo a prefeitura.
- Praia Grande: Não há surto, mas atendimentos estão em alta.
- Santos: 2.264 casos em dezembro e 273 nos primeiros dias de janeiro.
- São Vicente: 1.754 casos em dezembro (1.657 em novembro).
Para lidar com a situação, Guarujá ampliou o horário de funcionamento de unidades básicas e reforçou as equipes médicas em locais de maior demanda. As prefeituras também destacaram a necessidade de melhorias no saneamento e maior fiscalização para evitar despejos irregulares.
Apesar do surto, o litoral paulista segue atraindo turistas. Somente entre sexta-feira (3) e sábado (4), mais de 123 mil veículos desceram a serra rumo às praias, segundo a Ecovias.
Moradores reclamam de esgoto a céu aberto em Itanhaém, SP
Em Itanhaém, cidade com 790 casos registrados até a última atualização, moradores denunciaram a existência de um esgoto a céu aberto que se estende pela Avenida Mário Covas Júnior, do Cibratel até a Praia do Gaivota. A situação, relatada ao VTV News na última quinta (2), teria causado mau cheiro e prejudicado a saúde de animais na região. O odor, segundo relatos, pôde ser sentido a três quarteirões da orla.
O vazamento, que teria começado em 27 de dezembro, motivou moradores a acionarem a Prefeitura de Itanhaém. A analista Bianca Oliveira, de 25 anos, moradora do Condomínio Marambaia, criticou a situação. “Em pleno 2025, é inaceitável que a segunda cidade mais antiga do Brasil ainda enfrente esgoto a céu aberto, prejudicando o meio ambiente, a saúde pública e o turismo”, afirmou.
A administração municipal confirmou que abriu um procedimento administrativo contra a Sabesp, responsável pelo sistema de saneamento. A Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente informou aplicar uma nova autuação, com multa, e que técnicos avaliaram os impactos ambientais na região na sexta-feira (3). O valor da penalidade será definido com base nos danos causados.
Além disso, a prefeitura cobra a Sabesp para substituir toda a rede coletora de esgoto no trecho entre o Cibratel e o Gaivota. Em nota, a Sabesp informou que já realizou a manutenção necessária, regularizando o sistema no local. A empresa afirmou ainda que as fortes chuvas da noite anterior sobrecarregaram a rede devido a contribuições irregulares de água pluvial.
O que são viroses? Especialista explica
Virose é um termo usado para descrever infecções causadas por vírus, abrangendo doenças gastrointestinais e respiratórias. Segundo o infectologista Dr. Ricardo Bonifácio, elas incluem condições como resfriados, pneumonias, diarreia e vômitos. O termo se popularizou por englobar várias infecções virais de maneira simplificada.
A transmissão ocorre principalmente por contato com pessoas infectadas, especialmente por gotículas respiratórias. Também pode acontecer por meio do ambiente, em locais com aglomeração. O período de incubação é curto, geralmente entre 12 e 24 horas, favorecendo a rápida disseminação.
Os sintomas variam conforme o tipo de vírus. Vírus como rotavírus e norovírus, por exemplo, causam náuseas, vômitos e diarreia ao afetarem o sistema gastrointestinal. A febre, por sua vez, é uma resposta comum do organismo a infecções virais de diferentes tipos.
As viroses são mais frequentes em períodos de calor e maior interação social, como no verão. Fatores como aglomerações em praias ou eventos facilitam a transmissão. Locais turísticos, como o litoral paulista, se tornam pontos de rápida disseminação viral nessas condições. (Confira mais dicas abaixo)
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