A Justiça de Santos rejeitou o pedido de sigilo formulado pela defesa de Thiago Arruda Campos Rosa, de 32 anos, no caso em que ele atropelou e matou o cantor de pagode Adalto Mello, de 39. De acordo com a decisão obtida pela VTV, afiliada do SBT, o juiz considerou que não havia justificativa suficiente para a medida, pois não havia elementos que apresentassem risco à segurança do réu.
O incidente ocorreu na Avenida Tupiniquins, no bairro Japuí, em São Vicente, onde Adalto pilotava sua motocicleta e foi atingido por trás por um carro conduzido por Thiago. A vítima foi arremessada com a colisão e, apesar dos esforços de reanimação realizados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local.
A defesa de Thiago, representada pelo advogado Mario Badures, havia solicitado o sigilo dos autos no dia 31 de dezembro, alegando que a medida evitaria prejuízos a todos os envolvidos na investigação. No entanto, o promotor de Justiça Carlos Eduardo Viana Cavalcanti se manifestou contra o pedido, argumentando que não havia elementos concretos que justificassem o sigilo.
O juiz Eduardo Hipólito Haddad, responsável pela decisão, destacou a importância da atuação da imprensa, que exerce um papel relevante tanto na disseminação de informações quanto na vigilância da transparência das instituições. Em sua análise, não havia abuso na cobertura do caso pela mídia, e a publicidade dos atos não representaria risco à segurança de Thiago.

Bancário estava em ‘resenha’ antes do crime e apresentava 20,5 vezes o limite permitido de álcool no organismo
Horas antes do crime, Thiago compartilhou em suas redes sociais um vídeo de uma confraternização de fim de ano. Na publicação, ele aparece com amigos em uma cobertura com piscina, onde teria consumido álcool, conforme confirmado pelo teste de bafômetro realizado posteriormente.
O teste resultou em um nível de álcool de 0,82 mg/l, mais de 20 vezes superior ao limite permitido pela legislação, que é de 0,04 mg/l. Isso configurou uma infração grave, já que qualquer valor superior a 0,34 mg/l implica em processo criminal por dirigir sob efeito de álcool.
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a penalização por dirigir embriagado inclui uma multa, suspensão ou até cassação da CNH, além de pena de prisão, que pode variar de seis meses a três anos, dependendo da gravidade do acidente. A situação de embriaguez de Thiago foi claramente observada pelas autoridades, que relataram sinais como fala pastosa, olhos avermelhados e andar cambaleante.
Durante os primeiros atendimentos, Thiago assumiu ser o condutor do veículo, mas alegou que a motocicleta de Adalto apareceu repentinamente à sua frente, sem tempo suficiente para desviar ou frear. No entanto, a versão apresentada pelo réu foi questionada, visto que imagens de câmeras de monitoramento mostram o momento exato do acidente, com Thiago ultrapassando outro carro antes de colidir com a vítima.
Cantor Adalto Mello morre atropelado; relembre o caso
Adalto Mello pilotava sua motocicleta quando foi atingido em alta velocidade por um carro modelo Kia Sportage, por volta das 2h38, conforme a Secretaria de Segurança Pública (SSP). O motorista do veículo ultrapassou outro carro que estava atrás da moto e colidiu violentamente com o cantor, conforme imagens obtidas pelo VTV News.
Apesar de ter sido socorrido pelo Samu, Adalto não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar atenderam a ocorrência, enquanto a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) implementou temporariamente a operação “Pare e Siga” para auxiliar no trânsito e coletar informações sobre o acidente.
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O caso foi inicialmente registrado como homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. No entanto, após a investigação, a natureza do crime foi alterada para homicídio doloso com dolo eventual, uma vez que Thiago assumiu o risco de matar ao dirigir embriagado. Essa mudança de qualificação legal elevou a gravidade da acusação.
Após a prisão em flagrante, Thiago foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Praia Grande, onde permaneceu à disposição da Justiça. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) converteu a prisão para preventiva durante a audiência de custódia, enquanto o processo segue seu curso no sistema judiciário.
Quem era o cantor de pagode Adalto Mello, que morreu atropelado em São Vicente?
Cantor e compositor, Mello se apresentava em festas, casamentos, bares e eventos corporativos em São Paulo. Era a voz do grupo ‘Pagode do Adalto’, famoso na Baixada Santista com músicas de pagode e samba.
Adalto, que chegou a participar do programa ‘VTV da Gente’ da VTV, afiliada do SBT, no ano de 2018, tinha mais de 20 anos de experiência na música, pois começou antes de completar 18 anos em meados de 2000.
“Desde quando me entendo por gente, desde criança, eu já toco pagode e samba. Meu pai e minha mãe sempre curtiram música. Meu pai era de escola de Samba de Santos. Meu primo tocava em grupo de pagode”, disse o cantor em entrevista à VTV/SBT.
Nas redes sociais, Adalto compartilhava momentos de trabalho e lazer ao lado da família. Sua última postagem, feita seis dias antes de sua morte, trazia fotos e vídeos comemorando o Natal com amigos e parentes.
A morte de Adalto comoveu a Baixada Santista, sendo lamentada por vários artistas locais, como Filipe Duarte, Vavá e Rafaela Laranja. Informações sobre o velório ainda não foram divulgadas.