Foto: SuperBid Exchange/Reprodução
O agronegócio brasileiro, um dos setores mais impactados pelas exigências ambientais e de sustentabilidade, enfrenta desafios significativos na adaptação às normas IFRS S1 e S2. A implementação dessas regras traz uma nova realidade para as empresas do setor, que precisarão comprovar e auditar suas práticas de sustentabilidade para garantir transparência aos investidores e ao mercado. A crescente demanda global por produtos sustentáveis coloca pressão sobre produtores, cooperativas e indústrias do agronegócio, que agora precisarão alinhar suas estratégias às novas diretrizes internacionais.
Uma recente pesquisa da RSM revelou que 65% das empresas brasileiras ainda não estão preparadas para implementar as normas internacionais IFRS S1 e S2. A RSM é uma das principais redes globais de auditoria, consultoria e tributação, atuando em mais de 120 países e auxiliando empresas na conformidade regulatória e estratégia financeira. Suas pesquisas são amplamente reconhecidas por trazerem insights sobre tendências e desafios do mercado corporativo.
As diretrizes IFRS S1 e S2, desenvolvidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), exigem maior transparência na divulgação de informações sobre sustentabilidade e riscos climáticos. A IFRS S1 estabelece requisitos gerais para divulgação de informações relacionadas à sustentabilidade, enquanto a IFRS S2 foca especificamente na divulgação de riscos e oportunidades climáticas. Essas normas serão obrigatórias para companhias de capital aberto a partir de 2026, trazendo um novo padrão de governança e responsabilidade corporativa.
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As IFRS S1 e S2 funcionam como um “manual” global para a padronização da forma como as empresas reportam suas práticas ambientais. Embora muitas empresas brasileiras já adotem práticas de relatório de sustentabilidade, a transição para as IFRS S1 e S2 trará desafios consideráveis, especialmente no que diz respeito à definição de indicadores de desempenho (KPIs) e à supervisão das práticas ESG. A pesquisa aponta que 47% das organizações enfrentam dificuldades nessas áreas, o que pode comprometer sua conformidade com as novas regras.
GRI vs. IFRS: Um novo paradigma para os relatórios ESG
Atualmente, muitas empresas utilizam o Global Reporting Initiative (GRI) como base para seus relatórios ESG. No entanto, especialistas apontam que esse modelo pode permitir divulgações menos transparentes e suscetíveis a interpretações subjetivas. Com a adoção obrigatória das IFRS S1 e S2, as informações ambientais precisarão ser comprovadas e auditadas, tornando a comunicação sobre sustentabilidade mais rigorosa e confiável para investidores e o mercado.
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Estudos comparativos entre os modelos indicam que a exigência de maior granularidade nos relatórios das IFRS pode elevar a transparência empresarial, fortalecendo a confiança dos stakeholders. Além disso, um levantamento conduzido pela KPMG sugere que empresas que seguem padrões de divulgação mais rígidos tendem a atrair investidores institucionais com maior facilidade, devido à confiabilidade das informações financeiras e não financeiras reportadas.
O impacto das IFRS no mercado brasileiro
A adoção das IFRS S1 e S2 deve gerar mudanças significativas na governança corporativa brasileira. De acordo com um estudo do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a adesão às normas internacionais pode ser um diferencial competitivo para as empresas que desejam ampliar sua presença no mercado global. No entanto, a falta de preparo da maioria das organizações pode resultar em desafios operacionais e financeiros, caso a adequação não ocorra a tempo.
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A transição para as IFRS requer investimentos em capacitação de profissionais, revisão de processos internos e adoção de novas tecnologias para coleta e auditoria de dados ESG. Empresas que iniciarem essa adaptação desde já estarão melhor posicionadas para atender às exigências regulatórias e se destacar no mercado de capitais.
A implementação das IFRS S1 e S2 representa um grande passo rumo à transparência e à credibilidade das informações sobre sustentabilidade no Brasil. No entanto, a falta de preparo das empresas evidencia a necessidade de um planejamento estratégico para que a transição ocorra de forma eficiente. Com a aproximação de 2026, as organizações que investirem desde já na adequação às novas normas terão uma vantagem competitiva significativa, tanto no mercado nacional quanto internacional.