Muito mais do que os grandiosos desfiles das escolas de samba, o Carnaval brasileiro é uma explosão de cores, ritmos e alegria que toma conta das ruas, especialmente nos “bloquinhos”. Essa tradição tem suas raízes entre os séculos XVII e XIX, quando as brincadeiras praticadas por pessoas em situação de escravidão, antes da quaresma, desafiaram normas religiosas e se tornaram parte da cultura popular.
Essa festa, conhecida como “entrudo”, tem origem portuguesa. Era marcada por brincadeiras com água, farinha e outros elementos. Isso contrastava com os bailes luxuosos da elite, realizados em clubes e teatros. O povo, por sua vez, criou formas de resistência e diversão. Os cordões e ranchos, assim como procissões animadas, tomavam as ruas. Eles levavam elementos culturais como capoeira e tambores.
Os movimentos deram origem aos blocos de Carnaval que conhecemos hoje, com o Rio de Janeiro sendo o berço dos primeiros blocos no final do século XIX. O Cordão da Bola Preta, fundado em 1918, foi um dos pioneiros e continua arrastando multidões. Blocos como o Cacique de Ramos e o Bafo da Onça também se tornaram ícones da folia, trazendo a essência da tradição para a modernidade.
Como foi o primeiro bloco de Carnaval do Brasil?
O Cordão do Bola Preta, ou simplesmente Bola Preta, foi criado em 1917 por um grupo de amigos. Originalmente, a agremiação se chamava “Só se bebe água”, em referência ao barril de chope com mangueiras que usavam como estandarte, oferecendo bebida para os foliões. No ano seguinte, o grupo se encantou por uma moça fantasiada com bolas pretas, o que inspirou a mudança para o nome que conhecemos até hoje.
Entretanto, o bloco ganhou ainda mais popularidade com o passar do tempo. Em 1935, porém, foliões do Bloco da Chupeta, que não eram associados, criaram a letra do famoso hino “Quem não chora não mama”. O sucesso do hino fez com que a diretoria aceitasse esses novos integrantes como sócios. Em 1962, o bloco oficializou a música como seu hino, transformando-a em um símbolo do Carnaval carioca.
Além disso, o Cordão se auto-intitula “o maior bloco de carnaval do mundo”. Em 2012, o bloco carioca afirmou ter reunido cerca de 2,5 milhões de foliões. No entanto, o Guinness World Records nunca confirmou esse recorde oficialmente. O Galo da Madrugada continua sendo o detentor do título. No último sábado (1º), arrastou uma multidão pelo centro do Rio de Janeiro, em um desfile apoteótico para celebrar os 460 anos da cidade.
Qual é o maior bloco do Brasil – e do mundo?
O Galo da Madrugada, o maior bloco de Carnaval do mundo, celebrou 46 anos de tradição reunindo mais de 2,5 milhões de foliões no Recife. Reconhecido pelo livro dos recordes em 1994, o bloco deste ano trouxe o tema “Pernambucano, do galo ao bacalhau, viva o carnaval”, homenageando a cultura carnavalesca do estado.
O desfile conta com a participação de grupos tradicionais do interior, como os Caretas e os Caiporas, além da icônica escultura do galo gigante, que este ano atingiu 32 metros de altura. Feita de forma sustentável, a estrutura reutilizou mais de 20 mil garrafas PET coletadas pela população. Trinta trios elétricos animam o percurso de mais de seis quilômetros no centro do Recife, garantindo muito frevo e grandes atrações.
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Criado em 1977 com apenas 75 foliões, o Galo cresceu rapidamente e, em 1991, já reunia mais de 1 milhão de pessoas. Seu sucesso exigiu mudanças no trajeto para comportar a multidão, tornando-se Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco (2009) e do Recife (2023). Hoje, é um símbolo da alegria e da grandiosidade do Carnaval pernambucano.
Santos pioneira; entenda como o Carnaval chegou à Baixada Santista
O Carnaval chegou à Baixada Santista – especificamente em Santos – em 1858, com a criação da Sociedade Carnavalesca Santista, que organizou o primeiro baile oficial para substituir o entrudo. Assim, o evento aconteceu no Largo do Chafariz, atual Praça Mauá, e marcou o início das festividades carnavalescas na região.
Ao longo do tempo, o Carnaval santista cresceu com desfiles, blocos e eventos icônicos. A Batalha de Confetes acontece desde 1894. No final do século XIX, os luxuosos corsos de carruagens e automóveis também se destacaram. A cidade ganhou fama com suas bandas carnavalescas e blocos irreverentes. No entanto, o mais famoso foi o Dona Dorotéia, Vamos Furar Aquela Onda?, que desfilou por 74 anos.
Nos anos 50 e 60, os blocos carnavalescos atingiram seu auge, tornando Santos o segundo Carnaval mais animado do Brasil, atrás apenas do Rio de Janeiro. Com o tempo, os desfiles foram diminuindo, mas iniciativas como o Carnabonde ajudaram a manter viva a tradição, resgatando o espírito dos antigos carnavais santistas.
O Carnabonde, que aconteceu no último sábado, aliás, foi transmitido pelas redes sociais da VTV, afiliada do SBT na Baixada Santista. O portal VTV News, por fim, também segue acompanhando toda a movimentação da folia na Baixada Santista durante este Carnaval. Confira: