A Segurança pública tem sido uma das principais pautas no Brasil nos últimos meses. Para alguns estados (e até para a União), esse assunto tem gerado debates e “bate-cabeças” para busca de resoluções. Segundo o Datafolha, a sensação de insegurança entre os brasileiros tem aumentado significativamente. 65% dos respondentes da pesquisa sentem algum grau de insegurança ao caminha nas ruas à noite.
Enquanto o Governo Federal debate a PEC da Segurança Pública em Brasília, Atibaia aprendeu como cuidar dessas questões de maneira eficiente muito antes de falarem do “elefante na sala” que é a segurança no Brasil.
A cidade de Atibaia foi apontada como a mais segura do estado de São Paulo e a segunda mais segura do Brasil entre os municípios com mais de 100 mil habitantes. Os dados constam no Atlas da Violência 2024, divulgado em junho daquele ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Mesmo com o crescimento de 14% na população e de 12,1% na frota de veículos nos últimos quatro anos, Atibaia registrou queda de 25% nos furtos de veículos nos dois primeiros meses deste ano. O dado, divulgado pelo Portal da Transparência da Secretaria Estadual da Segurança Pública, compara o índice atual com a média do mesmo período entre 2020 e 2023.
O levantamento considerou a taxa de homicídios estimados por 100 mil habitantes, indicador frequentemente utilizado como referência para medir a segurança pública. Atibaia registrou índice de 3,2 homicídios, o menor do estado e o segundo menor do país entre cidades de porte semelhante.
Ações integradas do GGI e tecnologia
Segundo a secretária interina de segurança pública, Cláudia Maria Nogueira, um dos fatores da queda está atribuída à atuação integrada dos órgãos de segurança reunidos no Gabinete de Gestão Integrada de Segurança Pública (GGI), aliado à operação da Muralha Digital, sistema de monitoramento que rastreia e inibe movimentações suspeitas em tempo real.
“Apesar do crescimento populacional de Atibaia, os dados da SSP-SP mostram queda nos números de ocorrências da cidade. Os roubos caíram de 628 em 2017 para 151 em 2024, uma redução de 75%. O roubo de cargas, um problema crítico nas rodovias, diminuiu de 76 casos em 2017 para 26 em 2024”, pontuou a secretária.
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O GGI coordena as ações de segurança pública no município, promovendo o alinhamento entre diferentes instituições, como as polícias Militar, Civil, Rodoviária Estadual e Federal, além da Guarda Civil Municipal, Corpo de Bombeiros, Ministério Público e Poder Judiciário. O Conselho Municipal de Segurança (CONSEG), representando a sociedade civil, também participa das decisões.
“É totalmente democrático”, disse a secretária, “É um gabinete integrado, onde se planejam as ações de maneira democrática. Não existe hierarquia entre os órgãos do GGI, todos discutem, planejam e compartilham informações entre si para melhor pronto-resposta.”
Criado há cerca de dez anos, o GGI tem como foco o compartilhamento de informações e a prevenção de delitos, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade. A Prefeitura afirma que o modelo colaborativo vem se consolidando como um dos principais responsáveis pela estabilidade dos indicadores criminais em Atibaia.
População e frota em expansão
Entre 2021 e 2024, a cidade passou de 145 mil para 166 mil habitantes, segundo estimativas do IBGE. No mesmo intervalo, a frota de veículos local cresceu de forma proporcional, acompanhando o ritmo de urbanização e adensamento.
Ainda assim, os registros de furtos de veículos mostram tendência de queda, indicando que as políticas públicas de segurança têm conseguido responder à altura do desafio urbano. A secretaria diz que o sucesso desses números está além da concepção do GGI acerca da centralização dos canais de atendimento rápido e eficiente. “A muralha digital foi fundamental, porque quando as forças de segurança estão unidas, passa-se a otimizar ainda mais o trabalho da segurança pública”, avaliou.