A morte do papa Francisco, aos 88 anos, na última segunda-feira (21), reacendeu a circulação de uma antiga profecia atribuída ao astrólogo francês Michel de Nostredame, o Nostradamus. Segundo seus intérpretes, o vidente teria antecipado a ascensão de um ‘papa negro‘ ao trono de São Pedro — e, com isso, abriu margem para interpretações que vão da simples troca de liderança ao anúncio do apocalipse.
Interpretações diversas da profecia
Publicado pela primeira vez em 1555, o livro Les Prophéties, principal obra de Nostradamus, reúne 942 quadras poéticas em linguagem enigmática. Seus seguidores afirmam que ele previu eventos históricos como a Revolução Francesa e os ataques de 11 de setembro, nos Estados Unidos. A morte de um “pontífice ancião” e a chegada de um sucessor “de pele escura” constam entre os trechos mais comentados nesta semana.
A partir dessa formulação ambígua, surgem duas linhas principais de interpretação. A primeira leva em conta o aspecto literal: com 29 cardeais africanos entre os 135 aptos a votar e ser votados no conclave, a eleição de um papa negro é uma possibilidade concreta — ainda que inédita na história da Igreja Católica.

Papa jesuíta e simbolismo das vestes
Já uma leitura mais simbólica considera que a profecia teria se cumprido com o próprio Francisco. Ele foi o primeiro papa oriundo da Companhia de Jesus, ordem cujo superior é conhecido tradicionalmente como “papa negro” — apelido que remete à cor das vestes utilizadas pelos jesuítas, em oposição ao branco usado pelos pontífices.
O termo “pele escura” pode, portanto, aludir tanto à origem racial quanto ao hábito clerical, o que ajuda a explicar a longevidade da profecia em tempos de transição no Vaticano. As quadras, por seu caráter críptico, continuam abrindo caminho para especulações.
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Morte de Francisco
O Papa Francisco, que ocupava o trono de Pedro desde 2013, havia deixado registrado o desejo de ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maior, uma das quatro basílicas papais de Roma. O documento, datado de 29 de junho de 2022, foi publicado pelo Vaticano horas após a confirmação da morte. No testamento, o pontífice deixou instruções específicas quanto ao local da sepultura: o corredor lateral entre a Capela Paulina (onde está a imagem da Salus Populi Romani, considerada padroeira de Roma) e a Capela Sforza. Francisco pediu um túmulo no chão, simples, sem qualquer tipo de decoração, com apenas uma inscrição: Franciscus.
As despesas da preparação serão custeadas com recursos já deixados por ele a um benfeitor identificado, conforme instruções repassadas ao arcebispo Rolandas Makrickas, comissário extraordinário da basílica.
No testamento, o papa recorda sua devoção à Virgem Maria e afirma ter confiado todo o seu ministério à Mãe de Cristo. Ressalta também que, antes e depois de cada viagem apostólica, visitava a Basílica de Santa Maria Maior para depositar intenções e agradecer pelas jornadas.