O setor aquaviário brasileiro registrou um recorde histórico em 2024, com 1,32 bilhão de toneladas movimentadas. Os dados são do anuário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), elaborado pela Superintendência de ESG e Inovação (SESGI). O crescimento foi de 1,2% em relação ao ano anterior, e o número de atracações chegou a 82 mil operações, um aumento de 7,6%.
A cabotagem, que permite o transporte de cargas entre portos dentro do país, também se destacou, registrando um avanço de 23,6% em 2024. Segundo Mário Povia, presidente do Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI), esse crescimento reflete uma recuperação do setor após desafios enfrentados nos últimos anos.
“Nós nunca chegamos a essa movimentação. E com ênfase na cabotagem, importante citar números fortes, sobretudo de contêineres, que são cargas com maior valor agregado. Crescemos acima de 20% na cabotagem e no longo curso, tanto na exportação quanto na importação.” – afirmou Povia.
Infraestrutura ainda é desafio
Apesar dos bons números, um dos principais desafios para o setor continua sendo a logística de chegada e saída dos portos. A falta de investimentos em infraestrutura rodoviária, ferroviária e hidroviária impacta diretamente a eficiência do escoamento da produção.
“Uma preocupação muito grande ainda com a questão dos acessos. É importante que os nossos portos sejam dragados para receber navios maiores, que permitam um nível de consignação maior, utilizando-se de menos atracações. Isso é produtividade. Mas também precisamos melhorar os acessos terrestres, potencializar ferrovias e balancear melhor a matriz de transporte.” – destacou o presidente do IBI.
Em Brasília, a Frente Parlamentar de Portos e Aeroportos e o Instituto Brasileiro de Infraestrutura têm atuado para acelerar a modernização do setor. A iniciativa busca viabilizar novos projetos de infraestrutura e promover medidas que garantam mais eficiência ao transporte de cargas.
“O IBI e a Frente Parlamentar de Portos e Aeroportos do Congresso Nacional estão alinhados nessa busca. Primeiro, por provisão de infraestrutura, fundamental que a gente coloque à disposição novas áreas, leilões, contratos, mas também inovação e produtividade para o setor.” – ressaltou Povia.
Mário Povia, diretor-presidente IBI, aponta que portos devem ter capacidade para receberem navios maiores – Reprodução: VTV SBT
Medidas para desburocratizar o setor
Entre as iniciativas para impulsionar o setor, está o programa “Naveg Simples”, que busca desburocratizar processos e acelerar investimentos. A expectativa é que medidas como essa ajudem a aumentar ainda mais a movimentação de cargas nos próximos anos.
“A gente tem trabalhado no Naveg Simples, buscando um apoio na legislação nova na Ceportos, mas principalmente para viabilizar investimentos num curto espaço de tempo, dando respostas rápidas à provisão de infraestrutura.” – explicou o presidente do IBI.
Perspectivas para 2025
A previsão para 2025 é de novo crescimento na movimentação portuária. Segundo a ANTAQ, a expectativa é de 1,1% de aumento em relação ao volume recorde deste ano.
O setor aquaviário segue como um dos pilares logísticos do país, e a modernização dos portos, a melhoria no transporte de cargas e a eficiência nos acessos são desafios fundamentais para garantir a competitividade do Brasil no comércio internacional.