Bendito seja quem inventou essa maluquice de contar os dias do ano e criar efemérides que falam do início, meio e fim de ciclos para que nós, seres humanos, possamos realimentar a nossa fé e esperança, e recomeçarmos tudo.
Enfim 2025 chegou, e cá estamos nós, tentando cumprir os anseios de sermos pessoas melhores. Coragem, caro leitor, porque temos 360 longos dias pela frente.
Se a cidade do Porto estava lotada de pessoas em busca de diversão e confraternização, outras tantas corriam em busca do melhor lugar na cidade para assistir aos fogos de artifício que anunciavam a chegada do novo ano. Um espetáculo sempre de tirar o fôlego e de encantamento.
Quanto a mim, minha passagem do ano foi a mais caseira possível. E quando digo caseira, quero dizer que passei a virada do ano em casa mesmo. Só eu e minha mulher.
Uma escolha consciente e, também fruto do frio dos 6 graus que fazia no Porto (e um outro tanto de uma vontade de se recolher e pensar). Isso mesmo, pensar. Refletir, talvez seja o termo mais preciso. Acho que esse será o verbo que vai reger o meu ano. Tempo de reavaliar e ressignificar pessoas e situações, pelo menos é o que antevejo até o surgimento da primeira crise existencial.
Brincadeiras à parte, aqui em Portugal, como em muitos outros países, há inúmeras crenças e superstições para se fazer na virada do ano. Hoje a coluna vai apresentar algumas.
Muitas delas são muito similares com as nossas superstições tupiniquins, o que não deixa de ser engraçado, e me faz pensar, como elas se iniciaram e se tornaram “tradição” em termos esotéricos há tantos anos.
Entre as superstições parecidas ou semelhantes, é na hora da virada do ano que os portugueses comem 12 uvas-passa, representando 12 desejos, um para cada mês do ano que se inicia. No Brasil, desde criança, a tradição em nossa casa era comer 12 uvas verdes mesmo.
Se no Brasil o branco é a cor usada nas roupas por quase toda a população, em prol de paz, amor e prosperidade, em terras lusas, uma das tradições de ano novo, que podem influenciar, ou não, a prosperidade do ano novo que se inicia é a cor da roupa íntima.
Além de ter de ser nova, o underwear deve ser azul para atrair boa sorte para todo o ano. Já quanto a cor da roupa exterior não há muitas regras a se cumprir e a paleta de cores é bem vasta.
Uma das crenças portuguesas que acho mais divertida é saltar do alto de uma cadeira para o chão com o pé direito. Acredita-se que, quando chega o novo ano, devemos estar em cima de uma cadeira, saltando para o chão com o pé direito, simbolizando a entrada no novo ano com o pé direito, ou seja, com boa sorte.
Para os mais supersticiosos, deve entrar-se no novo ano com dinheiro na mão, no bolso ou no sapato para atrair abundância de dinheiro durante todo o ano. Por exemplo, há quem tenha uma nota na mão no momento de saltar da cadeira com o pé direito.
Outra crença que faz parte dos rituais de passagem de ano mais antigos de Portugal é cantar as janeiras. Vestidos com trajes típicos, grupos de pessoas percorrem as ruas e visitam várias casas a cantar canções tradicionais da época para desejar felicidade para o novo ano. Esta tradição musical reflete a rica herança folclórica do país.
Mas se o nosso leitor é da turma dos festeiros inveterados e que acredita que a virada do ano é o momento certo para exorcizar e fazer uma purificação “commeilfaut”, em algumas vilas do interior, os portugueses batem tachos e panelas à janela, e ainda quebram pratos. A ideia é criar caos e fazer muito barulho afastando tudo o que é negativo.
Confesso que minha virada de ano foi bem calma e que ainda não abri o champanhe para brindar o Ano Novo que já se iniciou, tudo a seu tempo e na hora que a vontade começar a surgir.
Como pensar não dói e faz bem ao cérebro, todo dia, na verdade, seja ele qual for, é o dia certo e perfeito para se brindar a vida e o ano em que estamos, não? Viva 2025.