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Em Terras Lusas – O país do Quiz

O povo português tem um grande apreço por quizes de forma geral. Seja na tv, na internet ou em bares e restaurantes

Há quem pense que mudar de país seja um cavalo de batalha, enquanto outros acreditam que migrar seja simplesmente mudar de endereço e continuar com a mesma rotina de sempre. Nem um caso, nem outro. Para mim, e acredito que para minha família, os opostos dessa afirmação nunca foram uma realidade.

Apesar do mundo estar cada vez menor, metaforicamente falando, migrar exige um desprendimento que muitos de nós não está preparado para enfrentar, seja lá porque motivo for: estabilidade existencial, profissional ou familiar.

É necessário abandonar rotinas, hábitos, amizades, trabalho e relações familiares que, por mais que nos custem, são o “lado b” e menos luminoso da balança dos prós e contras da migração, embora, convenhamos, não são lá um grande cavalo de batalha.

Dito isso, quem se arrisca a migrar e a mudar o destino que lhe foi geograficamente imposto, precisa abandonar o que se imaginava ter por garantido e a lidar com a perda da sensação de segurança construída desde a tenra idade. Ou seja, já não estamos mais pisando em terras conhecidas e o inesperado se avizinha a olhos vistos.

Pode parecer clichê, mas migrar é ter uma página ou uma tela em branco à nossa frente e começar, ou melhor, recomeçar a escrever ou pintar um novo capítulo das nossas vidas.

Mas para que isso funcione, é preciso estar disponível para esse novo mundo que a migração proporciona: novas paisagens, cheiros, gostos, amigos, cultura e, porque não, um novo “eu”, que até então nem sabíamos que existia. O olhar precisa estar atento. Simples assim.

E por falar em cultura, descobri logo nos primeiros anos que o povo português tem um grande apreço por quizes de forma geral. Seja na tv, na internet ou em bares e restaurantes. Por aqui o jogo de perguntas e respostas é assunto sério.

Como abraçar uma nova cultura é preciso, eu e minha mulher aderimos aos quizes. E lá fomos nós, acompanhados de um casal de amigos portugueses, participar do jogo de perguntas e respostas, religiosamente todas as terças feiras, juntamente com tantos outros competidores.

O programa semanal é bastante simples. Enquanto se espera o jogo começar, bebemos e petiscamos algumas coisas e, obviamente, escolhemos o melhor nome para nossa equipe.

Depois, no telão são apresentadas uma a uma, as 50 perguntas da noite e que vão desde cultura geral até especificidades como o nome do cientista chinês que criou a prótese biomimética. Não falei que o assunto era sério por aqui?


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Se no começo para nós havia uma certa dificuldade por conta de questões específicas de Portugal, nossos amigos eram o nosso “curinga” no baralho de cartas, melhor dizendo, eram mesmo a nossa salvação. Hoje, nossa expertise sobre temas portugueses, confesso está em outro, e elevado, patamar de conhecimento.

Após a apresentação das 25 primeiras perguntas, um pequeno intervalo para mais bebidas e a checagem, via celular, das respostas dadas nessa primeira fase, o que causa euforia e desapontamento nas mais de 20 a 30 equipes participantes.

Após o intervalo, as 25 perguntas restantes são acompanhadas pelo desejo das equipes de se sair melhor do que nunca. Finalizado o questionário e entregues as respostas, mais um pequeno intervalo e hora de esperar o julgamento final.

Como numa competição estudantil, os resultados das equipes são declarados do último ao primeiro colocado, tudo sempre acompanhado por aplausos e algumas vaias. O prêmio: o consumo gratuito da equipe vencedora até o valor de 50 euros. Nada mal, não? 

O que parecia ser um inocente jogo de perguntas e respostas, e uma oportunidade para quebrar o ritmo de trabalho da semana, se tornou quase um compromisso inadiável para nosso grupo e motivo de sentimentos exacerbados.

Minha mulher e nossa amiga de equipe levam a competição tão a sério que questionam, muitas vezes, os organizadores quando algumas respostas consideradas como certas estão equivocadas ou vice-versa. Tudo por mais um ponto para nossa equipe. Afinal, jogar é preciso, e fazer pontos também.

Dedico essa coluna a Felipe Cordeiro, um dos organizadores de quiz mais dedicados que conheço em Portugal e que se diverte enormemente com o que faz.

Autor

  • Paulo Visani Rossi

    Paulo Visani Rossi é advogado especializado em Direito Autoral e assessor de imprensa, atua como consultor de marketing na Europa e vive há 9 anos em Portugal

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