As contas externas do Brasil registraram déficit de US$ 2,245 bilhões em março, informou o Banco Central (BC) nesta segunda-feira (28) e reportado pela Agência Brasil. O número representa uma melhora em relação ao mesmo mês de 2024, quando o saldo negativo foi de US$ 4,087 bilhões.
Segundo o BC, o recuo no déficit nas contas externas se deve ao aumento do superávit comercial em US$ 1,3 bilhão, impulsionado principalmente pela alta nas exportações, e à queda de US$ 895 milhões no déficit em renda primária. Por outro lado, o déficit em serviços cresceu US$ 460 milhões, pressionando o resultado das transações correntes.
As exportações somaram US$ 29,449 bilhões em março, alta de 5,3% em comparação ao mesmo mês do ano passado. As importações cresceram 0,9%, totalizando US$ 21,812 bilhões. Com isso, a balança comercial encerrou o mês com superávit de US$ 7,637 bilhões, ante os US$ 6,352 bilhões de março de 2024.
Entre os principais produtos exportados, destacaram-se soja, café, carnes e celulose. De acordo com Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC, a intensificação das exportações de soja, em plena safra, contribuiu para o desempenho positivo.

Déficit em serviços avança
A conta de serviços apresentou déficit de US$ 4,352 bilhões em março, acima dos US$ 3,893 bilhões registrados no ano anterior. Houve aumento expressivo nas despesas com propriedade intelectual, como serviços de streaming, que somaram US$ 1,117 bilhão, crescimento de 70,5% na comparação anual.
O transporte também pressionou o saldo, com déficit de US$ 1,148 bilhão, alta de 20,3%, refletindo a elevação dos fretes internacionais. Gastos líquidos com aluguel de equipamentos subiram 15,2%, atingindo US$ 1,095 bilhão, impulsionados pelo aumento dos investimentos das empresas. Nas viagens internacionais, o déficit avançou 0,2%, totalizando US$ 766 milhões.
Rendas e financiamento externo
Em março, o déficit em renda primária – que inclui lucros, dividendos e juros – foi de US$ 5,781 bilhões, uma queda de 13,4% em relação ao mesmo mês de 2024. A conta de renda secundária fechou com superávit de US$ 251 milhões, superando o resultado do ano anterior.
Os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 5,990 bilhões em março, abaixo dos US$ 10,236 bilhões de março de 2024, quando ingressos atípicos inflaram o resultado. O IDP acumulado em 12 meses chegou a US$ 68,213 bilhões, representando 3,19% do PIB.
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Já os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram saídas líquidas de US$ 1,780 bilhão no mês. No acumulado de 12 meses até março, as saídas líquidas totalizaram US$ 6,1 bilhões.
Apesar da melhora pontual em março, o déficit em transações correntes em 12 meses aumentou, alcançando US$ 68,467 bilhões, ou 3,21% do PIB. O Banco Central avalia que a trajetória de redução dos déficits, observada anteriormente, se inverteu a partir de março de 2024.
O chefe do Departamento de Estatísticas do BC afirmou que será necessário acompanhar os próximos meses para avaliar se a mudança de tendência será consolidada ou se o resultado de março foi um movimento isolado. Ainda assim, o financiamento do déficit segue sustentado principalmente por capitais de longo prazo, considerados de melhor qualidade para a economia.
O estoque de reservas internacionais encerrou março em US$ 336,157 bilhões, aumento de US$ 3,649 bilhões na comparação com o mês anterior.