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Indústria dos games: Cultura, economia e política legislativa se unem em estratégia para desenvolver o setor nacional

Indústria de games cresce no Brasil (Foto: Reprodução / Gamescom)

Não é necessário saber sobre games no ímpeto do detalhe para compreender que uma indústria em crescimento é bom para o mercado nacional, para economia e para o consumidor final. E é justamente mirando este crescimento, em um setor ainda pouco explorado pelo mercado brasileiro, que nos últimos 5 anos investidores, desenvolvedores nacionais e do exterior passaram a buscar entender as demandas do Brasil. 

A Brazil Games — em uma parceria entre a Abragames e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) — viabilizou a elaboração de um estudo dedicado ao setor de jogos digitais no Brasil.

A pesquisa manteve seu enfoque principal nas empresas do setor brasileiro e em suas perspectivas para um desenvolvimento sustentável. Segundo a pesquisa, o número de estúdios de games no país cresceu 177% entre 2018 e 2023. Em 2021, o setor movimentou US$2,3 bilhões, com exportações na casa dos US$53 milhões.

  • Número de Estúdios: O número de estúdios de desenvolvimento de jogos no Brasil aumentou 177% em quatro anos, passando de 375 em 2018 para mais de 1.042 em 2023.
  • Crescimento Anual: A demanda por jogos no Brasil cresceu 3% em 2022, contrastando com uma queda global de 4,3%.
  • Distribuição Geográfica: O Sudeste do Brasil abriga 58% das empresas de desenvolvimento de jogos, seguido pelo Sul com 20%.

Apesar do crescimento dos últimos anos, ainda é necessário uma “linha de frente” para atrair investimentos externos no setor e participação governamental. Essa atuação parte por diferentes eixos e setores, mas, em especial da atividade legislativa e articulações internacionais de negócios.

Gráfico extraído da pesquisa (Foto: Reprodução / Brazil Games)

Feiras de negócio dão visibilidade para indústria nacional

A gerente executiva da Brazil Games, Patrícia Sato, destacou em entrevista ao VTVNews que a expansão da indústria de jogos no Brasil passa por um modelo de cooperação entre entidades setoriais e o governo. A iniciativa ocorre por meio de um projeto de exportação que busca fortalecer a presença dos estúdios nacionais no mercado internacional.

Segundo Sato, o projeto funciona a “quatro mãos”: as associações, como a Abragames, propõem e executam as ações, enquanto o governo atua como co-financiador, por meio de investimentos estratégicos no setor por meio da ApexBrasil. A proposta tem como objetivo promover comercialmente os estúdios brasileiros e atrair recursos públicos para fomentar o desenvolvimento da indústria de games no país.

Para a gerente, o Brasil tem ganhado destaque por suas políticas inovadoras e começa a ocupar espaços relevantes no circuito internacional. Sato relatou que há um crescimento evidente na procura por jogos brasileiros e que já é possível ver corredores inteiros dedicados a produções nacionais em eventos do exterior. Ela ressalta que os festivais são importantes, mas enxerga nos eventos internacionais uma oportunidade mais estratégica para dialogar com o mercado global e apresentar os jogos ao público estrangeiro.

(Foto: Divulgação / Gamescom)

Os investidores que vêem nas rodadas de negócios também irão visitar os estandes, e lógico que irão passar pelo Panorama Brasil”, comentou Sato sobre uma área dedicada da Gamescom Latam 2025 apenas para produções nacionais. “Então é legal para o desenvolvedor estar lá, porque pode acontecer de simplesmente [por exemplo], de um  investidor da Sony falar com ele”.

É uma indústria muito grande e muito pujante”, avaliou Eliana Russi, Diretora de Programação da Gamescom Latam. A entrevistada defende que o setor de games deve ser visto como estratégico para a economia criativa. A indústria de jogos agrega profissionais das mais diversas áreas, como cinema, música e programação. Ela pontua também que o setor é uma porta de entrada para novas tecnologias: “É uma indústria maravilhosa […] que se aproveita muito de tudo o que é tecnologia nova que tá entrando […] Ela consegue empurrar toda a economia criativa brasileira para um outro patamar”


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Políticas culturais e participação legislativa

Tanto Sato quanto Russi destacaram a Lei Paulo Gustavo (LPG) e o Marco Legal dos Games como os dois dos principais marcos recentes de apoio ao setor. Ambos os instrumentos legais ampliaram o acesso a recursos e fomentaram o reconhecimento do jogo eletrônico como produção cultural, aproximando as políticas públicas das reais demandas da indústria.

Enquanto parte dos estúdios ainda recorre ao autofinanciamento e ao acúmulo de funções para viabilizar seus projetos, alguns desenvolvedores relataram à reportagem que conseguiram acessar editais estaduais e municipais graças à inclusão dos games na LPG, sancionada em 2022. A legislação destinou até R$1,95 bilhão ao audiovisual, com regulamentação confirmando a elegibilidade de jogos eletrônicos para financiamento via o Decreto nº 11.523/23. Secretarias de Cultura em todo o país lançaram editais entre setembro e outubro, com resultados previstos para o fim de 2023.

Além da LPG, o Marco Legal dos Games sancionado em 2024 pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também foi motivo de comemoração no setor. Para o autor do Projeto de Lei que regulamenta o mercado de games no Brasil, o Dep. Federal Kim Kataguire (União Brasil-SP), o Marco Legal tem potencial de desburocratizar o setor, estimular investimentos e dar segurança jurídica aos estúdios brasileiros: “O setor de games é movido por criatividade, tecnologia e agilidade. Se queremos que o Brasil participe de forma competitiva no próprio mercado, precisamos criar um ambiente menos hostil ao pequeno desenvolvedor e mais atrativo para investimento privado”, comentou o deputado em entrevista ao VTVNews.

Os games têm um papel cada vez mais relevante como condutor de identidade cultural e geração de propriedade intelectual.”, comentou o deputado sobre a LPG no incentivo de produções de games. “Isso ajuda a colocar os games no mesmo patamar da música, do cinema e da literatura — como ferramentas de expressão e de construção de pertencimento nacional. Temos exemplos concretos disso acontecendo.”

A consolidação de políticas públicas específicas para o setor é vista como um movimento recente no setor, mas necessário, para sustentar a expansão da indústria de jogos no Brasil — que ainda depende, em larga medida, da iniciativa pessoal dos criadores.

Autor

  • Iago Yoshimi Seo

    Jornalista de profundidade, autor do livro A Teoria de Tudo Social: Democracia LTDA., ambicioso por política e debates

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