Que brasileiros e portugueses nutrem, entre si, uma relação de amor e ódio, não é nenhuma novidade para você, leitor. Motivos históricos, e até atuais, para incendiar essa relação bipolar não faltam.
Se por um lado, a grande maioria dos brasileiros aponta o dedo aos portugueses e os acusa de roubar o ouro do Brasil, e de os subjugarem à tirania da colonização; do outro lado são os portugueses a alardear, em alto e bom som, que não fosse o descobrimento havido no século XVI, o Brasil teria demorado mais alguns séculos para se tornar a potência econômica que é.
Na balança de perdas e ganhos todos empatam, mas sempre com um gosto amargo de fel, como diria Maria Bethânia naquela canção.
Como toda relação tóxica que se preze, as acusações recíprocas de injustiças e ressentimentos, bem como os privilégios e dons únicos de cada lado, são constantemente atirados na cara um do outro, sempre com maestria, e até, com crueldade.
Ora com mais, ou menos, rancor e ódio; ora com mais, ou menos, vaidade e soberba. Sempre um dos lados se sentirá vulnerável e com uma certa razão. Enfim, uma imaturidade de mais de 500 anos e que parece não ter fim.
E os temas que alimentam essa disputa pueril e trágica, muitas vezes, perpassam por várias áreas. Isso sem falarmos da vil, porém sempre presente, vontade de menosprezar o seu querido e amável “inimigo” com piadas de mau gosto ou criando estereótipos injustos que acabam resistindo anos a fio até desapareceram por completo num mar de ressentimentos.
Afinal quem nunca ouviu a frase: “Que bem que eu te fiz para você me querer tão mal assim?”.
Um dos estereótipos, fora o da sagacidade portuguesa, mais caricatural que o povo brasileiro alimenta, de forma machista, há anos, sobre os portugueses, é o de que a mulher portuguesa tem “bigodes”. Ou melhor, não faz o buço.
Esse estereotiponasceu com as emigrantes camponesas do Norte de Portugal que iam trabalhar nas lavouras brasileiras. Com um trabalho árduo, em condições extremamente difíceis, e sendo a palavra de ordem sobreviver, era natural que a aparência e o autocuidado fossem relegados a um outro plano.
Se a pecha de mulher malcuidada ou de pouca beleza correu mundo, os homens portugueses também não escaparam à maldade da caricatura fácil e jocosa. Quem nunca imaginou o português como um homem de estatura baixa, barrigudo, de sobrancelhas e costeletas grossas e de fartos bigodes?
Mas os tempos mudaram, o mundo se globalizou e todos nós, homens e mulheres somos, hoje, vítimas incontornáveis, porque não dizer, da ditatura da beleza e da juventude eternas.
Mas se o nosso leitor ainda questiona o padrão de beleza portugues e insiste em replicar essas lendas “ad infinitum”, convido-os para um tira teima e a perderem alguns minutos com duas personalidades portuguesas que fazem sucesso além-fronteiras não só por sua beleza inconteste, mas também por seu talento.
Conheça as belezas portuguesas: Sara Sampaio e Francisco Henriques
A primeira delas, é a modelo e atriz portuense Sara Sampaio.
Descoberta como potencial modelo aos 15 anos de idade, foi a vencedora do concurso da marca de shampoo Pantene aos 16.
Desde então, não parou mais de trabalhar:capas de revistas, desfiles, campanhas internacionais, viagens e tudo o que se espera de um bem-sucedidacarreira de modelo.
Mas Sara foi mesmo catapultada para o reconhecimento internacional quando se tornou uma das angels da marca de lingerie Victoria’s Secret ao lado de modelos como Adriana Lima e Alessandra Ambrósio.
Muitas vezes considerada baixa para o mercado internacional (ela tem 1,73 metros de altura), Sara rompeu todas as barreiras do mercado fashion e além de desfilar várias vezes na capital mundial da moda, tornou-se embaixadora da marca Giorgio Armani.
Com mais de 8 milhões de seguidores no Instagram, Sara vem migrando calmamente da carreira de modelo para a de atriz, e tem se dado muito bem nessa migração. Prova disso é que a bela morena de olhos verdes estará nas telas do cinema em 2025, em Supermam, como Eve Teschacher.
Se a beleza e o talento de Sara são inquestionáveis, pode-se dizer o mesmo de Francisco Henriques.
Aos 28 anos, com 1,88 metros de altura, cabelos encaracolados, Kiko, como é conhecido, é presença constante nos desfiles da semana de moda masculina em Paris, Milão e Nova Iorque, além de estrelar as mais importantes campanhas de moda e perfume internacionais.
Uma mudança drástica de planos para um menino que sonhava jogar futebol e trabalhar com o esporte.
Poucos sabem, mas não fosse a insistência de amigos e familiares para Francisco se inscrever em uma agência de modelos, o rapaz de cabelos cacheados, que se tornaram a sua marca registrada, e olhos castanhos não teria sido alçado à fama internacional aos 22 anos de idade ao protagonizar a campanha do perfume Pure XS de Paco Rabanne em 2018.
Sara e Francisco não são os únicos exemplosda beleza do povo português. O povo em sua grande maioria está longe, bem longe, dos estereótipos criados há séculos e posso afirmar isso morando por aqui há quase dez anos.
E a lista de beldades portuguesas é longa.
Que o digam Paulo Rocha, Daniela Ruah, José Condeço, Margarida Corceiro, José Fidalgo, Kelley Bailey, Lourenço Ortigão, Carolina Loureiro, Ricardo Pereira e tantos outros. Como diria o poeta Vinicius de Moares: “Que me desculpem as feias, mas beleza é fundamental”.
