Por mais que traga à tona desconfortos sociais ao ser mencionado, o orgasmo é parte natural da vida de todo ser humano. Falar sobre isso e ter um dia especial dedicado ao orgasmo é importante para que estes desconfortos desapareçam. Por isso, anualmente, em 31 de julho é comemorado o Dia Mundial do Orgasmo, destinado a abrir discussões, educar e despertar consciência e conhecimento sobre o tema.
O orgasmo traz diversos benefícios à saúde. De acordo com a sexóloga e especialista da A Sós – empresa especializada em saúde e bem-estar íntimos, Sarita Milaneze, abrir esse debate é fundamental, porque envolve questões de saúde e bem-estar. “O orgasmo traz benefícios físicos e emocionais significativos, como redução do estresse, melhoria do sono e aumento da autoestima, prevenção da osteoporose e doenças cardiovasculares e muito mais. Discutir sobre ele pode contribuir para uma vida sexual mais plena e satisfatória”.
Para as mulheres, colocar este assunto em pauta é ainda mais significativo. Em uma pesquisa realizada pela Hibou, que entrevistou mais de duas mil mulheres em 2023, 42% afirmam que costumam ter dificuldade de atingir um orgasmo e 79% já fingiram ter atingido o ápice do prazer. Além disso, 29% afirmam que não se masturbam ou que nunca se masturbaram. Dentre as justificativas estão: não se sentem à vontade, acham errado e/ ou não sentem prazer com o ato.
Sarita explica que existe sim uma disfunção chamada anorgasmia, que tem causa psicológica e fisiológica e que impede a mulher a chegar ao orgasmo. Porém, segundo ela, essa condição afeta uma pequena parcela de mulheres.
“A grande maioria delas não atinge o orgasmo por pura falta de conhecimento dos seus corpos. Sempre digo: Você jamais terá prazer a dois, se não tiver sozinha. Muitas atingem o orgasmo com estímulo clitoriano e várias nunca tocaram seus clítoris e algumas nem sabem que ele existe. Temos que normalizar a masturbação e entender a importância dela para o nosso autoconhecimento e nosso prazer a dois” explana a especialista.
Mais sobre o Orgasmo
O orgasmo é um evento complexo, que envolve uma interação coordenada entre o sistema nervoso central, o sistema nervoso autônomo, o sistema endócrino (hormonal) e estruturas musculares específicas nos corpos de homens e mulheres.
O clímax em todo ser humano ocorre em 4 etapas: excitação, platô, orgasmo e resolução. Existem diferenças significativas entre o alcance do orgasmo em homens e mulheres, segundo Sarita, está diferença é maior psicologicamente do que fisiologicamente. “Tanto no homem quanto na mulher, o orgasmo é mediado pela liberação de neurotransmissores como dopamina, noradrenalina e oxitocina. A dopamina desempenha um papel crucial na sensação de prazer e recompensa associada ao orgasmo, enquanto a oxitocina está relacionada à ligação emocional e ao relaxamento pós-orgástico. A liberação desses neurotransmissores é parte do que torna o orgasmo uma experiência tão gratificante e satisfatória”.
Como melhorar a satisfação sexual
Em outra pesquisa realizada pela Gleeden – plataforma de encontros online, demostra que 72% dos brasileiros estão insatisfeitos com a vida sexual. Para a especialista isto ocorre devido à falta de educação sexual. “Muitas mulheres não sabem como funcionam durante o sexo, enquanto muitos homens, também devido à falta de educação sexual, procuram na pornografia uma fonte de inspiração. No entanto, o sexo na vida real é completamente diferente das representações na pornografia. Isso pode levar as mulheres a não sentirem prazer com essa performance e a evitarem relações íntimas, enquanto os homens podem se frustrar ao esperar que suas parceiras tenham o mesmo desempenho visto em filmes adultos”, conta Sarita.
Esta é uma questão que afeta diretamente o dia a dia das pessoas e pode contribuir para a felicidade e conexão de todos os casais. A especialista em sexualidade e produtos de bem-estar íntimo da A Sós, Juliana Tardelli, conta que muitas mulheres já relataram que passaram anos casadas, mas que nunca atingiram o orgasmo. Que apenas depois de se separarem, que descobriram o prazer no próprio corpo. “Elas falam que esta descoberta é um divisor de águas e conseguiram ser muito mais felizes depois disso”.
Segundo ela, muitas vezes isso ocorre também por falta de diálogo entre o casal, de guiar a parceria para o que gosta ou não. “As vezes inovar, tentar novos caminhos, conversar e ser sincero com seus desejos, ajuda o casal a criar uma conexão orgástica!”, enfatiza Juliana.
Outro ponto que ajuda o casal a se entrosar mais é introduzir excitantes e toys para apimentar e sair da mesmice. Juliana conta que isso pode elevar o relacionamento a um novo patamar. “Usar óleos de massagem, excitantes, vibradores e sugadores ajuda a parceria a se soltar mais, explorando pontos erógenos e trazendo novidade para dentro do relacionamento”, relata.
O consenso entre as especialistas Sarita e Juliana é que independente de qualquer situação, de qualquer gênero, o importante é conhecer o próprio corpo.