Dizem por aí que quando nasce um bebê, nasce uma culpa. Vamos tirar esse peso do ombro materno?
A trajetória de tornar-se mãe é fato grandioso o bastante na vida de uma mulher. A mãe já terá bons quilos de fofurice para carregar no muque, e um tanto de minhoca para levar na caixola.
Essa tal de culpa é coisa complexa da onipotência humana, que delira ser infalível; e é expectativa social cruel que entra com força no psiquismo da mulher.
O perigo é que a dona culpa é irmã gêmea da expectativa de não falhar. E juntas formam uma dupla especialista em detonar saúde mental. Ansiedade, sentimento de fracasso e autocobrança desmedida? Temos sim.
Quando nascemos como mães, estamos implicadas no desenvolvimento de outro ser humano – e isso é de uma responsabilidade sem igual. Contudo, implicação não é culpa.
Implicação é estar disponível, com suas possibilidades e limitações. Ela transforma e é construtiva, pois ajuda a enxergar o possível e o que cabe à nós numa relação.
Por outro lado, a culpa embaça a vista, pesa e paralisa. Ela nos faz sentir que tudo depende de nós e que temos de fazer mais e melhor.
Mas a verdade é que absolutamente ninguém dá conta de tudo, e nós não recebemos uma garantia de infalibilidade quando nos tornamos mães. Como todo ser humano, vamos continuar falhando e lidando com a falta. Falhar faz parte do crescimento humano. E, inclusive, ajuda o bebê a se desenvolver. É desastroso para o psiquismo de um bebê ter uma mãe perfeita.
O peso de não poder falhar nos desumaniza, nos tira de quem somos e do melhor que podemos ser verdadeiramente.
Você será julgada e exigida, pois as expectativas irreais sobre as mães sempre existirão. No entanto, o mais importante é saber que a busca pela perfeição faz parte da nossa desumanização, que errar é o que nos faz autênticas, e que você só será uma boa mãe, sendo autêntica, com seus defeitos e qualidades.
Não estou desencorajando-a a dar o seu melhor, que fique claro. Às vezes é preciso dar tudo de si para levantar da cama depois de uma noite difícil. Mas se não der conta, não precisa se culpar. Você falha por ser humana, não porque não é uma boa mãe. E é tão somente de uma mãe real que seu bebê precisa.