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“Em Terras Lusas – O país dos Três Fs”

Poucos sabem, mas Portugal se autointitula o país dos 3 “Fs”. Isso mesmo: Fátima, Fado e Futebol

A coluna de estreia, publicada na semana passada, recebeu muitos acessos e comentários e agradeço aos leitores por isso. Relembro que os comentários dos leitores são sempre bem-vindos e reforçam a tese de que a democracia deve ser um espaço para a concordância, mas também para a discordância, mesmo quando é explícita e de mau humor.

Poucos sabem, mas Portugal se autointitula o país dos 3 “Fs”. Isso mesmo: Fátima, Fado e Futebol.

Um dos “Fs” de que mais gosto é Fátima. Não acredito que haja qualquer leitor, católico ou não, que nunca tenha ouvido falar da aparição da Virgem Maria para os 3 pastorinhos Lucia, Francisco e Jacinta, em Fátima, região central de Portugal, no começo do século XX.

Com uma mensagem de apelo à oração, ao sacrifício e à penitência, as aparições aconteciam sempre no dia 13 e ocorreram de maio a outubro de 1917, em plena Primeira Grande Guerra; sendo a última aparição acompanhada de um evento incomum que ficou conhecido como o Milagre do Sol.

Além das mensagens de apelo, a Virgem Maria revelou três segredos ou visões aos pastorinhos: a visão do inferno, a devoção ao imaculado coração e a conversão da Rússia, e, por fim, o assassinato de um bispo vestido de branco.

Essa última visão foi mantida em segredo pela Igreja até 2000 e revelada pelo Papa João Paulo II, vítima de um atentado em 1981, exatamente no dia 13 de maio, dia da primeira aparição da Virgem.

Os irmãos Francisco e Jacinta Marto morreram prematuramente, logo após as aparições de 1917, tendo sido beatificados em 2000 pelo Papa João Paulo II e canonizados em 2017 pelo Papa Francisco.

Já Irmã Lucia viveu até 2005, falecendo aos 97 anos, como carmelita religiosa no Carmelo de Santa Teresa em Coimbra.

Atualmente, estou lendo o livro “Deus, a Ciência e as Provas”, dos franceses Michel-Yves Bolloré e Olivier Bonassies, instigado por uma entrevista concedida a um jornal português.

Na entrevista, o autor afirma que “A Virgem fez o milagre em Fátima como prova da existência de Deus” e, ainda, que o livro traz provas científicas da existência de que há algo superior no Universo. Nada mau, não?

Para quem quiser abordar o tema das aparições, sugiro o filme “Fatima, a História de Um Milagre”, do diretor Marco Pontecorvo, que aborda a vida da irmã Lucia.

Sobre o filme, duas curiosidades: a primeira é que o filme foi lançado em plena época da epidemia do COVID chamando pouca a atenção do público e da mídia, o que foi uma pena e a segunda é que a personagem de irmã Lucia é interpretada pela atriz brasileira Sonia Braga.

Fado é o segundo “F” dessa interessante trilogia. E quando se fala em Fado em Portugal, não podemos deixar de falar em Amália Rodrigues (1920-1999), ícone da canção portuguesa e, para muitos, a própria encarnação do Fado.

O Fado é um gênero musical que fala da saudade, da despedida e das desventuras amorosas. A canção lamuriosa, sempre acompanhada pela guitarra portuguesa, é de uma melancolia indizível e as damas do Fado tem sempre uma estética marcante.

Um xale preto jogado nos ombros, olhos marcadamente pintados de negro e uma performance sempre dramática.

Há quem diga que não haveria Fado sem Amália e que sem Amália não haveria Fado, mas há quem diga mais, e que Portugal não seria Portugal sem Amália e sem o Fado.

Confesso que quando cheguei à Portugal, imaginei que haveria uma casa de Fado a cada esquina e estava ansioso por isso. Ledo engano o meu, pelo menos no Porto, cidade onde moro, o Fado não é tão disseminado como em Lisboa e Coimbra.

Mas há uma leva de excelentes cantoras e cantores de Fado atualmente em Portugal. Entres eles, alguns nomes conhecidos dos brasileiros como Mariza, Ana Moura, Carminho, Camané, e tantos outros.

Basta o leitor fazer a lição de casa, uma busca na internet e deliciar-se com a música portuguesa.

Se Amalia ocupou o papel de primeira-dama, o inesquecível Carlos do Carmo (1939-2021) também revolucionou o Fado em Portugal sendo um dos nomes masculinos mais importantes, vale a pena pesquisar sobre sua carreira.

E o último “F” dessa saga é o de futebol. Confesso que não sou lá um grande adicto desse esporte mesmo quando a seleção brasileira ia à campo, portanto, me perdoem pela falta de entusiasmo por esse esporte nacional.

Dito isso e apresentadas as devidas desculpas, o povo português tem uma fascinação absoluta pelo futebol. Não importa a idade, o sexo ou a classe social.

Futebol por aqui é coisa séria e pode inflamar até os ânimos menos exaltados. Uma paixão semelhante à dos brasileiros pelo futebol nos idos dos anos setenta no Brasil.

Conta-se que o esporte foi trazido para Portugal por estudantes ingleses que moravam por cá, mas que estudavam na Inglaterra. Tudo isso no final do século XIX, sendo a primeira partida jogada na Ilha da Madeira em 1875.

Mas foi em 1888 que Guilherme Pinto Basto, uma entusiasta do esporte, organizou a primeira partida de futebol no Continente. Depois dessa iniciativa, Guilherme organizou uma segunda partida onde a equipe de Portugal venceu a equipe da Inglaterra por 2 x 1.

De lá para cá, o esporte foi praticado em clubes, associações esportivas e tornou-se em um esporte popular.

Há vários clubes famosos e de expressão em terras lusas, mas acredito que o clássico dos clássicos seja mesmo o duelo entre os clubes Porto X Benfica.

Uma dobradinha semelhante ao famoso Fla x Flu, tanto em termos regionais quanto ao número de títulos nacionais.

E a estrela desse esporte nacional é mesmo Cristiano Ronaldo. Nascido, coincidentemente, na Ilha da Madeira onde o esporte nasceu em Portugal, CR7 como também é conhecido, é atualmente um dos maiores e mais conhecidos jogadores de futebol do mundo, apesar de todas as polêmicas que envolvem seu nome.

Em 2010, Cristiano assumiu ser pai de um menino sem revelar o nome da mãe. Já em 2016, assumiu, mais uma vez, ser pai de gêmeos por barriga de aluguel.

Tanto num caso como noutro é ele quem mantem a guarda dos 3 filhos, além das filhas com a atual mulher, Georgina Rodriguez. Mas tudo isso pouco importa, o que vale mesmo é que faça gols.

Aos 39 anos, em plena forma física e atualmente jogando no Al -Nassr Football Club, cda Arabia Saudita, é ele um dos personagens dessa tríade de sucesso e notoriedade.

Autor

  • Paulo Visani Rossi

    Paulo Visani Rossi é advogado especializado em Direito Autoral e assessor de imprensa, atua como consultor de marketing na Europa e vive há 9 anos em Portugal

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