Um homem, de 23 anos, foi preso por extorsão após pedir R$ 20 mil ao ex-patrão e extorquir R$ 7,5 mil para não divulgar dados de uma empresa do ramo de perfumaria na cidade de Santos, no litoral de São Paulo.
O suspeito, que havia sido demitido em outubro deste ano, fez ameaças para não divulgar informações sigilosas sobre a empresa que tem cinco lojas na Baixada Santista, segundo informações do boletim de ocorrência.
O empresário registrou o BO na Polícia Civil depois que o ex-funcionário começou a enviar e-mails para fornecedores e acusando o dono de práticas fraudulentas, como venda de perfumes falsificados.
Ainda segundo o empresário, a irmã dele foi a primeira a receber ameaças do ex-funcionário, que ligava durante a madrugada exigindo dinheiro para não “destruir” a empresa.
“Ele disse que iria acabar com minha vida e com meu negócio. Ele me mandou mensagens dizendo que se não pagasse, ele faria um escândalo”, contou o empresário. Porém, o dono da empresa não se intimidou com as ameaças, pois sabia que não havia nada a esconder. “Eu nunca tive medo de nada porque a nossa empresa sempre trabalhou de forma honesta, com transparência”, explicou.
O fornecedor, que trabalha com o empresário há mais de cinco anos, ignorou a mensagem, mas isso gerou uma grande preocupação, passando a temer que o ex-funcionário estivesse realmente tentando prejudicá-lo.
Situação agravada
Em 29 de outubro, o empresário registrou um boletim de ocorrência por extorsão na Delegacia de Santos. O dono da empresa alegou que o ex-funcionário não tinha qualquer prova para suas acusações e que suas ameaças eram baseadas em mentiras.
“Se ele tivesse algo de concreto contra mim ou contra a empresa, deveria abrir um processo. Mas, como não tinha nada, estava tentando destruir minha imagem e o meu negócio com mentiras”, desabafou.
A situação se agravou quando, três dias depois, o ex-funcionário enviou e-mails semelhantes para outro fornecedor. Foi nesse momento que o empresário procurou novamente a Polícia Civil, e os agentes sugeriram um plano para prendê-lo em flagrante.
Com a ajuda da polícia, o empresário combinou com o ex-funcionário de pagar parte da quantia exigida por ele. Marcou um encontro em um shopping de Santos, onde levou um envelope com os R$ 7,5 mil combinados e ficou posicionado perto de policiais à paisana.
Quando o acusado apareceu no local, pegou o dinheiro e ainda fez comentários debochados sobre a situação. “Ele me perguntou por que eu estava cedendo à extorsão, já que, segundo ele, eu não tinha medo das ameaças. Eu disse que ele logo entenderia”, lembrou o empresário.
Nesse momento, a equipe policial do 7º Distrito Policial de Santos prendeu o jovem em flagrante, recuperando o dinheiro. O acusado confessou o crime e foi levado à delegacia.
Perseguição continuou
Apesar de ser preso, o acusado foi liberado no dia seguinte após pagar fiança de dois salários mínimos, cerca de R$ 2,8 mil.
No entanto, ele continuou a perseguir o empresário. Em 3 de novembro, o ex-funcionário criou um grupo no WhatsApp com outros profissionais da empresa e fez novas denúncias falsas, incluindo uma acusação de que o empresário não repassava dinheiro necessário para os funcionários. “Fiquei nervoso, imprimi tudo e fui novamente à delegacia registrar o terceiro boletim de ocorrência”, contou o empresário.
Enquanto isso, outro fornecedor da empresa também relatou que recebeu as ameaças do ex-funcionário. O empresário, temendo por sua segurança, decidiu divulgar uma nota de esclarecimento, que foi enviada aos funcionários, fornecedores e aos administradores dos shoppings onde as lojas da empresa estão localizadas.
Em relação à motivação das ameaças, o empresário acredita que as ações do ex-funcionário tenham também um fundo passional. O dono da empresa revelou que, antes de contratá-lo, teve um breve envolvimento amoroso com o acusado, que parecia ter ficado abalado com a situação. “Ele começou a cobrar um compromisso de mim e, quando percebi que ele se sentiu trocado, ele começou a me ameaçar”, explicou.
O empresário acredita que a revolta do ex-funcionário foi alimentada não apenas pela demissão, mas também pela frustração com o fim do envolvimento amoroso.
Por fim, o empresário afirmou que sua preocupação agora é com sua segurança pessoal e com a proteção de sua empresa, que, segundo ele, não vai ruir por causa de uma pessoa que trabalhou na companhia por menos de sete meses.
“Minha empresa tem uma história sólida, construída com base na honestidade e nos meus valores. Não vou deixar que um erro de caráter de uma única pessoa destrua tudo o que eu e minha equipe construímos”, afirmou, destacando que tem mais de 40 funcionários que dependem do seu negócio para sustentar suas famílias.
Justiça
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o suspeito foi preso por extorsão e, após o pagamento de fiança, foi liberado.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) detalhou que o acusado deverá cumprir medidas cautelares, como comparecer a juízo a cada dois meses e se abster de sair da comarca sem autorização.