Quem frequentar o Parque Portugal na Lagoa do Taquaral por esses dias poderá se surpreender com uma imagem inusitada: capivaras marcadas com um desenho de coração na parte traseira do corpo, indicando que o animal foi esterilizado recentemente e faz parte do projeto da Prefeitura de combate à transmissão da febre maculosa por meio da redução de nascimentos de filhotes.
A “tattoo” é feita com raspagem dos pelos do animal para fins de monitoramento pós-cirúrgico. Depois de três ou quatro meses, os pelos voltam a crescer e as marcas externas desaparecem.
“A castração é uma medida que promove o bem-estar dos animais, além de diminuir o risco de transmissão da febre maculosa e, o mais importante, é que todas as capivaras também estão sendo microchipadas, permitindo que sejam acompanhadas por toda a vida”, destaca o gestor ambiental e assessor do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA), Rodrigo Pires.
Plano de Manejo
Até o momento, foram realizados os procedimentos cirúrgicos em 53 capivaras de dois grupos diferentes que vivem no Parque Portugal, em três campanhas de cirurgia.
O DPBEA segue fazendo a ceva, captura e castração, uma vez que a população de capivaras varia de forma sazonal, em função dos picos de reprodução da espécie.
“Agora, que está iniciando um outro pico reprodutivo, a população de capivaras no Taquaral é de cerca de 100 animais, mas este número não é fixo, amanhã pode haver mais. Seguiremos com o trabalho até que todos os animais tenham sido esterilizados”, explica o assessor.
O manejo das capivaras começou no dia 26 de setembro, com a ceva (alimentação controlada em locais e horários específicos), passando pela captura do grupo, realização das cirurgias (vasectomia e salpingectomia) e recuperação.
O processo continua em andamento com a soltura dos animais esterilizados e captura dos animais satélites, aqueles que pertencem ao grupo mas não ficam, necessariamente, juntos a ele, vivem nas proximidades.
Combate à febre maculosa
A Administração Municipal aposta na esterilização das capivaras como técnica auxiliar para prevenir a transmissão da febre maculosa, que pode ocorrer quando um carrapato se alimenta do sangue de um animal infectado, como a capivara (entre outros), e depois pica uma pessoa. A capivara não transmite diretamente a doença às pessoas.
De acordo com Rodrigo Pires, do DPBEA, ao impedir o nascimento de novos indivíduos, a médio prazo, o ciclo de transmissão da bactéria causadora da doença deve ser interrompido.
“Acreditamos que a medida pode ajudar a combater a transmissão da febre maculosa porque a capivara só transmite a Rickettsia uma vez na vida, depois disso, não transmite mais. Então, se mantivermos o grupo vivo no local, impedindo o nascimento de novos indivíduos, em algum momento, não teremos novas capivaras dando sequência ao ciclo da bactéria”, explica.
Além de evitar novos nascimentos, a esterilização visa também dificultar a entrada de novas capivaras nos parques. “O processo de vasectomia e laqueadura mantém os animais produzindo os hormônios normalmente e a estrutura social do grupo permanece a mesma, ao contrário da castração, que interrompe a produção de hormônios e o grupo se desestrutura socialmente, abrindo espaço para a entrada de outros indivíduos e grupos no local”, destaca Pires.