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Dedé Santana e o eterno amor pelo circo: ‘Se eu parar, fico velho’

VTV News entrevistou o humorista, que está em turnê circense em São Vicente (SP)

Uma paixão verdadeira nunca envelhece, de acordo com Dedé Santana. Aos 88 anos, o ícone do humor brasileiro e eterno trapalhão descreve o que sente pelo circo como uma “razão de viver”, e segue dedicado à expressão artística. O amor é tanto que o comediante está em cartaz com o espetáculo ‘Abracadabra – Um Circo Musical’, na Praia do Itararé, em São Vicente, no litoral de São Paulo.

Manfried Sant’Anna é o seu nome, embora todos o conheçam de outra maneira. Atualmente, ele integra o premiado Reder Circus, reconhecido como o melhor circo do Brasil e idealizado pelo empresário e produtor cultural, Frederico Reder.

O convite para fazer parte vem de muitos anos tentando convencer o humorista. Inicialmente, Dedé relutou, devido ao ritmo intenso das apresentações, mas aceitou após o ajuste das sessões para um cronograma mais leve.  

“Ele fazia três sessões no sábado e três no domingo, mas como estou em uma idade avançada, disse que não dava para mim. Então, as sessões foram redistribuídas e pude aceitar. Ficou bom para o público e para mim também”, relata em entrevista ao VTV News. Na Baixada Santista, o espetáculo acontece às quintas e sextas-feiras, às 19h15, e aos sábados e domingos, às 16h e às 19h45.

Dedé Santana já esteve na Baixada Santista a trabalho outras vezes, sempre sorrindo e fazendo sorrir — Fotos: Renan da Paz/VTV News

‘Apoio inesquecível’

O carinho do público caiçara tem marcado profundamente o coração do carioca desde que o espetáculo começou, em 3 de janeiro. “A recepção aqui foi uma das maiores que já tive no Brasil”, revelou. Para ele, o calor dos aplausos é o maior incentivo para manter viva a paixão pelo palco e pela arte do riso.

Mas a relação de Dedé com a Baixada Santista não começa agora. É história de décadas atrás, quando chegou à região com um pequeno circo em condições precárias. “Eu armei na Ana Costa [em Santos] e o apoio que recebi foi inesquecível”, contou. Desde então, a região se tornou um marco na sua trajetória, recheada de gratidão e memórias.

Entre as lembranças mais marcantes está o convite especial que recebeu de Leônidas da Silva, o Diamante Negro (1913-2004), um dos maiores ícones do futebol mundial e inventor do ‘gol de bicicleta’. “Eu estava com o circo na região quando ele me chamou para almoçar na casa dele. Tinha cerca de 20 anos e fiquei tão emocionado que perdi a fala”, relembrou.

Hoje em dia, o humorista carrega no peito o amor pela região que o acolheu. Ele acredita que o vínculo com o público santista é especial e eterno — e, por isso, voltou. “A Baixada Santista foi fundamental na minha história. Vocês me deram força quando eu mais precisei”, concluiu (com brilho nos olhos).

Tradicional carrossel marca presença entre as atrações — Fotos: Renan da Paz/VTV News

‘Mãe de todas as artes’

Ascendente de uma tradicional família circense — a oitava geração no Brasil —, o artista cresceu entre as lonas e aprendeu o ofício desde cedo. Filho de um cigano ucraniano e de uma mãe afrodescendente, reconhecida como a maior contorcionista da América do Sul, ele se inspirou nos talentos dos pais para abraçar a carreira artística ainda na infância.

No livro Dedé Santana – Eu e Meus Amigos Trapalhões, ele destaca que já fez de tudo: foi palhaço, trapezista, acrobata e até piloto do globo da morte. Quando chegava a hora de mudar o circo de lugar, também colocava a mão na massa, ajudando a montar e desmontar toda a estrutura para que o espetáculo pudesse recomeçar em uma nova cidade.

Por essas e muitas outras, ostenta, há uma década, o título de embaixador do circo no Brasil, concedido pela Escola Nacional de Circo. Embora já tenha tentado passar a honraria adiante, relata que a comunidade circense insiste que ele continua sendo a maior representação da arte no país.

Segundo ele, o circo é a “mãe de todas as artes”, um espaço único capaz de reunir e abraçar todas as formas de expressão artística em um só palco.

Repleta de humor e versatilidade, a carreira foi além do picadeiro e chegou à televisão. A convite do comediante Arnaud Rodrigues (1942-2010), ele se juntou à extinta TV Tupi, onde surgiu a oportunidade de trabalhar ao lado de Renato Aragão, o Didi.

A química entre os dois foi imediata, e a parceria rapidamente conquistou o público, o que marcou o início de uma das duplas mais icônicas do país. Foi o ponto de partida para o fenômeno que seriam Os Trapalhões, exibido de 1974 a 1995.

Com mais de 50 artistas envolvidos, espetáculo tem 135 minutos de duração — Fotos: Renan da Paz/VTV News 

‘Rir sem ofender’

DedéDidiMussum e Zacarias. Sem dúvidas, o inesquecível quarteto revolucionou e moldou o humor brasileiro. Consciente da grandeza desse legado, Dedé relembra com orgulho os tempos áureos de Os Trapalhões. O impacto do grupo foi tão significativo que o programa entrou para o livro dos recordes, Guinness Book, como o mais longevo e de maior audiência no gênero humorístico.

Para ele, o segredo do sucesso residia no humor leve, acessível e familiar, uma essência herdada diretamente do circo, que sempre foi a base de sua arte. Apesar disso, ele lamenta a mudança no humor atual, que considera muitas vezes excessivamente preso ao politicamente correto ou apelativo.

Quanto à evolução do humor, o artista considera ter tido tendo liberdade para tratar de temas sensíveis antigamente. “Eu adorava quando o Renato [Aragão] dizia que eu era um rapaz gay por ser ‘alegre demais’. O Mussum, mesmo, pedia para ser chamado de ‘negão’. Hoje, isso viralizaria de forma negativa”.

Ele ainda analisa que as piadas se tornaram hostis. “Outro dia, eu fui assistir a um espetáculo e os caras falaram banalidades na presença de garotos de 10, 12 anos. Eu não gosto quando comediantes apelam para palavrões. Eu prefiro o humor de duplo sentido, que provoca sem ofender”, afirmou.

O artista também reforçou a importância do apoio ao circo no Brasil. Ele destacou que, em países como Rússia e França, os governos oferecem infraestrutura para a montagem de lonas. No Brasil, no entanto, sente que a realidade é diferente, e os circenses enfrentam dificuldades, como enchentes e falta de locais adequados.

Comercializado no circo, livro ‘Eu e Meus Amigos Trapalhões’ relembra memórias de Dedé — Foto: Renan da Paz/VTV News

‘Se eu parar, fico velho’

História bonita, mas cheia de desafios. O trapalhão deixa claro que enfrentou dificuldades financeiras e até a fome em seus primeiros anos de carreira. “Cheguei ao primeiro circo em Brasília com a mão na frente e outra atrás”. Apesar disso, nunca abandonou sua paixão pelo circo, sempre acreditando que a arte seria seu caminho.

Sobre o futuro da arte do riso, Dedé acredita que essa é uma profissão para os persistentes. “É preciso coragem e determinação. Dormi na rua, mas nunca desisti”, afirma e encoraja os jovens artistas a seguirem seus sonhos, mesmo cientes dos obstáculos que podem surgir.

Para ele, a perseverança é a chave para o sucesso, especialmente em um caminho tão árduo assim.

Mesmo com a idade avançada, garante que parar não está em seus planos. “Se eu parar, eu fico velho”, brinca. Quando questionado sobre como gostaria de encerrar sua jornada, ele responde com emoção. “Gostaria de morrer no picadeiro do circo. É onde me sinto mais vivo”.

Por isso, Dedé deixa um recado direto para quem deseja seguir os passos na arte circense: “Não desista. É uma vida difícil, mas recompensadora. O picadeiro é mais que um palco; é um lugar onde sonhos se tornam realidade”. Ele sabe, pela sua própria trajetória, que o esforço e a dedicação são recompensados quando se mantém firme em sua paixão.

Atração chegou à Praia do Itararé em 3 de janeiro e segue até 23 de fevereiro — Foto/divulgação: Prefeitura de São Vicente

Dedé Santana está em São Vicente, com o ‘Abracadabra – Um Circo Musical’

O espetáculo oferece arte, música e acrobacias para toda a família. As apresentações acontecem na Praia do Itararé, em São Vicente, até 23 de fevereiro, com sessões às quintas e sextas-feiras, às 19h15, e aos sábados e domingos, com duas sessões: 16h e 19h45.

Os ingressos variam de R$ 40 a R$ 250, com descontos especiais para alunos da rede municipal e ingressos solidários para quem doar 1 kg de alimento. As vendas podem ser feitas no local ou online, através do link (clique aqui para acessar).

Após a saída de Diego Hypólito, ex-ginasta e agora participante do Big Brother Brasil 25, o Reder Circus confirmou a presença do ator e influenciador Paulo Bonavides, o Tio Paulo, como uma das principais atrações, ao lado de Dedé Santana.

‘Memórias afetivas’

A advogada Kelly, de 37 anos, e sua sobrinha Lorena, 11, aproveitaram as férias para assistir ao espetáculo em São Vicente. Naturais de Guarulhos (SP), compraram ingressos assim que chegaram no litoral.

A presença de Dedé Santana, que fez parte da infância de Kelly, tem tornado a experiência ainda mais especial e resgatado memórias afetivas.

A visita ao circo é uma maneira de estreitar os laços entre tia e sobrinha, que ficaram encantadas com o show. “É a segunda vez da Lorena em um circo, enquanto eu já curti algumas outras vezes. É nostálgico e muito divertido”, afirmou a advogada.

Ambas, claro, aproveitam a oportunidade para criar memórias inesquecíveis juntas.

Aproveitando as férias, tia e sobrinha compraram ingressos para o show assim que chegaram em São Vicente — Foto: Renan da Paz/VTV News

Serviço

Abracadabra – Um Circo Musical

Local: Praia do Itararé

Horários: Quintas e sextas-feiras, às 19h15, e sábados e domingos, às 16h e 19h45

Cidade: São Vicente (SP)

Endereço: Av. Ayrton Senna da Silva, 500 – Itararé (ao lado do Teleférico)

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