Imagem: divulgação/ Agência Brasil
As altas temperaturas que têm atingido as regiões Sul e Sudeste do Brasil vão além do desconforto físico. Especialistas alertam que o calor excessivo pode impactar diretamente a saúde mental, exacerbando condições como a ansiedade.
De acordo com a coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Unimetrocamp, Roseli Filizatti, o aumento da temperatura em Campinas merece a atenção da população, que muitas vezes não percebe a relação entre o clima e a saúde mental.
A sensação de sufocamento e o estresse causado pelo calor intenso podem desencadear sintomas de ansiedade, como dificuldade para respirar, aumento da frequência cardíaca e sensação de inquietação. Além disso, a mudança no ritmo diário e a redução das atividades ao ar livre durante uma onda de calor contribuem para o aumento dos níveis de estresse.
“As mudanças no clima geram uma série de questões emocionais nas pessoas. Embora a gente nem perceba, isso ocorre, seja de maneira direta ou indireta”, explica a coordenadora.
Roseli explica que, em períodos de frio e tempo chuvoso, as pessoas tendem a apresentar mais quadros de depressão, melancolia e tristeza, pois ficam mais reclusas, sem a exposição ao sol e, consequentemente, à vitamina D. Já o calor gera um efeito diferente, causando diversas mudanças fisiológicas que podem refletir em ansiedade.
“O calor causa mais indisposição. As pessoas tendem a ficar mais cansadas, mais lentas e com menos vontade de trabalhar. Há também as questões hormonais, pois o organismo fica comprometido e isso pode afetar o desempenho no trabalho, nas entregas e levar a questões com a ansiedade”, conta a psicóloga.
O ambiente abafado e a dificuldade para dormir, comuns durante os períodos de calor extremo, também estão diretamente relacionados à piora na saúde mental. A falta de sono afeta a produção de neurotransmissores essenciais, como a serotonina, que regula o humor, contribuindo para a sensação de ansiedade.
A recomendação da coordenadora é buscar formas de amenizar o desconforto térmico e, ao mesmo tempo, cuidar da saúde mental. Manter a hidratação em dia, evitar exposição excessiva ao sol e praticar atividades relaxantes são aliados importantes para aliviar os efeitos negativos do calor.
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Roseli também alerta que a saúde mental deve ser monitorada durante essas ondas de calor, especialmente para aqueles que já enfrentam problemas relacionados à ansiedade. Caso o quadro piore, é fundamental procurar a orientação de um profissional para obter o suporte adequado.
Onda de calor: previsão para região de Campinas é de temperaturas elevadas
As temperaturas máximas estão elevadas em grande parte do país, uma característica típica do verão e a previsão indica que essas condições devem continuar, especialmente nas regiões Sudeste. Para a região de Campinas, a previsão climatológica média de temperaturas máximas para fevereiro é de 30 a 31°C, segundo dados do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia).
De acordo com Bruno Bainy, meteorologista do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), apesar das altas temperaturas, a região de Campinas ainda não está enfrentando uma onda de calor.
“Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma onda de calor ocorre quando as temperaturas máximas diárias ultrapassam em 5°C ou mais a média mensal durante, no mínimo, cinco dias consecutivos. Além disso, essas condições devem abranger uma área ampla, e não apenas uma localidade específica”, explicou Bainy.
Ainda segundo o meteorologista, para que uma onda de calor seja configurada, seriam necessárias temperaturas em torno de 35°C persistindo por alguns dias.
Para Bainy, embora não se trate de uma onda de calor, o clima continua quente e abafado. A umidade relativa do ar mais alta, acima de 50%, contribui para a sensação de desconforto térmico.
