132 raias foram encontradas mortas na faixa de areia da Praia do Itararé, em São Vicente, na manhã de terça-feira (27). Os animais, provavelmente vítimas de pesca de arrasto, foram recolhidos pelo Instituto Gremar e levados para um aterro sanitário pela Secretaria de Serviços Públicos (SESP).
As mortes das raias geraram indignação entre moradores, que criticaram a falta de fiscalização contra a pesca ilegal. Segundo relatos, pescadores locais descartaram os animais na praia após capturá-los em redes de arrasto; prática proibida e prejudicial ao meio ambiente. Um vídeo obtido mostra o cardume morto na faixa de areia.
Essa espécie, conhecida como raia ticonha ou raia-focinho-de-vaca, vive em cardumes e está em risco de extinção. De acordo com a coordenadora do projeto Mantas do Brasil, Paula Romano, elas nadam próximas ao estuário e se alimentam de conchas e mariscos – o que as torna comuns na região.
“Eles puxaram a rede e não tiveram a capacidade de devolvê-las ao mar”, disse ao VTV News.
Investigação para identificar responsável pelas raias mortas em São Vicente continua
Conforme apurado, entre as raias mortas havia fêmeas, machos, jovens e adultos. Testemunhas relataram que, regularmente, pescadores utilizam redes de arrasto de 100 metros para capturas ilegais na área. Após a pesca, porém, os pescadores vendem os frutos do mar diretamente na areia para comerciantes que aguardam com caixas de isopor.
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A prefeitura informou, por meio da Secretaria de Meio Ambiente (Semam), que investiga o caso em parceria com o Instituto Gremar e outros órgãos ambientais. Já o projeto Mantas do Brasil, junto com pescadores comprometidos, busca identificar os responsáveis pelo crime ambiental, mas “ainda não pode divulgar detalhes”.
O que é pesca de arrasto?
Na pesca de arrasto, embarcações arrastam uma grande rede pesada pelo fundo do mar. Essa rede coleta tudo o que encontra em seu caminho, desde espécies marinhas de interesse comercial até organismos que, por conseguinte, não têm valor econômico, conhecidos como ‘capturas acessórias’.
É uma técnica amplamente utilizada para capturar espécies que vivem próximas ao fundo do mar, como bacalhau, camarões e lulas. No entanto, a prática é prejudicial ao meio ambiente, pois destrói habitats marinhos, reduz a biodiversidade e afeta o equilíbrio dos ecossistemas, além de soltar poluentes e carbono armazenado nos sedimentos oceânicos.