Dizem que o imigrante está definitivamente integrado no país que escolheu quando esse mesmo imigrante passa por 3 eventos sociais. São eles: ida à maternidade para visitar um recém-nascido, quando é convidado para uma festa de casamento e quando presta suas condolências no enterro de algum familiar de amigos do país onde se mora.
Nesses anos que por cá estou, já passei por todas essas etapas, mas confesso que se sentir integrado vai muito além do que participar desses eventos. Quando muito, pode-se dizer que o imigrante está é vivenciando mais a fundo a cultura do país para o qual emigrou.
Mas vamos falar de casamento. Na minha opinião, um casamento deve ser o mais íntimo possível. No máximo com a presença da família mais próxima e com poucos convidados tanto na igreja quanto na festa, se houver.
Meu casamento foi assim. Ao meio-dia, em São Paulo, na Igreja Ortodoxa Escandinava e com a presença de no máximo cem pessoas. Após a cerimonia religiosa, um brinde com champanhe e bem-casados na porta da igreja. Para finalizar, um almoço na casa de meus sogros com pais, irmãos, avós, tios e padrinhos.

Não registramos nada em vídeo e um dos padrinhos que é fotografo profissional nos deu o álbum de presente. Tudo “come il faut” para poucos e bons. Afinal se casar, para mim, é um ato discreto, sagrado e não um reality show. Mas há gosto pra tudo, né?
Fui a alguns casamentos portugueses e confesso que foi uma experiência bastante interessante. Um dos mais bonitos que presenciei aconteceu em Castelo de Vide e foi um espetáculo do começo ao fim: discreto, sóbrio e num lugar idílico.
É praxe por aqui que os convidados deem dinheiro aos noivos como presente de casamento. Essa prática já é adotada no Brasil e evita aquele momento constrangedor de amigos do noivo indo de convidado em convidado pedindo dinheiro ao casal em troca de um pedaço da gravata do nubente.
Para começo de conversa, a quantidade de convidados em um casamento português é infinitamente menor que a de um casamento no Brasil. Por aqui um casamento com cem convidados é um casamento de porte médio.
A maioria dos casamentos acontecem em quintas e não em salões de festa como no Brasil. E quando eles acontecem fora das quintas são em casas centenárias.
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A festa de casamento inclui, muitas vezes a cerimônia religiosa, e o casamento civil. Há, ainda, coquetel, almoço, brunch, jantar e mais no final da noite um outro lanche e café da manhã. Por aqui essa comilança toda chama-se copo-de-água.

A segunda surpresa que tive é que um casamento português pode durar quase 15 horas. O casamento começa a uma da tarde e a festa pode terminar madrugada adentro. O baile, ou melhor a dança, só é interrompido duas vezes. A primeira, para a noiva jogar o buquê e mais tarde para o corte do bolo nupcial.
Outra boa surpresa que tive é no que diz respeito ao cardápio do casamento. Dependendo da região onde a festa acontece pode-se ter como prato principal desde um leitão a mariscos se o casamento for mais ao sul do país. Agora, bom mesmo, e não importa onde se esteja, são sempre as mesas de doces que tem uma infinidade de guloseimas.
Não é raro ir a um casamento português que ofereça no meio da madrugada um caldo verde para que os convidados recuperem as forças e continuem a se divertir.
Quando a festa termina, os noivos partem no carro que é decorado pelos amigos e de formas variadas: latas amarradas no para-choque, corações pintados nos vidros do carro, tules amarrados e os dizeres “Casados De Fresco”.
Para mim, caro leitor não importa se o orçamento do casamento é grande ou pequeno, se os convidados são cem ou mil, o que importa mesmo é que o casamento seja íntimo, sagrado e não se torne numa festa banal para se postar nas redes sociais implorando pela aprovação alheia.