Portugal é um país pequenito e cada uma de suas regiões, espalhadas de Norte a Sul, promove com orgulho e galhardia a sua cultura e identidade regional. Do Minho ao Alentejo, as festas populares são o que há de melhor em Portugal.
Dentre as inúmeras festas tradicionais, as Festas de Santo Antônio e de São João são as mais conhecidas no país e atraem uma multidão de pessoas quer em Lisboa, onde o Santo Antônio foi comemorado no dia 13 de junho, ou no Porto, onde São João será celebrado no próximo dia 23.
Mas hoje vamos falar é de Santo Antônio. Para quem não sabe, Santo Antônio é o padroeiro da cidade de Lisboa e o padroeiro secundário de Portugal, sendo a padroeira principal do país, Nossa Senhora da Conceição.
Conhecido como Santo Antônio de Lisboa, o padroeiro que nasceu na cidade por volta de 1195, acabou por falecer em Pádua, na Itália, em 1231, razão por que é conhecido, também, como Santo Antônio de Pádua. Ou seja, de Lisboa ou Pádua, Santo Antônio é um mesmo santo.

Muito culto e inteligente, Santo Antônio logo se destacou entre seus pares por ser um excelente pregador. Seus sermões eram tão impactantes, assertivos e comoventes que lhe foi dado o apelido de malleus hereticorum (o martelo dos heréticos).
Há relatos históricos que ressaltam a presença de multidões de pessoas simples e de clérigos doutos, quando Santo Antônio pregava e exercia seu dom. Como era esperado, o ponto central de suas pregações abordava temas cruciais da sociedade daquela época, como a defesa dos pobres, o egoísmo dos ricos e o combate às heresias.
Muito embora o impacto da sua oração já não possa ser recuperado, o estilo e os conteúdos que abordava podem ser conhecidos através dos 77 sermões que sobreviveram e constam em sua obra publicada em edição crítica, Sermões Dominicais e Festivos.
E se o santo padroeiro merece todas as homenagens, a cidade de Lisboa, não deixa por menos, e se enfeita, todos os anos, para comemorá-lo em grande estilo.

Os comerciantes, confecionam e expõem em suas vitrines as famosas cascatas de Santo Antônio, uma espécie de artesanato feito com materiais reciclados e papel machê, enquanto os lisboetas enfeitam as portas e janelas de suas casas com adereços coloridos.
É na Avenida da Liberdade, principal avenida da cidade, que a festa oficial acontece e dá espaço ao desfile das marchas populares que se apresentam em busca do melhor desfile e do título de campeã do ano. Tudo é pensado aos detalhes, desde as fantasias coloridas até a coreografia ritmada.
Se o leitor acredita que a festa fica circunscrita à famosa avenida, engana-se redondamente, uma vez que toda a cidade se enche de cor, música e os bailaricos acontecem por todos as freguesias, deixando moradores e turistas em estado de êxtase como se vivessem, mesmo que só por um dia, em um universo paralelo.
E como todo folião merece carregar as baterias, o cardápio tipicamente português não deixa a desejar, e tem sardinha frita, caldo verde, pão com chouriço, broa de milho e vinho, tudo em quantidades inimagináveis.
Conhecido como santo casamenteiro no Brasil, o santo é também muito requisitado Em Terras Lusas. E os pedidos são variados, da melhoria da saúde à prosperidade financeira. Mas é na área sentimental que o santo parece fazer mais sucesso.

Não há moça casamenteira que não seja devota de Santo Antônio e não tenha um dia feito uma promessa ou recitado a oração tradicional em busca de sua alma gêmea: “Se o bendito Santo António / este ano me casar / cá voltarei para o ano / pôr flores no seu altar.”
Que Santo Antônio tem uma legião de fiéis não é novidade nenhuma. Afinal, não se constrói uma reputação, há séculos, sem mostrar serviço, não? Portanto caro leitor, não custa nada tentar. Acenda uma vela a Santo Antônio e faça as suas vênias ao santo mais popular de Portugal.
