A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo divulgou nesta quinta-feira (18) as identidades de dois suspeitos de envolvimento na execução de Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil, morto na última segunda-feira (15), em Praia Grande (SP).
Os investigados são Felipe Avelino da Silva e Flávio Henrique Ferreira de Souza. Segundo o secretário Guilherme Derrite, ambos tiveram as impressões digitais encontradas em um dos veículos utilizados no crime, e Felipe já possuía passagens por tráfico e roubo desde a adolescência.
A divulgação ocorre após a prisão temporária de Dahesly Oliveira Pires, de 25 anos, determinada na quarta-feira (17) pela Justiça paulista. Segundo a investigação, ela teria transportado um dos fuzis utilizados na ação. À Polícia Civil, a jovem afirmou desconhecer o conteúdo da sacola que carregava entre Praia Grande e a Grande São Paulo. Ela prestou depoimento no Departamento de Homicídios e foi levada ao 6º Distrito Policial, no Cambuci, durante a madrugada.

Emboscada no centro de Praia Grande
O crime ocorreu no início da noite de segunda-feira (15), na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, bairro Nova Mirim. Fontes, de 64 anos, havia acabado de sair da sede da Prefeitura, onde atuava como secretário de Administração desde 2023, quando foi surpreendido pelos criminosos. O grupo aguardava em um carro estacionado há pelo menos 15 minutos próximo ao Paço Municipal.
Assim que o ex-delegado deixou o prédio e acessou a avenida, os criminosos iniciaram a perseguição. Fontes tentou escapar por ruas paralelas, mas perdeu o controle da direção, bateu em dois ônibus e capotou. Em seguida, três homens encapuzados e com coletes à prova de balas desceram do carro e cercaram o veículo da vítima. Dois atiraram com fuzis diretamente contra o ex-delegado; o terceiro impediu a aproximação de testemunhas.
A perícia contabilizou mais de 20 disparos, concentrados principalmente no abdômen e nos membros inferiores da vítima. A arma de Fontes, uma pistola 9 mm, estava guardada na bolsa com o cartucho intacto, indicando que ele não teve tempo de reagir.
Vestígios de disparos também foram identificados pela Guarda Civil Municipal ao longo do trajeto percorrido pelos veículos, incluindo as imediações da Secretaria Municipal de Educação.

Linha de investigação
As autoridades não descartam que o crime tenha sido uma retaliação ordenada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Fontes foi o primeiro delegado a combater diretamente a facção e comandou, à época, a prisão de seu principal líder, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Em diversos documentos e interceptações, ele era citado como inimigo pela cúpula da organização criminosa.
Além da hipótese de vingança, também é considerada a possibilidade de motivação local. Fontes, que demonstrava incômodo com a ausência de escolta e relatava ameaças recentes, teria iniciado investigações sobre possíveis fraudes em licitações na região da Baixada Santista. Informações preliminares indicam que ele investigava contratos ligados à gestão municipal.