Professora constrói legado de resistência contra o racismo em São Vicente

Cristina Aparecida encontrou na educação chance de mudar de vida e se tornar voz ativa contra o preconceito
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Cristina Aparecida Cirino, professora de 42 anos de São Vicente, na Baixada Santista, sempre viu nos estudos a oportunidade de superar dificuldades. Filha de um pedreiro e uma servente escolar, ela compartilha sua trajetória de vida neste Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, celebrado hoje (21).

Para Cristina, a representatividade negra na educação é fundamental. Inspirada pelo tio, o único parente que conseguiu concluir os estudos na vida adulta, Cristina enxerga a educação como uma ferramenta de transformação social. Mesmo sendo uma aluna dedicada, ela vivenciou episódios de racismo na escola.

Isso não fez com que esta desistisse. Com o tempo, percebeu que a educação também poderia ser um meio de resistência e decidiu atuar na escola pública, buscando incentivar outras crianças negras a acreditarem em seus sonhos. Hoje, ela faz parte do Programa ‘Somos Muitas Cores’ (Procor), que promove consciência racial nas instituições municipais de São Vicente.

São Vicente promove ações de equidade e letramento racial

Criado após um caso de racismo pela secretária de Educação, Nívea Marsili, o Procor busca promover a equidade racial [oportunidades justas de desenvolvimento] nas escolas municipais. Entre as ações, estão o Protocolo de Combate ao Racismo, materiais educativos e discussões sobre letramento racial [educação antirracista].

Cristina acredita que a presença de professores negros na rede de ensino é fundamental para fortalecer o senso de pertencimento dos alunos pretos e pardos. “Desde cedo, aprendi que não podia me dar ao luxo de errar. O que para uns é um equívoco, para nós é uma sentença”, desabafa Cristina.


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Já a secretária acredita que as crianças têm o poder de fazer um futuro diferente, com mais equidade. “Somos herança de séculos de escravidão, a desigualdade está presente, assim como o racismo. Mas, na educação de São Vicente, a pauta é central, e todos os dias lutamos e lutaremos para diminuí-la”, afirma Nívea.

Professora encontrou na educação chance de lutar contra o preconceito – Foto: Prefeitura de São Vicente

Dia Internacional Contra a Discriminação Racial

A data foi proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1966, em memória ao massacre de Sharpeville, ocorrido em 1960, na África do Sul. Na ocasião, mais de 20 mil pessoas negras protestaram contra a Lei da Posse, imposta pelo Partido Nacional, como parte da luta contra o racismo durante o Apartheid.

No Brasil, os casos de racismo aumentaram consideravelmente nos últimos anos. Entre 2018 e 2022, houve um crescimento de aproximadamente 30% nos registros de discriminação racial. A população negra segue sendo a maior vítima de homicídios, representando 77,9% dos casos de mortes violentas no país.

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