Com 360 anos quase completados, Atibaia segue como um ponto recorrente de interesse nacional — não apenas por sua fundação atrelada às rotas dos bandeirantes paulistas rumo às Minas Gerais, mas também por sua constante presença nas páginas da imprensa, entre acidentes rodoviários, escândalos políticos e episódios de repercussão internacional.
De 1886 aos desdobramentos da Lava Jato, a cidade paulista tem protagonizado manchetes que atravessam séculos e camadas sociais distintas. Seja por sua origem histórica ou por sua presença constante no centro de conflitos políticos, policiais e sociais, Atibaia sustenta uma trajetória marcada por episódios emblemáticos.
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Apesar da cidade estar completando mais de três séculos, o materialismo histórico não se estende para mais do que o século 19, limitando-se a manchetes registradas pela imprensa ou somente pelas ruas de pedras que datam outrora.
A redação do VTVNews separou as principais vezes em que Atibaia estampou a primeira página dos jornais paulistas. Para ilustrar isso, a redação explorou o antigo acervo de antigos jornais do Brasil e de cidade.
Do descaso nas estradas à imprensa literária do século XIX
Já no final do século XIX, Atibaia aparecia nos jornais por conta da precariedade de suas vias de acesso. Um registro de 1876 denunciava o estado deplorável do caminho entre a Estação do Bethlém e Atibaia, com mato fechando a estrada, pontes em ruínas e risco constante aos viajantes.
Correspondências de 1886 publicadas no Estadão relatam o cotidiano da cidade com um tom ora satírico, ora indignado, evidenciando um embate político sobre melhorias públicas, sessões frustradas da Câmara e a criação do mercado municipal como avanço.
Saindo da precariedade das vias férreas e migrando para as rodovias, as estrada que cortam Atibaia protagonizaram diversos episódios. Em 1978, um caminhão tombou na Rodovia Pedro I e caiu no Rio Atibaia, causando a única morte registrada nas estradas paulistas naquele feriado prolongado. O trânsito intenso e os congestionamentos se tornaram elementos corriqueiros nos feriados religiosos e seguem sendo pauta recorrente nos órgãos de fiscalização.
Ao final do século XIX, em 1888 A Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, proposição que acabou com a escravatura. O Quilombo Urbano de Atibaia, Negra Visão, guarda em seu museu um antigo jornal de 14 de maio daquele ano que narra a sanção da lei.
Mortes emblemáticas e crimes de repercussão
A partir do século XX, os episódios envolvendo Atibaia ganham novos contornos. Em 1980, o ex-nazista Gustav Franz Wagner, um dos principais responsáveis pelo campo de extermínio de Sobibor, responsável pela morte de mais de 100 mil judeus e presos pela ditadura de Hitler, foi encontrado morto com uma facada no coração na cidade. O caso foi tratado como suicídio, mas permanece como um dos momentos mais obscuros da história local.
A redação do VTVNews teve acesso ao inquérito policial da morte de Wagner, que diz: “consta que supra qualificado, na data de hoje [03/10/1980], por volta das 13h, se suicidará“. Wagner era caseiro em um sítio na Pedra Grande, onde viveu por anos antes de ser descoberto.
Três anos depois, em 1983, a Polícia Federal interceptou um carregamento de 20 quilos de cocaína escondido dentro de um botijão de gás, transportado da Bolívia por traficantes que pousaram no aeroporto da cidade. A operação foi resultado de seis meses de investigações.
Já em 1998, o promotor Igor Ferreira da Silva foi denunciado pelo assassinato da própria esposa, grávida de oito meses, ao chegar em casa com ele, em Atibaia. O crime teve ampla repercussão e desmontou a versão inicial apresentada pelo promotor à polícia.
Conflitos políticos e denúncias de moralidade pública
A década de 1980 também marcou a cassação do mandato do vereador Pedro Yoshiro Tomimaga, que se recusou a receber subsídios retroativos por considerá-los imorais. A atitude foi classificada pela Câmara como demagógica e ofensiva ao Legislativo, resultando em seu afastamento. A resposta popular veio com a articulação de uma ação coletiva contra os gastos públicos considerados abusivos.
Desastres naturais e escândalos nacionais
Em 2010, mais de 1.300 pessoas foram desalojadas após o transbordamento de uma represa elevar o nível do Rio Atibaia, que invadiu casas, isolou condomínios de alto padrão e comprometeu a estação de tratamento de esgoto.
Já em 2017, a cidade voltou ao noticiário político com o processo criminal envolvendo o ex-presidente Lula. O juiz Sérgio Moro aceitou denúncia do MPF no caso do sítio de Atibaia, onde, segundo a acusação, empreiteiras realizaram obras em troca de contratos com a Petrobras. O petista virou réu por corrupção e lavagem de dinheiro.
Três anos depois, a cidade voltou às manchetes com a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, segundo o jornal Estadão localizado em uma casa pertencente a Frederick Wassef, advogado do senador. A operação fortaleceu as investigações sobre o suposto esquema de “rachadinhas” na Alerj e as suspeitas de interferência na Polícia Federal.
Atibaia segue com casos polêmicos
Somente nesta semana, dois casos infames chamaram a atenção da mídia em Atibaia. Um homem de 37 anos, procurado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, suspeito de chefiar um grupo de milicianos, foi preso na manhã na terça-feira (10) no bairro Nova Atibaia, interior paulista. Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o homem é apontado como principal suspeito de integrar um grupo envolvido em disputas territoriais entre facções criminosas na região metropolitana fluminense.
Um dia antes, uma mulher de 37 anos foi encontrada morta em um quarto de motel localizado às margens da Rodovia Fernão Dias. Segundo o boletim de ocorrência, não foram constatados indícios visíveis de violência ou crime consumado no local. O corpo foi descoberto por volta das 2h da manhã por um motoboy que relatou ter marcado encontro com a mulher por meio da rede social Facebook.
