A Unicamp anunciou nesta terça-feira (30) a rescisão unilateral do convênio firmado com o Instituto Tecnológico Technion, de Israel. O anúncio foi feito pelo reitor Paulo Cesar Montagner durante sessão do Conselho Universitário (Consu) e ocorre, segundo ele, como protesto às ações do governo israelense na Faixa de Gaza.
O documento que formalizou a decisão registra que a Universidade vinha acompanhando “com preocupação” a escalada do conflito e afirma que as “violações aos direitos humanos e à dignidade da população palestina se transformaram em uma constante inaceitável”.
Montagner lembrou que a Unicamp já havia se manifestado em outras ocasiões e classificou a medida como reafirmação “do seu posicionamento contrário ao genocídio da população palestina”.
Convênio acadêmico
O acordo entre as duas instituições previa coooperação acadêmica, intercâmbio de docentes, pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação, com reconhecimento de créditos obtidos na universidade parceira. O reitor ressaltou que a decisão também reflete o posicionamento do governo brasileiro, que condena as ações israelenses na região, e segue movimento semelhante de outras universidades no mundo.

Pressão estudantil
Durante todo o dia, estudantes acamparam nas imediações da Reitoria à espera da votação de uma moção que pedia o fim da colaboração com o instituto israelense. A moção não chegou a ser votada devido ao anúncio do rompimento. A diretora da Faculdade de Educação, professora Débora Jefrey, disse que o tema tem sido debatido entre docentes e discentes e que a unidade aprovou uma moção de repúdio contra o que chamou de “atrocidades” cometidas por Israel. “Somos pela vida. Somos contra o genocídio”, declarou.
O conselheiro Angelo Basi informou durante a sessão sobre a presença da servidora da Unicamp e vereadora Mariana Conti na Global Sumud Flotilla, embarcação que tenta levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. “Estamos a 200 milhas náuticas. Já estamos na zona de risco”, relatou ele.
“Trata-se de pessoas que, por amor, estão colocando a própria vida em risco”, alertou o conselheiro.