Desde o início de junho, uma onda ataques a ônibus públicos atinge a cidade de São Paulo, Grande SP e o litoral paulista. Mais de 280 veículos foram vandalizados, sendo a maior parte com vidros quebrados por pedradas. A situação preocupa autoridades e impacta diretamente a população que depende do transporte coletivo.
Zona Sul concentra maioria dos casos
A Polícia Civil contabiliza entre 160 e 180 ataques a ônibus oficialmente registrados, com cerca de 60% ocorrendo na Zona Sul da capital. Regiões como Cupecê, Engenheiro Armando de Arruda Pereira, Vereador João de Luca e Rua Assembleia estão entre as mais afetadas.
A SPTrans, por sua vez, reporta 235 ônibus vandalizados na capital desde 12 de junho. O número maior pode indicar subnotificação, já que nem todas as empresas formalizam boletins de ocorrência.
Cidades afetadas e número de casos
Além da capital, os ataques se espalharam por outras cidades da Grande São Paulo e do litoral:
- São Paulo: 235
- Santo André: 13
- Osasco: 12
- Santos: 11
- Taboão da Serra: 6
- São Bernardo do Campo: 2
- Mauá: 1
Por que os ônibus estão sendo atacados?
Apesar das especulações, a motivação dos ataques a ônibus ainda é um mistério. Durante coletiva de imprensa nesta quinta (3), o DEIC afirmou que não há, até o momento, indícios claros de envolvimento de facções criminosas. “Por ora, afastamos essa hipótese pela ausência de um propósito específico”, disse um dos investigadores.
O foco agora está em apurar se os ataques podem estar ligados a:
- Desafios em redes sociais, com possível envolvimento de adolescentes
- Retaliação à instalação de câmeras nos ônibus, que alguns acreditam fazer reconhecimento facial
- Disputa entre empresas de transporte, como represália pela perda de contratos na Zona Sul
Um ponto levantado na coletiva do DEIC indica que há vídeos em análise e mapeamento das regiões e horários dos ataques. A maioria ocorre entre 20h e 23h.
PM reforça policiamento
A Polícia Militar anunciou a operação Impacto Proteção a Coletivos, com mais de 3.600 viaturas e quase 8 mil policiais nas ruas. Motos da PM estão sendo direcionadas para “pinçamentos” em áreas críticas, principalmente na Zona Sul da capital, que concentra 60% dos ataques.
Além disso, a prefeitura de São Paulo concentrou o registro dos casos em duas delegacias, uma na capital e outra no ABC, para agilizar as investigações.
Passageiros e motoristas estão seguros?
Em um dos ataques mais graves, uma pedra atingiu o rosto de uma passageira, que fraturou o nariz. A SPTrans informa que, ao detectar danos em um ônibus, a empresa responsável deve substituí-lo por outro da reserva técnica. Caso não o faça, a concessionária recebe penalização pela falha no atendimento.
A Mobibrasil, uma das operadoras afetadas, lamentou os casos e reforçou que está prestando apoio às vítimas, inclusive acompanhando a recuperação da passageira ferida.
Investigação monitora redes sociais
O DEIC confirmou que monitora plataformas digitais por meio da inteligência cibernética. Embora ainda não haja provas concretas, investiga-se se os ataques estão ligados a “desafios” online ou efeito manada, onde um ato estimula a repetição por outros jovens.
Até o momento, dois homens foram presos, um em Diadema e outro em São Bernardo. Segundo a polícia, ambos não se encaixam no padrão geral dos casos e parecem ações isoladas.
População pode colaborar com denúncias
As autoridades reforçam o pedido para a população denunciar qualquer movimentação suspeita. As denúncias podem ser feitas anonimamente pelo Disque Denúncia 181 ou pelo telefone de emergência 190, em caso de flagrante.