Centenas de passageiros, 12 horas de fila e overbooking: saiba como foi o embarque ‘impedido’ no Porto de Santos

Cruzeiro zarpou, deixando centenas de passageiros para trás devido à 'falta de capacidade'; advogado explica condição
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O que deveria ser uma viagem dos sonhos para centenas de famílias virou um pesadelo no Porto de Santos, na Baixada Santista. Passageiros do cruzeiro temático “Energia On Board” enfrentaram filas de mais de 15 horas. O resultado? Muitos não conseguiram embarcar no navio Costa Pacifica pela “falta de capacidade”, e o caso foi registrado como estelionato pela 5ª Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur).

Fretado pela On Board Entretenimento, o cruzeiro prometia shows de ícones dos anos 80, como Paulo Ricardo e Sandra de Sá. Os pacotes variavam de R$ 5 mil a R$ 12 mil e ofereciam oportunidade de lazer, porém, a partida, marcada para a última quinta-feira (20), sofreu atrasos e só ocorreu na madrugada de sexta (21).

O caos teve início no terminal administrado pelo Concais. Conforme boletim de ocorrência obtido pela reportagem, 3.404 passageiros deveriam desembarcar antes de embarcar 1.953 novos turistas. No entanto, a empresa responsável informou que 250 passageiros não poderiam embarcar devido à superlotação.

A confusão gerou tumulto e exigiu a intervenção das polícias Civil e Federal, além da Guarda Portuária e segurança do terminal. Ao VTV News, o vendedor Junior Modena, de 44 anos, relatou os transtornos emocionais e financeiros. Morador de São Bernardo, ele havia investido no cruzeiro para aproveitar com a namorada.

Transtornos

“A gente havia feito a compra do pacote um tempo atrás. Esperávamos o voucher [documento que comprova a reserva], mas nada foi enviado. Prometeram que os documentos chegariam 48 horas antes e, no dia anterior ao embarque, avisaram que haveria uma força-tarefa no terminal. Mas a situação só piorou”, conta Modena.

Chegando às 13h20 para o embarque marcado às 16h, ele e a namorada depararam com filas gigantescas. “Chega lá, eram três pessoas atendendo 1500”, afirma. Entretanto, depois de preencher um papel com dados pessoais, o casal foi enviado para outra fila no galpão do Porto, onde havia água quente e a única opção de comida era macarrão estantâneo e salgadinhos aos passageiros.

“Nos informaram que o embarque seria às 16h, mas até às 23h, ainda não tínhamos embarcado”.

Após horas de espera, uma advogada – identificada como representante da companhia marítima – apareceu para explicar aos passageiros que o embarque havia sido afetado por overbooking. “Esperaram até a última pessoa embarcar”, disse. “Tinha gente passando mal, minha mulher não parava de chorar”. O casal havia pago cerca de R$ 5.300, mas ainda não recebeu reembolso ou qualquer compensação.

Junior também relata que já havia feito outros cruzeiros pela empresa de shows em alto mar, sempre “tranquilos”, mas após a mudança para a On Board, a experiência foi ‘totalmente diferente’. “Foi um caos absoluto. Nunca vi isso acontecer antes”, afirmou. O retorno, porém, aconteceria na manhã de domingo (23).

O que disse a operadora do navio, Costa Cruzeiros?

Em nota, a Costa Cruzeiros, operadora do navio, lamentou o ocorrido, informando que cerca de 100 hóspedes não conseguiram embarcar no cruzeiro. A companhia explicou que alguns passageiros não apresentaram os formulários de embarque ou números de reserva, o que, portanto, gerou um atraso no processo de check-in.

Contudo, a empresa alegou que, devido a essa falha, a partida foi adiada para as 2h da madrugada de sexta-feira (21). “De fato, alguns hóspedes compareceram sem os formulários de embarque necessários e/ou números de reserva”, disse a Costa Cruzeiros.


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Além disso, a Costa também esclareceu que a responsabilidade pela organização do cruzeiro, incluindo o envio das listas de passageiros para embarque, é da On Board Entretenimento, empresa responsável pelo evento temático. A companhia destacou, portanto, que a administração e o planejamento da viagem estão sob a responsabilidade do afretador.

Por fim, a Costa Cruzeiros orientou os hóspedes afetados a entrarem em contato diretamente com a On Board Entretenimento. “A Costa fez tudo o que foi possível para permitir o embarque das pessoas que compareceram sem os documentos necessários”, concluiu a nota.

O que disse a responsável pelo evento e lista de passageiros, On Board Entretenimento?

Já a On Board Entretenimento, empresa que fretou o navio e era responsável pela lista de passageiros, informou que lamenta o incidente ocorrido no embarque do cruzeiro. Em nota, a empresa reconheceu ‘falhas operacionais e técnicas’ que impediram alguns passageiros de embarcar e pediu desculpas pelo transtorno causado.

Na declaração, a On Board informou que, apesar da capacidade do navio não ter sido ultrapassada, o incidente afetou os planos dos passageiros. “Todos os passageiros que não embarcaram terão seus casos analisados individualmente”, afirmou a empresa, assim como garantiu reembolsos para cobrir custos extras enfrentados.

Além disso, a empresa destacou que arcou com os custos de transfer e hospedagem para os passageiros que viajaram de longe. “Oferecemos todo o suporte necessário para minimizar os transtornos”, garantiu a On Board. Também se comprometeu a ‘dar a assistência necessária para quem ficou prejudicado’.

A On Board Entretenimento concluiu, por fim, que está investigando as causas e tomando as medidas para evitar novos contratempos. “Estamos trabalhando ativamente para garantir que isso não aconteça novamente”.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), polícia investiga um homem de 40 anos, suspeito de vender mais passagens do que o permitido para o cruzeiro – Foto/reprodução: arquivo pessoal

Passageiros não embarcaram em navio devido a overbooking; entenda o que significa o termo

O advogado Rafael Quaresma, especialista em Direito do Consumidor, explicou à reportagem o conceito de overbooking e as possíveis ações legais para os passageiros afetados. Ele destacou que a prática ocorre quando uma empresa vende mais vagas do que a capacidade disponível, como no caso do cruzeiro Energia On Board.

Quaresma explicou que o overbooking é como vender mais passagens do que lugares disponíveis, esperando que alguns passageiros desistam. “O problema surge quando ninguém desiste, o que leva à impossibilidade de embarque para alguns”, detalhou. Além disso, ressaltou que essa prática pode prejudicar muitos consumidores.

Segundo o advogado, o Código de Defesa do Consumidor considera o overbooking como uma prática abusiva. Isso garante aos passageiros o direito ao reembolso integral e a possibilidade de exigir o cumprimento forçado da obrigação, como outro cruzeiro, além de indenização por danos morais quando denunciado à Agência Nacional de Transportes Aquaviários.

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