Participante do grupo Legendários, Rodrigo Nunes de Oliveira, de 40 anos, morreu no último sábado, 28, após sofrer uma crise convulsiva durante uma trilha, em Rondonópolis, no interior do Estado do Mato Grosso. Segundo informações, o evento contava com a participação de aproximadamente 150 homens.
A vítima foi socorrida e levada ao Hospital Regional de Rondonópolis, onde chegou a ser intubada, mas não resistiu e morreu horas depois de dar entrada na unidade de saúde. Ainda não há informações sobre o que poderia ter causado a crise fatal.
Continua após a publicidade
Participante do grupo Legendários morre durante evento
De acordo com a organização do evento, a principal atividade realizada durante o encontro é o Track Outdoor de Potencial, conhecido como TOP. A prática é uma imersão de 72 horas na natureza com foco em superação de desafios. Os custos para participar do “Legendários” variam de R$ 81 mil a R$ 450 mil, conforme local onde o evento será sediado e a estrutura montada.
Com 40 anos, Rodrigo Nunes de Oliveira atuava na área de segurança do trabalho. Em suas redes sociais, o homem se identificava como casado, pai de dois filhos e cristão metodista. O sepultamento aconteceu no cemitério de Rondonópolis.
Entenda o movimento que virou febre no país
O Legendários é um movimento cristão voltado exclusivamente para homens, criado com o objetivo de promover experiências de imersão espiritual, autoconhecimento, superação de limites físicos e fortalecimento da masculinidade sob uma perspectiva religiosa. O grupo nasceu em igrejas evangélicas do Brasil e tem ganhado popularidade nos últimos anos, especialmente entre fiéis de denominações neopentecostais.
A proposta principal é o chamado TOP (Track Outdoor de Potencial), uma espécie de “retiro radical”, com atividades que incluem trilhas, caminhadas noturnas, provas físicas e emocionais intensas, acampamentos e momentos de reflexão espiritual. Durante o evento, os participantes são submetidos a desafios em ambientes de mata ou montanha, sempre com mensagens bíblicas e discursos motivacionais que misturam fé, disciplina e resgate de valores tradicionais.
O grupo também adota uma estética militarizada e simbologia forte: os homens usam camisetas com frases de impacto, bandeiras com lemas do movimento e há rituais de “passagem” que marcam a conclusão das atividades. Em algumas versões mais estruturadas, os participantes são orientados por pastores, coaches e ex-militares convertidos.
Embora tenha atraído milhares de seguidores no Brasil, o movimento também é alvo de críticas por adotar um discurso considerado por especialistas como ultraconservador, com foco na virilidade e no papel do homem como líder espiritual e provedor da família. Também há preocupação quanto à falta de preparo médico em atividades físicas de alta exigência.
