Minhas últimas colunas se dedicaram ao lado menos luminoso de Portugal. Falei do caos da imigração, da falta do senso de urgência português e valha-me lá, dos imigrantes que também imigram, abandonando Portugal por uma vida melhor.
Entretanto, nem só de problemas vive Portugal. Como o verão está à nossa porta, e considerando que o país tem muitas ilhas de excelência, a coluna desta semana tem a intenção de mostrar aos leitores uma preciosidade no Alentejo.
Para começo de conversa é sempre bom ressaltar que o Alentejo, cuja capital é Évora, é um exlibris de Portugal. De clima quente e seco, a região é famosa pela produção vinícola, de cortiça, pelos olivais e a criação de gado.
Situado a sudeste do país,com uma população de quase quinhentos mil habitantes, o Alentejo é dividido em quatro regiões, o Alto Alentejo, o Alentejo Central, o Alentejo Litoral e o Baixo Alentejo.
Para mim, e acredito que para muitos turistas que lá estiveram, a joia rara do Alentejo é o Hotel Convento de São Paulo. Situado na Serra d’Ossa, entre Estremoz e Redondo, o Convento é considerado uma verdadeira obra de arte.

Construído em 1182 no coração do Alentejo pela Ordem dos Monges Ermitas de São Paulo, o convento é um dos edifícios mais emblemáticos do seu tempo e conserva algumas das suas características originais.
Pelas suas salas e corredores passaram verdadeiras lendas da História de Portugal, como D. Sebastião, D. João IV e D. Catarina de Bragança. Para que não reste dúvidas sobre isso, a tela restaurada pelo Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa retrata a visita de D. Sebastião a este espaço em finais de 1577 e está colocada na Biblioteca do Convento.
Para quem é entusiasta da azulejaria portuguesa, é bom saber que as paredes do Convento de São Paulo são compostas por 54 mil azulejos. Isso mesmo caro leitor, 54 mil azulejos.

Conhecida como a maior coleção privada do país, o azul-cobalto que reveste os corredores e escadarias do convento remonta aos reinados de D. João V (1706-1750) e D. José I (1750-1777), e forma um conjunto monumental produzido pelas melhores oficinas de Lisboa.
Parte desta coleção foi encomendada por mecenas para espaços específicos do convento, como os da Capela do Bispo, onde é possível reconhecer a assinatura de António de Oliveira Bernardes, ou os da Capela de Nossa Senhora da Conceição, cuja autoria pertence a Gabriel del Barco.
No entanto, a maioria dos painéis é obra de um autor desconhecido que assinou com o monograma P.M.P. que está por detrás de uma obra de artesanato excepcional.
Como se tanta beleza não fosse o suficiente para fazer as malas e ir visitar essa preciosidade, há ainda que se falar das fontes florentinas espalhadas no interior e exterior do hotel.


A Fonte do Leão, junto à entrada principal, foi durante vários anos um destino de peregrinação. No Jardim das Quatro Estações, encontra-se a Fonte do Dragão, classificada como Monumento Nacional. Na Portaria Nova é possível encontrar a Fonte dos Golfinhos, que data da segunda metade do século XVIII.
O Restaurante situado na Capela do Bispo, cuja construção data da primeira década de setecentos, é outro espaço a se apreciar e ficar atento aos detalhes que são de uma beleza incontestável.
Alguns destaques do cardápio incluem os croquetes do chefe, a tábua de enchidos regionais e os queijos como entrada. Mas há ainda, sopa de tomate, bacalhau à Ermita, bochechas de porco com migas de aspargos salteados e como sobremesa a marquise de chocolate. Iguarias que deixam os hóspedes sempre de boca aberta.
Com quartos amplos, claros e com uma decoração elegante e aconchegante, o Convento ainda tem duas piscinas de tirar o fôlego, como a piscina do Lago que oferece momentos únicos de lazer e descanso.
Se nosso leitor quer experienciar uma vivência única e cercar-se de beleza, conforto, tradição e paz, o Hotel Convento São Paulo é sem dúvida a opção certa no Alentejo.