À medida que nos aproximamos do período de plantio de inverno do trigo, é fundamental destacar o trabalho inovador realizado pela startup de inteligência de genética de solo, GoSolos. Essa iniciativa oferece suporte aos produtores agrícolas ao fornecer informações genéticas precisas sobre os microrganismos do solo, quebrando paradigmas e impulsionando a nova revolução tecnológica no campo. Ao conscientizar os agricultores sobre a importância de compreender a comunidade microbiana do solo, a GoSolos está pavimentando o caminho para o sucesso agronômico em diversas culturas.
Um exemplo emblemático dessa inovação é a capacidade da GoSolos de detectar a doença Giberela (Gibberellazea) antes do plantio, conhecida como fusariose (Fusariumgraminearum), que representa uma das maiores ameaças à cultura do trigo. Esta doença não apenas reduz a produtividade das lavouras, mas também contamina os grãos com micotoxinas, introduzindo substâncias prejudiciais à saúde humana e animal. Com a incidência crescente da Giberela, especialmente na região Sul do Brasil, onde a produção de cereais é significativa, a detecção precoce torna-se crucial.
Conversando com o pesquisador Tiago Jarek, especialista em Fitopatologia da GoSolos, descobrimos que técnicas revolucionárias, como a metagenômica, possibilita aos agricultores identificar a presença do DNA da Giberela no solo antes mesmo que ela infecte as plantas. Essa detecção precoce não apenas ajuda a prevenir a propagação da doença, mas também permite medidas proativas para proteger a lavoura.
A importância de detectar a Giberela no solo não pode ser subestimada. Ao quantificar a presença desse fungo antes do plantio, os agricultores podem implementar estratégias de manejo específicas, como a escolha do talhão a ser plantado, opção de variedades resistentes e planejamento da aplicação de fungicidas. Essas medidas não apenas reduzem os riscos de perdas significativas de colheitas, mas também promovem práticas agrícolas mais sustentáveis e conscientes do meio ambiente.
Os sintomas característicos da Giberela, como “aristas arrepiadas” e despigmentação das espiguetas, são facilmente identificados em campo, contudo esses sinais aparecem apenas no final do ciclo da planta, quando não há mais o que fazer. Além disso, a doença causa abortamento floral e má formação dos grãos, reduzindo a produtividade agrícola. Estudos mostram que a Giberela pode causar perdas médias superiores a 18% na produtividade da lavoura, com registros de perdas superiores a 60% em áreas fortemente afetadas no Brasil.
Além do impacto na produtividade, o fungo causador daGiberela produz micotoxinas, como a deoxinivalenol (DON), altamente tóxicas para humanos e animais, que podem causar uma série de sintomas adversos e até mesmo levar à morte quando ingerida em altas doses, destacando a importância da análise rigorosa de grãos e produtos derivados do trigo pela Anvisa.
Em resposta a essa ameaça, a Abitrigo, em parceria com a Embrapa, lançou uma cartilha informativa para orientar os produtores sobre os problemas das micotoxinas e as boas práticas agrícolas para controlar a Giberela. Investir na detecção precoce da Giberela no solo é imperativo para fortalecer a resiliência das colheitas e garantir um abastecimento estável de alimentos para comunidades em todo o mundo.
Por meio da inovação tecnológica e do compromisso com a sustentabilidade, podemos enfrentar os desafios agrícolas do presente e do futuro, protegendo não apenas as nossas colheitas, mas também a saúde pública e o meio ambiente.