Indicação visual de conteúdo ao vivo no site
Indicação visual de conteúdo ao vivo

Do arado ao algoritmo: a inteligência artificial que está transformando o campo

O uso de IA no agronegócio veio pra ficar e, principalmente, viabilizar avanços e estudos mais detalhados
Do arado ao algoritmo: a inteligência artificial que está transformando o campo

Há pouco mais de meio século, a Revolução Verde levou máquinas, sementes aprimoradas e fertilizantes para as lavouras, mudando o modo de produzir alimentos em todo o planeta. Hoje, outra revolução está em curso – mais silenciosa, porém ainda mais profunda. Ela não se faz com tratores, mas com algoritmos. A inteligência artificial (IA) tornou-se o novo motor do agronegócio e, mais do que uma ferramenta, representa uma nova forma de pensar, planejar e cultivar o futuro da produção de alimentos.

Pesquisa aprofundada

Um estudo recente conduzido pela Embrapa e pela Unicamp analisou 239 publicações científicas sobre avaliação de impacto da pesquisa agrícola, produzidas entre 1969 e 2022. Usando técnicas de processamento de linguagem natural – uma das aplicações mais avançadas da IA -, os pesquisadores conseguiram identificar padrões, tendências e lacunas em mais de meio século de investigação. O resultado é um retrato da evolução da ciência agrícola e um mapa do que ainda precisa ser feito para enfrentar os desafios da sustentabilidade e da segurança alimentar.

Informações cruzadas

O levantamento mostrou que, desde os anos 2000, a agricultura vem passando de uma fase puramente quantitativa – focada em produtividade e eficiência – para abordagens mais equilibradas, que combinam dados e percepções qualitativas. Questões antes tratadas à margem, como mudanças climáticas, equidade e impactos sociais, ganharam destaque, refletindo uma nova consciência sobre o papel da ciência agrícola no mundo contemporâneo. A inteligência artificial permite cruzar informações antes desconectadas, interpretar grandes volumes de dados e orientar decisões com mais precisão e responsabilidade.

O estudo revelou que os temas ligados à sustentabilidade e gestão de recursos naturais devem crescer mais de 200% até 2030, mostrando o peso que a responsabilidade ambiental ganha dentro e fora das fazendas. Ao mesmo tempo, identificou lacunas importantes: culturas estratégicas como arroz, trigo, batata e inhame continuam pouco exploradas, aparecendo em apenas 10% das pesquisas analisadas. Esse dado evidencia a necessidade de equilibrar o foco entre inovação tecnológica e segurança alimentar.

O uso de IA permite, por exemplo, combinar diferentes abordagens para capturar todas as dimensões do impacto agrícola – Foto: Divulgação


Análises mais diversificadas

Além de acelerar a análise de dados, a inteligência artificial também amplia a diversidade metodológica das pesquisas. Questões sociais e ambientais complexas exigem múltiplas formas de avaliação, e a IA permite combinar diferentes abordagens para capturar todas as dimensões do impacto agrícola. Nesse sentido, a tecnologia não substitui o olhar humano, mas potencializa o conhecimento e fortalece a capacidade de decisão.

“Mais do que um avanço técnico, o uso da inteligência artificial nas avaliações de impacto reflete uma mudança de mentalidade. Medir resultados deixou de ser apenas uma forma de prestação de contas: tornou-se um compromisso ético, social e ambiental. As avaliações hoje conectam ciência e sociedade e estão alinhadas a conceitos como a Pesquisa e Inovação Responsáveis (RRI), que propõem uma ciência voltada ao bem comum. A IA se destaca nesse contexto ao transformar informação em estratégia, dados em decisões e ciência em impacto real.”

O campo sempre foi um laboratório vivo. A diferença é que, agora, parte das experiências acontece nas nuvens, nas redes neurais e nos bancos de dados. A inteligência artificial conecta o pequeno produtor ao grande pesquisador, o gestor público ao investidor privado, o laboratório ao planeta. Se a Revolução Verde foi movida por fertilizantes e mecanização, a próxima será movida por dados e algoritmos. A agricultura digital não é mais uma promessa – é o presente. E, como toda grande revolução, chegou para ficar.

As opiniões contidas nesse artigo são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, a opinião do VTV News.


Continua após a publicidade

Autor

  • Elcio Ramos

    Elcio Ramos é jornalista, fundador da Newslink Comunicação, empresa especializada em comunicação e relacionamento empresarial e diretor da Haka 360, consultoria especializada em estratégias de marketing.

VEJA TAMBÉM

teleton-2025-2

Recorde! Teleton 2025 supera meta e encerra com R$ 37 milhões arrecadados

marcus-teleton-2025

Desafio Teleton VTV arrecada R$ 200 mil e tem cheque entregue por Marcus Mansur no palco do SBT

marcus-teleton

VTV completa 13 anos de solidariedade no Teleton com entrega de cheque especial por Marcus Mansur

victão-teleton (1)

Apresentador Victor Faccioli leva carisma ao palco do Teleton 2025 em nome da VTV

Gostaria de receber as informações da região no seu e-mail?

Preencha seus dados para receber toda sexta-feira de manhã o resumo de notícias.