Os ataques entre Irã e Israel entraram no quarto dia nesta segunda-feira (16), com mísseis iranianos atingindo as cidades de Tel Aviv e Haifa durante a madrugada. Segundo o Ministério da Saúde iraniano, 224 pessoas já morreram e outras 1.277 ficaram feridas desde o começo do conflito.
Já do outro lado, o bombardeio iraniano deixou ao menos oito mortos e feriu cerca de cem pessoas, segundo autoridades israelenses. O governo de Israel respondeu afirmando que está próximo de alcançar os objetivos militares de neutralizar as ameaças nucleares e balísticas do regime iraniano.
A escalada ocorre em meio a declarações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que afirmou que o país está “no caminho para eliminar a ameaça nuclear e eliminar a ameaça dos mísseis”, durante visita à base aérea de Tel Nof.
Desde sexta-feira (13), forças israelenses vêm realizando ataques aéreos em território iraniano, mirando instalações militares e científicas associadas ao desenvolvimento nuclear.

Parlamento iraniano avalia saída do TNP
Segundo a agência Reuters, em resposta o Irã anunciou que seu parlamento estuda um projeto de lei para deixar o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), do qual é signatário. A proposta ainda está em fase inicial e, segundo o porta-voz da chancelaria iraniana, Esmaeil Baghaei, o governo coordenará com o Legislativo “nas fases posteriores”.
Embora negue o desenvolvimento de armamentos nucleares, o governo iraniano foi acusado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de violar obrigações assumidas no tratado. A hipótese de uma saída formal do TNP reacende preocupações entre potências ocidentais sobre as intenções do regime persa, que sustenta o caráter pacífico de seu programa nuclear.
Israel, por sua vez, é o único país do Oriente Médio que não aderiu ao tratado e é amplamente presumido como detentor de um arsenal atômico, embora nunca o tenha reconhecido oficialmente.
Alvo em Teerã e queda na moeda iraniana
Ainda nesta segunda-feira, as forças armadas de Israel anunciaram a morte de quatro altos oficiais da inteligência do Irã, incluindo o chefe da unidade de inteligência da Guarda Revolucionária. As ações fazem parte de uma série de ataques direcionados que atingem a cúpula militar e científica iraniana desde o início do confronto.
O impacto interno também já é sentido no Irã. O governo afirmou ter detido dezenas de supostos sabotadores e espiões com vínculos com Israel, classificando a operação como a mais grave crise de segurança desde a Revolução Islâmica de 1979. A moeda iraniana desvalorizou mais de 10% em relação ao dólar americano nos últimos dias.
Reações internacionais e tensão regional
A intensificação do conflito repercutiu na reunião do G7 no Canadá, onde o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou esperança na construção de um acordo para conter a escalada.
O avanço das hostilidades entre Irã e Israel soma-se aos desdobramentos da guerra em Gaza, onde o grupo Hamas — historicamente apoiado por Teerã — sofreu perdas significativas com a morte de lideranças, assim como o Hezbollah, no Líbano.
Em nota, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarou que “o ditador arrogante de Teerã se tornou um assassino covarde” e prometeu retaliações. Embora tenha dito que os residentes da capital iraniana “pagarão o preço em breve”, posteriormente afirmou que o país “não tem a intenção de atingir civis deliberadamente”.