Quem mora no Brasil, ou mais especificamente em São Paulo, sabe que o senso de urgência brasileiro, mesmo antes do advento da internet, sempre foi um dos mais elogiados no mundo assim como o dos americanos.
Não há e-mail recebido que fique sem resposta em menos de algumas horas ou comprovante de recebimento que não seja comunicado ao remetente quando solicitado.
No WhatsApp, o mesmo acontece. Tudo é respondido quase que de forma imediata e assim, imagino, acontece com as outras redes de comunicação. Ressalto as duas acima porque só uso e dou conta delas mesmo.
Em terras tupiniquins não responder a um e-mail em poucas horas ou não atender ou devolver uma ligação telefônica pode ser a diferença entre fazer um excelente negócio e conquistar um cliente novo ou perder um bom dinheiro e amargar com a mesma carteira de clientes.
Agilidade, presteza e feedbacks instantâneos são sinônimos de competência profissional, uma boa equipe de trabalho e honrar sua imagem profissional a todo custo.
Se esse comportamento reativo demonstra agilidade e nos deixa com a sensação de eficiência profissional pulsando em nosso sangue, em Terras Lusas as coisas não são bem assim.
Quando cheguei há dez anos, o senso de urgência português era muito pior do que é hoje, mesmo considerando que o atual está muito longe da mediana, infelizmente.
Arrisco a dizer que por aqui, um e-mail enviado, quando respondido, demora quase dez dias em média. E isso numa perspectiva bem otimista. O que se dizer de pedidos de comprovantes de recebimento ou abertura de e-mails ou mensagens? Esqueça.
Trago esse tema por conta de um vídeo que viralizou no Instagram essa semana e que escancarou a morosidade portuguesa causando constrangimento ao modo de estar português.
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Ao fato. Uma americana revelou em sua conta de Instagram – thecountryjumper – um fato bizarro que lhe aconteceu: ela recebeu em 16 de março desse ano uma ligação do banco perguntando se ela havia recebido uma carta enviada pelo banco em outubro do ano passado e que o gerente gostaria de esclarecer algumas dúvidas. Indignada, ela contou que não havia recebido carta alguma e disse que receber uma ligação do gerente 5 meses após o envio da suposta carta para dar explicações sobre um assunto, revela uma morosidade administrativa absurda e inadmissível. Perplexa, não lhe restou alternativa a não ser contar aos seus seguidores como as coisas realmente acontecem em Portugal. Óbvio que o vídeo repercutiu numa velocidade oposta à lentidão dos serviços bancários da americana e virou um meme nacional.
Comigo também aconteceu algo parecido. Uma vez enviei um e-mail às redações dos principais jornais portugueses alertando sobre o estado deplorável de uma praça perto da minha casa. Um ano depois, recebi um e-mail do jornal agradecendo a sugestão de pauta. Respondi ironicamente que ainda bem que a sugestão não se tratava de um “furo de reportagem”.
Se a rapidez e a prontidão podem ser consideradas como prova de eficiência e profissionalismo, há sempre o lado obscuro desse modus operandi e que causa imenso stress e prejudica nossa saúde física e mental.
Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, mas convenhamos, demorar mais do que 48 horas para dar uma resposta a um e-mail em pleno século XXI beira a total falta de proatividade e desrespeito às regras mais elementares de como se comportar com civilidade na internet.
Portanto, caros leitores, fiquem atentos e respondam seus e-mails o mais rapidamente possível, e caso não consigam respondê-los de imediato, confirmem o recebimento e a abertura de vossas mensagens.
Lembrem-se que há muitos concorrentes no mercado ávidos para prestar um serviço que você ou sua empresa está negligenciando.