Na véspera de seu 27º aniversário, Brenda Bulhões, empresária assassinada no dia 29 de novembro, foi lembrada em um protesto contra o feminicídio. O ato aconteceu no domingo (8), na Praça 14 Bis, em Vicente de Carvalho, Guarujá, e reuniu amigos, familiares e pessoas que se solidarizaram com a perda.
Ao som de músicas de empoderamento, a frase “Pela Brenda e por todas nós” foi um dos momentos marcantes do protesto, que refletiu o apelo das mulheres por mais segurança e valorização da vida feminina. Cartazes com mensagens semelhantes reforçaram a luta por justiça e proteção feminina.
De acordo com Mariana Corrêa Simões, idealizadora do protesto, o objetivo foi dar voz às mulheres silenciadas pela violência. “Muitas mulheres estão em casa, sofrendo abuso, vivendo com medo e esperando suas sentenças de morte. Queremos dar voz a essas mulheres e encorajá-las a lutar. É preciso acabar com a impunidade do feminicídio“, afirmou.
O feminicídio, conforme a Lei nº 13.104/2015, é o assassinato de mulheres motivado por questões de gênero. A lei considera feminicídio quando o crime ocorre em contexto de violência doméstica ou familiar, ou por discriminação à condição feminina. A tipificação visa punir de forma mais severa os agressores e proteger as mulheres da violência de gênero.
Brenda tinha o sonho de ser independente e proporcionar um bom futuro para os pais e para a filha – Foto/reprodução: redes sociais
Quem era Brenda Bulhões?
Brenda nasceu no mesmo dia que o irmão, sete anos depois, e a data era sempre comemorada em conjunto. Segundo sua mãe, Elisângela, os dois eram muito unidos e celebravam a vida lado a lado. A ligação entre eles era ‘especial e marcava as celebrações familiares’.
Apesar das ameaças constantes de seu ex-companheiro, Brenda mantinha seus planos de viver intensamente. Elisângela revelou que Brenda estava organizando uma festa – no mesmo domingo em que houve a manifestação – e procurando um lugar para alugar.
Ela era descrita como alguém de emoções intensas. “Se ela estivesse feliz, ela estava feliz demais. Se estivesse triste ou brava, também era demais”, contou Elisângela. Brenda vivia com intensidade, em todos os momentos de sua vida.
Um dos maiores legados de Brenda, segundo sua mãe, foi o amor pela família. Sempre presente, ela procurava reunir os parentes e nunca viajava sozinha, preferindo estar com aqueles que amava.
Caso Brenda Bulhões: Assassinato investigado
Em entrevista exclusiva à VTV, emissora afiliada do SBT na Baixada Santista, a mãe revelou que Brenda vivia um relacionamento conturbado com o ex-companheiro, que teria comportamentos abusivos e obsessivos. Amigos e familiares perceberam a situação e tentaram alertá-la sobre a gravidade.
O relacionamento terminou em setembro deste ano, mas ao invés de trazer alívio, o término apenas desencadeou uma perseguição ainda mais intensa.
Dois dias antes da tragédia, ela compartilhou com Elisângela seu medo de ser morta pelo ex, mas a mãe não acreditava na ameaça iminente.
Mesmo tentando ajudar o ex-companheiro em momentos difíceis, a família não conseguiu impedir o trágico desfecho. O impacto da perda foi ‘devastador para todos’, especialmente para a mãe, que agora se dedica à busca por justiça.
De acordo com a Polícia Civil, ex-companheiro de Brenda é o principal suspeito do crime – Reprodução
Relembre o femicídio de Brenda Bulhões em Guarujá
Brenda foi abordada por um homem de capacete e uniforme de trabalho, cuja identidade ainda não foi confirmada, quando chegava ao ‘Espaço Brenda Bulhões’, seu trabalho, na Rua Pará, às 8h18.
Imagens de câmeras de segurança obtidas pela VTV News mostram o momento em que o criminoso dispara contra ela e foge em seguida. A vítima recebeu pelo menos seis tiros, principalmente nas costas.
Mesmo com manobras de reanimação desferidas pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). A empresária não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Brenda deixou uma filha de 9 anos e o crime é investigado como feminicídio.
Na última segunda-feira (2), a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) oficializou um pedido de prisão preventiva, que foi aceito pela Justiça, mas o suspeito ainda segue foragido há dez dias.
