O gerente de uma unidade da rede de farmácias no bairro Campo Grande, em Santos, foi demitido na última terça-feira (21) após uma denúncia de assédio sexual. A vítima, uma auxiliar de serviços gerais de 26 anos, relatou que o homem abaixou a calça e mostrou seu órgão genital ereto, alegando estar queimado de sol.
A funcionária, que preferiu não ser identificada, detalhou que foi abordada pelo gerente no piso superior da farmácia, onde ficam os banheiros, vestiários e o estoque, no dia 13. O homem se aproximou e, alegando queimaduras de sol, levantou a camisa para mostrar o corpo.
Depois, entrou no banheiro com a porta aberta e, sem aviso, abaixou a calça, exibindo o órgão genital ereto. O gerente ainda pediu para que a situação fosse mantida em segredo. “Eu não tive reação, apenas larguei a vassoura, desci e me tranquei em um banheiro”, relatou a vítima à VTV, emissora afiliada do SBT.
Transferência e suporte psicológico
A vítima também afirmou que o incidente ocorreu em uma área sem câmeras de monitoramento – o que sentiu que dificulturia o processo de comprovação do assédio. Após o ocorrido, a funcionária aguardou que ele deixasse o local para poder terminar o seu trabalho e esperar o final do expediente.
Apesar da demissão do gerente ter ocorrido na última terça-feira (21), a funcionária relatou que o gerente trabalhou normalmente por mais de uma semana após a denúncia. “Fiquei dois dias sem aparecer na farmácia e o RH esperava que eu fosse trabalhar, mas recusei e preferi ser transferida”.
Além da transferência, a vítima recebeu suporte psicológico especializado. Em nota, a farmácia afirmou que a demissão do gerente ocorreu após a conclusão da sindicância interna e explicou que tomou as medidas cabíveis com seriedade e respeito, mas a vítima ainda se sente insegura no ambiente de trabalho.
Providências
O advogado da vítima, Carlos Alberto Comesaña Lago, afirmou ao VTV News que tomará as providências legais cabíveis. Ele explicou que uma ação trabalhista será proposta, pedindo uma indenização, entre outros direitos. A mulher segue trabalhando em outra unidade da farmácia.
“Depois que passa, a gente se sente impotente, porque tem tantas mulheres que se calam e eu tive coragem de falar mesmo sabendo que não tinha câmera. Ia ser a minha palavra contra dele, então, foi complicado, mas graças a Deus a minha família está me dando total apoio. Acho que é isso que está me ajudando”, afirmou.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o caso foi registrado como ato obsceno na Delegacia Eletrônica e encaminhado ao 2º Distrito Policial de Santos. A investigação está em andamento, com diligências em curso para esclarecer os fatos, mas detalhes serão preservados devido à natureza do crime.
Gerente acusado de assédio sexual fez outra vítima em farmácia de Santos
Uma segunda vítima do acusado foi identificada pela reportagem, relatando um incidente semelhante em novembro de 2020, em outra farmácia, no bairro Aparecida. Segundo a ex-funcionária, de 39 anos, o homem a convocou para uma reunião em uma sala sem câmeras de segurança durante o horário de trabalho.
Lá, ele agarrou sua mão e a levou a tocar em suas partes íntimas, além de tocar em seus seios. A vítima, sentindo-se ameaçada, não registrou boletim de ocorrência, mas relatou o caso à administração da farmacia por e-mail, esperando providências. Como resposta, a rede transferiu o funcionário para outra unidade.
Denúncia
Para a delegada Lyvia Bonella, que atua na Delegacia da Mulher em Praia Grande, a solidariedade é imprescindível no ambiente de trabalho. “Os colegas devem prestar apoio uns aos outros para evitar que isso aconteça, mas é importante destacar que a culpa não é da vitima”, afirma.
As vítimas de violência podem denunciar os crimes de diversas formas. “Além do Boletim de Ocorrência (BO) on-line, também podem entrar em contato com o Disque 180, um serviço de denúncia anônima. No entanto, o recomendado é que procurem uma Delegacia da Mulher, onde receberão atendimento especializado e apoio”.