No ar, bombas de efeito moral, cheiro de gás de pimenta, gritos e sirenes. Na calçada, cones e pedaços de vidro. Esse tumulto fez torcedores correrem pelas ruas ao redor da Vila Belmiro na noite desta quinta-feira (1º), após o empate por 1 a 1 entre Santos e Clube de Regatas Brasil (CRB), pela 3ª fase da Copa do Brasil. Após apuração da Reportagem, o VTV News obteve uma série de registros que mostram diferentes momentos e ângulos da todo o tumulto.
O caso teve início pouco após o apito final. Nas proximidades do Estádio Urbano Caldeira, em Santos, na Baixada Santista, torcedores descontentes com o desempenho do time tentaram invadir o local. Conforme apurado, a polícia reagiu usando bombas para dispersar os grupos que se acumulavam nas calçadas.
De acordo com testemunhas, a tentativa de invasão tinha como alvo os vestiários do Santos – acessados pela sala de imprensa. O estudante de Jornalismo Gabriel Dias, de 21 anos, que estava no Estádio, relatou ao VTV News momentos de tensão e um cenário caótico.
“Começaram a lançar bombas quando íamos para a coletiva. Ficamos no setor de imprensa até a situação acalmar, só saímos duas horas depois, por volta das 22h”, disse. Imagens mostram momentos do confronto.
Jogo do Santos termina com confronto nos arredores da Vila Belmiro
Para Gabriel, a situação do Santos Futebol Clube, tanto em campo quanto nos bastidores, tem gerado revolta entre os torcedores. “No decorrer da semana teve a invasão do CT [Rei Pelé]. O Santos vem passando por uma fase muito ruim e, apesar das promessas de renovação, nada mudou em comparação à temporada de 2024”.
Atualmente na penúltima posição do Campeonato Brasileiro, o time amarga uma sequência de resultados negativos, com apenas uma vitória, um empate e quatro derrotas. Assim, a torcida, insatisfeita, tem intensificado os protestos desde o jogo perdido contra o Bragantino, ocorrido no último domingo (27), por 2 a 1.
Na última partida, segundo o estudante, as manifestações começaram ainda no primeiro tempo da partida, com vaias e cobranças mais contundentes após o empate por 1 a 1. Entretanto, a crise também é percebida fora do campo. Gabriel, porém, afirmou que as declarações de diretores revelam ‘falta de preparo e desorganização’.
Mesmo após o término da confusão, a saída do estádio foi demorada. “Só conseguimos sair cerca de duas horas depois do fim da partida”, destacou Gabriel. Ele também mencionou que a polícia já fazia a escolta do ônibus do time, mas ressaltou que, apesar do caos, conseguiu deixar o local sem incidentes graças ao ‘forte policiamento‘.
Vereador de Santos quebra vidro para escapar de confusão na Vila Belmiro
Durante a confusão, um vidro foi quebrado entre a área da cativa e as arquibancadas das torcidas organizadas. O vereador Lincoln Reis (PODEMOS), que acompanhava a partida no local, afirmou ter quebrado o vidro para garantir a segurança de sua família. Segundo ele, a medida foi tomada em um momento de desespero.
Em entrevista à VTV, afiliada do SBT, Reis reconheceu o dano causado e se comprometeu publicamente a arcar com os prejuízos. Ele reforçou que pensou em mulheres, crianças e idosos presentes na área. “Não pensaria duas vezes. Era a vida das pessoas que estava em jogo”, afirmou o parlamentar, que prometeu uma reparação formal.
O vereador também aproveitou para fazer críticas ao esquema de segurança do estádio, destacando a necessidade de revisão dos protocolos. Ele apontou falhas na tomada de decisões durante a crise e defendeu a abertura de áreas seguras para o público em situações de risco.
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“A segurança precisa proteger, não apenas seguir ordens”, concluiu.
Após protestos, presidente do Santos pede tempo e paciência para torcedores
Em nota oficial, o presidente Marcelo Teixeira, pediu equilíbrio nas críticas ao atual momento do time. Afirmou que entende as cobranças da torcida, mas reforçou que devem ocorrer de forma organizada e pelos canais corretos. Segundo Teixeira, o clube está em uma fase de reconstrução que ainda demandará tempo e paciência.
O dirigente destacou que houve avanços desde a campanha de acesso à Série A, mas reconheceu que o processo é longo. Ele afirmou que a retomada do protagonismo no futebol brasileiro exige resiliência de todos os que amam o Santos. “Não vai acontecer da noite para o dia”, disse o presidente.
Teixeira também comentou a chegada do novo técnico, com vasta experiência em comissões técnicas e participações em Copas do Mundo. A diretoria acredita que ele tem o perfil ideal para conduzir a reconstrução dentro de campo. O clube pediu à torcida um voto de confiança e apoio ao trabalho do treinador.
Por fim, o presidente reforçou a importância da união e da paixão da torcida neste momento de transição. Disse acreditar que os objetivos serão alcançados com esforço, transparência e responsabilidade. “Seguimos firmes para devolver ao Santos a grandeza que ele representa para o futebol brasileiro”, concluiu.
Torcida do Santos invade CT para cobrar jogadores; relembre
Membros de uma torcida organizada invadiram o Centro de Treinamento (CT) Rei Pelé em protesto contra a má fase do time no Brasileirão. O grupo entrou por um portão destrancado e foi ao campo principal, onde atletas do elenco profissional treinavam, para realizar cobranças diretas à diretoria, comissão técnica e jogadores.
Os torcedores exigiram postura mais competitiva da equipe e pressionaram por ações imediatas da diretoria, incluindo a contratação de um novo técnico, na última segunda-feira (27). Entretanto, a organizada garantiu que não cometeu atos de violência durante a manifestação, apesar das críticas contundentes.
Em nota, a Torcida Jovem pediu uma atuação mais efetiva da diretoria. “Cobramos um trabalho sólido e ágil de Pedro Martins e da Diretoria do clube pela contratação de um técnico para o Santos”. Contudo, ninguém foi preso.