Todos os dias, milhões de pessoas ao redor do mundo enfrentam o desafio de serem quem realmente são. Para a comunidade LGBTQIAPN+, essa realidade é parte de uma vida inteira marcada por desafios e conquistas, porém, mais do que um grupo social, trata-se de um movimento colorido que busca respeito, igualdade e dignidade.
É que a diversidade humana é tão ampla, envolvente e complexa quanto um arco-íris – e a comunidade LGBTQIAPN+ faz parte disso, já que é formada por pessoas que fogem dos padrões tradicionais.
Ativistas acreditam que saber mais sobre a comunidade LGBTQIAPN+ é perceber que ela sempre existiu, mesmo antes de ter um nome ou estrutura bem definida. Para entender essa história cheia de evolução, continue a leitura e saiba como o grupo tem carregado histórias profundas de luta, resistência e, sobretudo, amor.
O que é a comunidade LGBTQIAPN+?
A comunidade LGBTQIAPN+ é composta por pessoas que vivenciam a sexualidade e o gênero de formas que contrariam as normas impostas pela sociedade. O principal foco é celebrar diversidade e promover respeito a vivências além dos padrões tradicionalmente considerados “normais” ou “naturais” pela visão heteronormativa.
Ela abrange orientações sexuais diversas – atração sexual, romântica ou afetiva que uma pessoa sente por outras pessoas -, como é o caso de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, pansexuais e assexuais. Porém, nem todos da comunidade são atraídos pelo mesmo gênero; há, também, heterossexuais na sigla LGBTQIAPN+.
Como? Isso porque há uma diferença entre orientação sexual e identidade de gênero. Identidade de gênero está relacionada à forma como uma pessoa se reconhece internamente, seja como homem, mulher ou outro gênero, independentemente do sexo atribuído ao nascer.
Quando a identidade de gênero de alguém não corresponde ao sexo atribuído no nascimento, essa pessoa se entende como transgênero. Já a forma como essa identidade é expressa no mundo, seja por meio de vestimentas, comportamento, aparência ou outros sinais, é chamada de expressão de gênero. Desta forma, pessoas trans podem ser heterossexuais. E, portanto, a orientação também pode fazer parte da sigla.
Qual é o objetivo da comunidade?
A comunidade LGBTQIAPN+ também se configura como um movimento social, voltado para a promoção da igualdade de direitos e o combate à discriminação. Entre suas principais pautas está a luta pela criminalização da LGBTfobia, uma forma de violência que atinge diretamente a vida dessas pessoas.
Outra frente de atuação é o enfrentamento a práticas prejudiciais, como os chamados “tratamentos de cura gay“, e a exclusão das identidades trans da classificação como patologias. O movimento também busca assegurar direitos civis fundamentais, como o casamento igualitário e a adoção por casais homoafetivos.
Além disso, defende a laicidade do Estado, combatendo a influência religiosa em políticas públicas, e luta por maior representatividade LGBTQIAPN+ na mídia, promovendo narrativas positivas e desconstruindo estereótipos negativos. O movimento é, acima de tudo, uma busca por respeito, justiça e equidade para todos.
Como se formou a comunidade LGBTQIAPN+? Conheça a história
Os primeiros registros de relacionamentos homoafetivos [entre indivíduos do mesmo sexo] são de 1200 a.C., em várias civilizações antigas, conforme indicam historiadores. No entanto, foi no século XII que surgiu a criminalização sob Gengis Khan, com pena de morte para “sodomia”. No Ocidente, leis como o Buggery Act (1533) impunham julgamentos e punições extremas via tribunais eclesiásticos.
Tornando-se aos poucos um problema histórico, diversas eras viram perseguição sistemática: nazistas enviaram pessoas LGBTQIAPN+ a campos de extermínio e impuseram torturas, castrações e a “cura gay”, tentativa de tratar ou alterar a orientação sexual de uma pessoa. Até 1960, ser homossexual era crime em quase todos os estados dos EUA, como o caso de Alan Turing, castrado quimicamente em 1952.
Ainda hoje, em mais de 73 países, relações LGBTQIAPN+ podem ser punidas, inclusive com pena de morte. O que marcou o início de uma mobilização moderna, porém, foi a Rebelião de Stonewall (1969), em Nova York, com seis dias de resistência contra batidas policiais em bares gays. Desse levante saíram organizações como Gay Liberation Front e Gay Activists Alliance, e ativistas trans como Marsha P. Johnson se destacaram na luta.
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No Brasil, o movimento LGBT floresceu durante a Ditadura Militar (1964–1985), com jornais independentes como Lampião da Esquina (1978) denunciando violência. Em 1981, o ChanacomChana, pioneiro de temática lésbica, gerou o “Stonewall brasileiro” ao ser proibido e depois liberado em 1983. Desde então, o dia 19 de agosto é celebrado como Dia do Orgulho Lésbico em São Paulo.

Entenda o que significa cada letra da sigla LGBTQIAPN+
L — Lésbicas: mulheres que gostam de outras mulheres.
G — Gays: homens que gostam de outros homens.
B — Bissexuais: pessoas que gostam de mais de um gênero (por exemplo, homens e mulheres).
T — Transgêneros: pessoas que não se sentem bem com o gênero que receberam ao nascer e vivem com outro gênero. Isso inclui também as travestis, que vivem com aparência e identidade feminina.
Q — Queer: pessoas que não seguem as regras tradicionais de gênero ou sexualidade. Inclui quem gosta de se expressar de forma diferente, como drag queens.
I — Intersexo: pessoas que nascem com corpo (como órgãos sexuais ou hormônios) que não se encaixam totalmente em “masculino” ou “feminino”.
A — Assexuais, agênero ou arromânticos: pessoas que não sentem atração sexual, romântica ou não se identificam com nenhum gênero.
P — Pansexuais e polissexuais: pessoas que gostam de outras pessoas, não importa o gênero ou a identidade delas.
N — Não-binários: pessoas que não se veem como homem ou mulher, ou se veem como os dois.
+ — Mais: representa outras identidades e orientações que também fazem parte da diversidade, como gênero fluido.
