O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu por videoconferência com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta segunda-feira (6), em meio à crise diplomática provocada pela imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. O encontro virtual teve duração aproximada de meia hora e ocorre num dos momentos mais tensos das relações entre os dois países nos últimos anos.
A conversa acontece semanas após o breve encontro entre os dois chefes de Estado durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Na ocasião, Trump havia mencionado o desejo de manter diálogo com Lula e classificou a relação entre ambos como uma “excelente química” (relembre o momento).

Tensão comercial e política
A nova rodada de diálogo ocorre em cenário marcado por sanções unilaterais dos EUA contra exportações brasileiras e por medidas de retaliação simbólica, como a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A legislação foi usada para sancionar autoridades por supostas violações a direitos humanos, o que gerou reação do governo brasileiro.
Além das barreiras econômicas, a relação bilateral tem sido marcada por atritos políticos. Trump se manifestou em diversas ocasiões a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado ideológico.
No episódio mais recente, criticou o julgamento do brasileiro pela tentativa de golpe de Estado em 2022, afirmando que Bolsonaro é alvo de “perseguição” e de “caça às bruxas”. “Deixem Bolsonaro em paz!”, publicou o norte-americano em julho, em sua rede Truth Social.

Comparações entre invasões e defesa da soberania
Lula, por sua vez, tem respondido às manifestações de Trump com declarações em defesa da soberania brasileira e da autonomia das instituições. O presidente brasileiro já comparou, mais de uma vez, a atuação de Trump no ataque ao Capitólio em 2021 com a de Bolsonaro durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Nas palavras de Lula, “se Trump estivesse no Brasil, também estaria sendo julgado por tentativa de golpe”.